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Adeus a Zé Celso, o revolucionário do teatro

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Nesta quinta-feira (6), a dramaturgia brasileira perdeu um de seus mais importantes nomes. José Celso Martinez Corrêa morreu depois de um incêndio em seu apartamento em São Paulo, onde vivia com o marido, o ator Marcelo Drummond – com quem mantinha um relacionamento de quase 40 anos, cujo último ato foi a cerimônia de casamento um mês atrás. No Teatro Oficina, fundado em 1958, Zé Celso escreveu, adaptou e dirigiu peças que entraram para a história da cultura brasileira e que formaram artistas ao longo de seis décadas. Para dimensionar o tamanho da história e da contribuição do artista ao Brasil, Natuza Nery ouve Pascoal da Conceição, ator, diretor e produtor cultural que começou a carreira no Teatro Oficina e que era amigo íntimo de Zé Celso. Neste episódio: - Pascoal conta quais eram os planos profissionais do dramaturgo: a adaptação do livro "A Queda do Céu", com pensamentos do xamã yanomami Davi Kopenawa, para uma peça que seria exibida em comunhão com a natureza no parque do Teatro Oficina. “Ele anunciou que este seria o trabalho mais importante da vida dele”, relata; - O ator comenta as qualidades de Zé Celso como diretor de teatro: “Ele faz trabalhos coletivos e tem a capacidade de catalisar o trabalho de muita gente”. E recorda como as atuações que fez na TV como Dr. Abobrinha, do Castelo Ra-Tim-Bum, e no teatro com Hamlet tiveram influência de sua direção. “Ele falava que não existe atuação no particular, ela é sempre pública”, lembra; - Ele também detalha a história do Teatro Oficina, alvo de censura e perseguições pela repressão da ditadura militar: atores e atrizes foram agredidos e houve até um incêndio criminoso. E, mais recentemente, a tentativa do dramaturgo em comprar o terreno – que está em disputa judicial com o Grupo Silvio Santos. “Ele foi até o Banco Central e disse: que economia você quer pro Brasil, a dos que fazem teatro ou carnê?”, conta; - Por fim, Pascoal recupera a ideia de Zé Celso que “não somos drama, somos tragédia” para explicar sua morte. E justifica porque ele tinha o apelido de ‘fênix’. “É obrigado a levantar e sair à luta, sair pra vida”, conclui.

A ofensiva histórica de Israel na Cisjordânia

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O saldo da maior operação militar israelense em duas décadas, na região de Jenin, foi de 12 mortos, dezenas de feridos e uma retaliação violenta de um integrante do grupo radical Hamas em Tel Aviv. O novo e sangrento capítulo da tensão histórica foi engatilhado quando o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou a construção de novos assentamentos em território reivindicado pela Autoridade Palestina. Para explicar o cenário do conflito, Natuza Nery recebe Guga Chacra, comentarista da Globo e da GloboNews em Nova York e colunista do jornal O Globo. Neste episódio: - Guga descreve o que é a Cisjordânia, a composição de sua população e como seu território está dividido atualmente: Israel controla 60% e é responsável pela administração e controle militar; e apenas 18%, separados em agrupamentos “ilhados”, está completamente sob domínio palestino. “Isso inviabiliza completamente a possibilidade de um Estado palestino ali”, afirma; - Ele explica como o governo de Netanyahu se aliou aos setores da extrema-direita e se tornou o “mais radical de todos os tempos” em Israel. E como, do outro lado, a liderança da Autoridade Palestina é “incompetente e enfraquecida” e vê partes do território submetidas ao Hamas; - O jornalista avalia quais são as perspectivas reais para a resolução do conflito. “Sou do grupo dos céticos”, afirma. Para ele, na prática, há dois caminhos: a manutenção do status quo ou a criação de um Estado palestino. “Israel já decidiu que quer o status quo, mas pros palestinos é uma situação insustentável”, conclui;

A diferença de salário entre homens e mulheres

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A legislação trabalhista determina igualdade de condições e remuneração independentemente do gênero, mas a realidade aponta que mulheres ainda recebem, em média, salários 30% menores que os homens na mesma função. Agora, a nova lei para paridade de gênero, sancionada pelo presidente Lula (PT) na segunda-feira (3), estabelece critérios objetivos a serem cumpridos pelas empresas e até o pagamento de multa equivalente a 10 vezes o salário da profissional discriminada. Para explicar a nova regra e propor soluções para o problema ainda mais complexo das condições de trabalho e carreira de mulheres, Natuza Nery conversa com a procuradora Danielle Olivares, vice coordenadora nacional de promoção de igualdade de oportunidades do Ministério Público do Trabalho, e Carmen Migueles, professora e pesquisadora da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV-RJ. Neste episódio: - Danielle detalha as regras da nova lei: das obrigações das empresas à aplicação de penalidades e multas. “Ela traz possibilidade efetiva de corrigir as distorções entre a remuneração de homens e mulheres”, afirma; - Ela avalia que a nova lei trará benefícios ao exigir das empresas plano de ação do porquê da distorção salarial de gênero e da discrepância entre homens e mulheres nos cargos de gerência e diretoria. “É um grande passo no combate à discriminação”, resume; - Carmen informa que a massa salarial feminina é, em média, 30% menor do que a masculina. Entre as causas estão a “difícil questão da preferência das mulheres por empregos menos remunerados” e a “dupla jornada” de trabalho remunerado e de cuidado doméstico - que atingem a todas as classes sociais: “De um lado, mulheres desistem de se candidatar a cargos de diretoria; de outro, aceitam empregos de baixa remuneração”; - Ela aponta a “correlação direta entre a falta de suporte para a mãe que trabalha e a pobreza no Brasil e no mundo”. Para reverter isso, sugere a criação de creches 24 horas para crianças e idosos e de “redes de fraternidade feminina”.

Reforma tributária – como ela afeta sua vida

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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL-AL), iniciou a semana com a promessa de pautar até sexta-feira (7) a votação em plenário da mais aguardada reforma do sistema econômico brasileiro. O texto negociado entre o Ministério da Fazenda, sob comando de Fernando Haddad (PT), e o grupo de Lira na Câmara, tem como principal objetivo a simplificação do sistema de impostos pela via da criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Para explicar o novo modelo e esclarecer quem é contra e quem é a favor, Natuza Nery conversa com Manoel Ventura, repórter do jornal O Globo, em Brasília. Neste episódio: - Manoel conta por que o andamento da reforma na Câmara “ganhou tração” nos últimos meses: a busca por protagonismo de Lira e o empenho dos ministros da Fazenda e do Planejamento pela pauta. “É uma reforma muito importante para reduzir a complexidade do sistema tributário brasileiro, e possibilitar atração de investimentos”, afirma; - O jornalista descreve de que modo o IVA deve ser aplicado: será dividido em dois, um federal e outro estadual. “A peculiaridade é que a alíquota deve ser a mesma [para todos os estados; hoje, cada um aplica a sua de modo independente]”, afirma – a mudança desagrada governadores; - Ele exemplifica com os casos do bombom, perfume e sorvete as distorções do sistema tributário brasileiro – resultado de lobby setorial e de estratégias do governo para incentivo de determinados produtos. No texto da reforma, sabe-se que “serviços de educação e saúde terão alíquotas 50% menores que a alíquota geral”; - Manoel esclarece a introdução do ‘cashback’ para os consumidores de baixa renda e dependentes de programas sociais, como o Bolsa Família: “Assim, focaliza-se a política pública”.

O Brasil na Copa e o futuro do futebol feminino

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Nesta segunda-feira (3), a seleção que vai representar o país na Copa do Mundo embarca rumo ao mundial. Entre os dias 20 de julho e 20 de agosto, as 23 escolhidas de Pia Sundhage, técnica da seleção, disputarão a Copa na Austrália e na Nova Zelândia: um plantel com número recorde de novatas e que tem também a maior artilheira da história do torneio, a “Rainha” Marta. Para analisar as chances do Brasil na Copa e contextualizar o momento do futebol feminino no país, Natuza Nery conversa com Renata Mendonça, comentarista de futebol da Globo. Neste episódio: - Renata avalia as condições reais da seleção no mundial. O Brasil hoje ocupa a 8ª colocação no ranking da Fifa e vê as equipes dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Alemanha e da Suécia à frente. Ela diz, no entanto, que “dá para nos animarmos” com um bom resultado; - A jornalista analisa a importância de Marta – que está em sua sexta Copa do Mundo – para o desenvolvimento do futebol feminino: “Quando se fala de futebol no Brasil, precisa falar de Pelé. E de futebol feminino, de Marta”, afirma. Para Renata, a participação de Marta no grupo, bastante renovado em relação ao último mundial, “representa a transformação” do esporte; - Renata questiona a resistência de clubes e organizações em relação ao futebol feminino. E acredita que a Copa pode colocar a Seleção, e o esporte, “na vida das pessoas”. “A bola de futebol pode fazer parte da vida de meninos e meninas igualmente. É a mudança real”, conclui.

EXTRA: Bolsonaro inelegível e o futuro bolsonarista

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Por 5 votos a 2, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral condenaram o ex-presidente pela prática de abuso de poder político e pelo uso indevido de meios de comunicação nas eleições de 2022. Desse modo, Bolsonaro (PL) fica inelegível para qualquer cargo público por 8 anos. No TSE ainda tramitam mais 15 processos contra ele – que avalia recorrer ao Supremo Tribunal Federal. Para explicar o que acontece agora no campo político bolsonarista e as perspectivas para as próximas eleições, Natuza Nery ouve o cientista político e filósofo Marcos Nobre, professor do departamento de Filosofia da Unicamp, pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e autor do livro “Limites da democracia: de junho de 2013 ao governo Bolsonaro”. Neste episódio: - Marcos Nobre avalia que o “bolsonarismo continuará operando porque é, sobretudo, uma organização digital”. Para ele, “o partido digital bolsonarista” deve continuar em atividade latente até as próximas eleições presidenciais, quando buscará “protagonismo político” e “hegemonia sobre a direita e a extrema-direita"; - Ele também aponta o sucesso da união entre este partido digital e o PL, legenda tradicional do Centrão, na eleição de 2022 – e como ela deve se manter. Para Marcos, Bolsonaro vai promover uma “guerrilha subterrânea” nessa aliança para manter sua influência e poder de decisão nas disputas eleitorais; - O analista político pondera que, mesmo com 25% da preferência do eleitorado, será difícil o ex-presidente fazer uma transferência direta de votos. “O bolsonarismo só vai conseguir funcionar ao criar um inimigo, e o inimigo será o governo Lula”, afirma. Mas Bolsonaro será um “grande cabo eleitoral”; - Marcos afirma que Bolsonaro tentará emplacar a imagem de “vítima do sistema” como uma comprovação de que sofre perseguição política e como modo de “reagrupar suas tropas”. “A luta contra o autoritarismo é uma luta de anos e não será resolvida rapidamente agora”, conclui o filósofo.

O recorde de 110 milhões de refugiados

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No Aeroporto Internacional de Guarulhos, um grupo de 200 afegãos passou dias acampado esperando acolhimento – o Ministério da Justiça resolveu abrigá-los em hotéis provisoriamente. Do outro lado do Oceano Atlântico acumulam-se naufrágios de embarcações com imigrantes da África e do Oriente Médio rumo à Europa – o número de mortos já passa de mil só em 2023. Resultado de guerras, fome, problemas climáticos e perseguições étnicas, religiosas e de identidade. Neste cenário, o mundo registra o maior número de refugiados da história. Para explicar as razões do fluxo inédito de pessoas entre países, Natuza Nery conversa com Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) para a América do Sul. - Godinho justifica a crescente procura pelo Brasil como destino de refúgio por “sua liderança regional consolidada e sua legislação muito avançada”. “O país tem imagem de aberto e onde pessoas podem encontrar a proteção que necessitam”, afirma; - Ele também comenta o crescimento no número global de refugiados – os principais motivos são guerras, conflitos e perseguições; insegurança alimentar e mudanças climáticas também são relevantes. “Crises que se sobrepõem umas às outras”, diz; - O porta-voz da Acnur analisa as possíveis soluções para garantir segurança jurídica e mesmo física para que as pessoas possam chegar a seus destinos. “Muitas dessas pessoas são vítimas de crimes organizados de tráfico de pessoas”, alerta; - Godinho esclarece que a decisão de deixar um país é uma “situação extrema que ninguém quer passar” e que a maioria das pessoas gostaria de voltar para suas casas. Mas, segundo ele, são necessárias "várias condições para que as pessoas possam retornar”, pondera.

Censo: o impacto de a população crescer menos

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O Brasil conheceu, depois de 12 anos, a resposta para a pergunta: quantos somos? Depois de ser adiado por dois anos devido à pandemia e a problemas orçamentários, o Censo foi realizado apenas em 2022 – e teve alguns de seus dados divulgados nesta quarta-feira (28) pelo IBGE. A descoberta mais importante é a contagem de habitantes: somos 203 milhões de brasileiros, um número quase 5 milhões abaixo das estimativas. Para explicar o que isso significa e destrinchar os dados disponíveis, Natuza Nery entrevista Suzana Cavenaghi, doutora em demografia pela Universidade do Texas (EUA) e ex-coordenadora, professora e pesquisadora da pós-graduação da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. Neste episódio: - Suzana chama a atenção para a menor taxa de crescimento populacional em 150 anos: “Daqui a pouco precisamos chamar de [taxa de] variação, porque ela vai ficar até negativa”. E projeta que já na próxima década não só o crescimento vai ser reduzido como a população total irá diminuir. “Vamos ter que ajustar a economia, a educação, o mercado de trabalho e o acesso à saúde”, reforça; - Ela lamenta o “péssimo trabalho” feito pelo país nas últimas décadas de bônus demográfico. E aponta dois motivos: mercado de trabalho incapaz de absorver toda força produtiva e falta de investimento adequado para a educação. “O problema é que se passarmos a ser um país envelhecido antes de dar um salto à renda alta, nunca mais vamos conseguir isso”, afirma; - A demógrafa comenta o baixo índice de resposta ao questionário do IBGE, um fenômeno que se repete em todo o mundo e demonstra a “exaustão das pessoas” em atender pesquisas. “Falta consciência de cidadania”, avalia. “[Responder] ajuda o país a se conhecer e a garantir o bom uso dos recursos públicos”.

O agronegócio e o desafio da sustentabilidade

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O Plano Safra para o biênio 2023-2024 foi lançado nesta terça-feira (27) e terá o maior valor já investido da história: estão previstos R$ 364 bilhões em créditos rurais para médios e grandes produtores. E além do recorde de recursos financeiros – houve um acréscimo de 27% em relação à última edição – o plano prevê novidades em relação aos critérios ambientais com o objetivo de expandir a agricultura de baixo carbono. Para analisar o status atual da relação entre o agronegócio e as pautas sustentáveis, Natuza Nery entrevista Marcelo Morandi, ex-chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, e Roberto Rodrigues, professor emérito e coordenador do Centro de Agronegócios da FGV-SP e ministro da Agricultura entre 2003 e 2006. Neste episódio: - Marcelo comenta a importância de empregar técnicas sustentáveis para a produção de comida e para garantir a segurança alimentar da população brasileira. Ele afirma que “há conhecimento científico” suficiente para crescer a produção de forma sustentável - e que o Plano Safra pode garantir o crédito para isso; - Ele também destaca quais são as principais tecnologias que garantiram ao Brasil o cumprimento da meta de emissão de carbono no ciclo de 2010 a 2020. Agora, na segunda fase de metas, o país terá que alcançar um objetivo cinco vezes maior: “Está de acordo com as ambições do Brasil nos acordos internacionais”; - Roberto detalha a cadeia produtiva do agronegócio no Brasil e afirma que apenas 2% de todo o desmatamento é feito por agricultores; os 98% restantes são “aventureiros e criminosos”. Mas que, para conquistar os mercados internacionais, é preciso “eliminar todas as ilegalidades” para se sobrepor às barreiras tarifárias ambientais; - O ex-ministro afirma que, ao agro, cabe apenas “trabalhar de acordo com a lei”; a fiscalização cabe exclusivamente ao governo. “Por outro lado, a sociedade como um todo não pode eleger quem não trabalha contra as ilegalidades”, conclui.

A rebelião que desafiou o poder de Putin

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Desde as primeiras ações da invasão russa na Ucrânia, o exército de Moscou tem o apoio do grupo armado de mercenários Wagner – nome que faz referência ao compositor favorito de Adolf Hitler. Nos últimos dias, o chefe do grupo, Yevgeny Prigozhin, anunciou um motim contra as lideranças militares do Kremlin e prometeu uma campanha em direção a Moscou. A ofensiva do até então aliado de Putin foi interrompida com a promessa do governo russo de anistiar os soltados e lideranças que aderiram ao motim, mas não sem consequências para a imagem de Putin. Para explicar os impactos dessa rebelião na política russa e no conflito contra a Ucrânia, Natuza Nery conversa com Tanguy Baghdadi, professor de Política Internacional na Universidade Veiga de Almeida e fundador do podcast Petit Journal . Neste episódio: - Tanguy descreve quem é Prigozhin, suas relações com o alto poder de Moscou e como ele ascendeu até o comando do Grupo Wagner. “Ele fez parece que invadir a Rússia não era tão difícil assim”, afirma; - O professor comenta a situação atual de Putin diante da opinião pública interna e da comunidade internacional: “Pela primeira vez em mais de 20 anos, Putin parece não ser mais intocável”. Mas aposta que o líder russo não vai “cruzar os braços” e que irá trabalhar para reocupar seu status e “esmagar” os opositores; - Tanguy também analisa como Prigozhin tenta se colocar como um dos mais importantes atores na política russa, mas sem bater de frente com Putin – que tem toda a máquina de Estado a seu favor e é muito popular. “Pela primeira vez, se fala sobre a sucessão de Putin. E Prigozhin sente o cheiro da oportunidade”, conclui.

Câncer: a terapia revolucionária que cura

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Paulo Pelegrino tem 61 anos, e viveu os últimos 13 sob contínuos tratamentos para se livrar do câncer. Em 2023, conseguiu. Durante 1 mês, Paulo foi submetido a uma terapia experimental que está sendo desenvolvida e aplicada no Brasil pela USP, em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto. Trata-se da CAR-T Cell, tecnologia celular aplicada em alguns pacientes na Europa e nos EUA - lá, o tratamento custa cerca de R$ 2 milhões; aqui, o SUS irá disponibilizá-la gratuitamente assim que for aprovada pela Anvisa. Paulo relata a Natuza Nery o que ele passou nos últimos anos. Participa também o médico Dimas Covas, diretor do Hemocentro de Ribeirão Preto, professor da USP na mesma cidade e coordenador do Centro de Terapia Celular da instituição. Neste episódio: - Paulo conta o que sentiu ao ver as imagens de seus exames antes e depois da terapia: a primeira mostra um corpo tomado por tumores, e a segunda “era como se tivessem passado uma borracha naquilo”. “A ficha não caiu ainda”, celebra; - Para Paulo, o desfecho de sua história é uma “ressureição”. Ele diz se sentir “envaidecido” de ter sido um dos 14 pacientes cobaia deste experimento, realizado gratuitamente pelo SUS e que devolve às pessoas “a crença na ciência e a esperança na cura”; - Dimas Covas explica o que é a terapia CAR-T Cell e descreve seu funcionamento: as células T do paciente são extraídas e, no laboratório, são modificadas geneticamente para perseguirem e atacarem as células cancerígenas. De volta ao corpo, ele afirma, “essas células conseguem em 15 a 20 dias destruírem completamente o tumor”; - Ele anuncia que “o próximo desafio é levar o tratamento aos pacientes do SUS”. Para isso, o primeiro passo é registrar a terapia na Anvisa e, depois, “em um prazo máximo de um ano e alguns meses” poderemos ver este tratamento disponibilizado no SUS. “O CAR-T Cell será a nova fronteira do tratamento de câncer em geral”, conclui.

A implosão do submersível rumo ao Titanic

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Cerca de 1 hora e 45 minutos depois de submergirem no Oceano Atlântico, os cinco passageiros que desciam ao fundo do mar para ver os destroços da mais famosa embarcação do mundo perderam o contato com a base. Eles estavam dentro da cápsula Titan, com 6,5 metros de altura e 3 metros de largura - uma estrutura modesta controlada por um joystick de videogame. A busca pela embarcação mobilizou equipamentos de vários países e atraiu a atenção do mundo. Na manhã desta quinta-feira (22), chegou-se ao desfecho: o submersível implodiu, e todos os passageiros morreram. Para explicar toda essa história, Natuza Nery conversa com Candice Carvalho, correspondente da Globo que fala direto de Boston, onde a Guarda Costeira americana coordenava as buscas, e com o médico Camilo Saraiva, especialista em medicina do mergulho e diretor médico da Divers Alert Network. Nesse episódio: - Candice relata toda a operação de buscas até a confirmação da implosão do submersível: “Era o que as autoridades temiam desde o início”. Isso porque, a despeito de aspectos amadores de seu padrão de segurança, o Titan tinha sete planos de emergência para salvar os passageiros. “Mas em caso de implosão, não tem o que fazer”; - A jornalista descreve os desafios que as equipes de busca enfrentaram: ondas de 2 metros de altura e ventos fortes em um dos lugares mais inóspitos do Oceano Atlântico, a 600 km da costa canadense; tudo isso numa profundidade de 3.800 metros. “Poucos equipamentos no mundo chegam a uma profundidade tão grande porque a pressão da água é enorme”, afirma; - Camilo explica o que acontece no corpo humano ao ser submetido a diferentes intensidades de pressão em ambiente aquático. “No caso do submarino, a pressão é quase 400 vezes maior que na superfície da praia”, esclarece; - Ele descreve o que provavelmente aconteceu com o equipamento, de acordo com as informações da Guarda Costeira americana: “Ele cedeu à pressão bruscamente e foi implodido pela força da água”, conclui.

Bolsonaro julgado no TSE: risco da inelegibilidade

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A partir desta quarta-feira (22), o ministro do Tribunal Superior Eleitoral Benedito Gonçalves, relator da ação, iniciará a leitura de seu voto. Ele será o primeiro dos 7 ministros a decidir o futuro político de Bolsonaro, que corre o risco de ficar até 2030 impedido de disputar eleições. O TSE analisa o episódio no qual o ex-presidente convocou embaixadores para, sem provas, denunciar o processo eleitoral brasileiro e questionar a lisura da urna eletrônica. Para explicar o processo judicial e os argumentos de acusação e defesa, Natuza Nery conversa com Fernanda Vivas, produtora da TV Globo em Brasília especialista no Judiciário, e Oscar Vilhena, professor de direito na FGV-SP e autor do livro “Constituição e sua reserva de Justiça”. Neste episódio: - Fernanda descreve o mérito da ação que será analisada pelos ministros do TSE: abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. “Se analisares que a ação procede, Bolsonaro fica inelegível”; - A jornalista também menciona os diversos processos que tramitam no Supremo contra o ex-presidente. “São ações de ordem criminal e foram enviadas às instâncias inferiores, agora que Bolsonaro não tem mais foro privilegiado”, explica - são esses casos que podem até levá-lo à prisão; - Oscar destaca a “peculiaridade” da situação enfrentada por Bolsonaro, que teve processos contra ele represados pela inação da PGR e da Câmara. “Agora esses processos têm o devido procedimento”, afirma; - Ele analisa o funcionamento da justiça eleitoral e sua “jurisprudência robusta” contra abuso de poder econômico e abuso de poder político: “O que não tínhamos era abuso de poder para conspirar contra o próprio processo democrático”. E, caso confirmada a inelegibilidade do ex-presidente, Oscar entende que o tribunal “sinaliza para o futuro que novas conspirações não serão toleradas”.

El Niño - como evitar a catástrofe climática

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O inverno no hemisfério sul começa nesta quarta-feira (21), e este ano ele será muito mais quente que o normal. Resultado do fenômeno El Niño, que deve alterar profundamente o regime de chuvas e pode elevar a temperatura em até 2,5°C - o que configuraria um raro “Super El Niño”. Para entender as consequências do fenômeno e o que fazer para mitigar seus danos, Natuza Nery entrevista Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e integrante do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. Neste episódio: - Paulo Artaxo detalha o que é o fenômeno, e como ele impacta as temperaturas e, principalmente, o ciclo hidrológico do planeta. Devido ao aquecimento anormal das águas dos oceanos, informa, este ano deve ter “aquilo que a gente chama de Super El Niño”, com efeito na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos; - O professor detalha o mecanismo de como o El Niño age sobre o território brasileiro: “Ele faz com que massas de ar mais secas cheguem ao Nordeste, e massas de ar com mais umidade cheguem ao Sul”. Assim, haverá menos precipitações na Amazônia e no Cerrado e chuvas torrenciais no Sul, em ambos os casos com “danos socioeconômicos”; - Artaxo destaca “uma das várias vulnerabilidades do Brasil em relação às mudanças climáticas”: uma economia muito dependente de uma única atividade, o agronegócio - setor que terá impacto negativo na produtividade; - O cientista recorda que há mais de 50 anos já se alerta sobre os riscos das mudanças climáticas, “mas os governos não agiram e, hoje, há impactos no mundo todo”. Para remediar isso, ele afirma, é preciso reduzir a emissão de carbono (com foco em zerar desmatamento e reduzir o uso de combustíveis fósseis) e se adaptar ao novo clima, nas cidades e na agricultura.

Juros altos e a pressão sobre o Copom

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A partir desta terça-feira (20), o Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne mais uma vez para decidir a taxa básica de juros. A decisão sai na quarta-feira (21), e a expectativa do mercado é de que ela seja mantida em 13,75%, o maior patamar em 6 anos e meio. O ciclo de queda deve começar somente a partir da reunião de agosto. Diante dos índices positivos no cenário econômico – PIB mais alto que o esperado, e inflação, câmbio e juros futuros em baixa – até mesmo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já ameaça vocalizar contra o Banco Central e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Para analisar as pressões e as consequências da Selic nas alturas, Natuza Nery conversa com a economista Monica de Bolle, pesquisadora sênior do Peterson Institute for Internacional Economics. Neste episódio: - Monica ratifica as críticas ao BC e afirma que a instituição “já está atrasada no processo de redução de juros”. E, afirma, não será agora. Por dois motivos: a necessidade de comunicação prévia, via atas do Copom, e o “cenário turvo” que os bancos centrais de todo o mundo enfrentam diante da resistência da inflação nos países desenvolvidos; - Ela explica por que o efeito da redução da Selic só tem efeito na economia pelo menos 6 meses depois. E que a “relutância do BC em reduzir os juros causa perplexidade”, mesmo diante dos desafios do cenário externo e do “embate político” com o Palácio do Planalto; - A economista relata que desde o início do ano as condições de crédito já "eram muito ruins” e pressionam empresas e famílias em direção ao endividamento. “Quanto mais tempo as taxas de juros estiverem altas, menos capacidade de pagamento elas têm”, resume.

Everest: temporada mortal no topo do mundo

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Todos os anos, cada vez mais turistas encaram o desafio de subir ao ponto mais alto do mundo, a 8.849 metros de altura. Não é exagero: o número de alpinistas (profissionais e amadores) dispostos a essa aventura cresceu tanto que houve até um recente episódio de congestionamento nos metros finais da subida. A superlotação aumenta o risco – assim como os ventos cortantes de 100 km/h e a temperatura que chega a -50°C. Para contar a experiência de subir o Everest e explicar todos os perigos envolvidos, Natuza Nery entrevista Clayton Conservani, jornalista de esporte do Grupo Globo. Neste episódio: - Clayton analisa os fatores climáticos que resultaram em uma temporada especialmente perigosa para os alpinistas no Everest: “Os principais obstáculos para alcançar o topo são a velocidade dos ventos e a falta de oxigênio”. Quando isso se soma a temperaturas muito baixas, como neste ano, há uma “combinação fatal”; - Ele, que já subiu o monte duas vezes, relata o passo a passo da expedição, que dura cerca de dois meses – e destaca o perigo de cruzar a “cascata de gelo” e de entrar na “zona da morte”. “O corpo humano não foi feito para suportar grandes altitudes”, afirma. “Acima dos 5.000 metros, é como respirar com um pulmão só, e você se sente morrendo lentamente”; - O jornalista recorda o impacto do terremoto de 2015 no Nepal e como foram os 10 dias de cobertura: “Estávamos lá durante o pior terremoto dos últimos 80 anos”. Ele relata a destruição que viu em Katmandu e também na montanha – e como isso prejudicou o turismo no Nepal e incentivou a emissão de mais licenças para alpinistas no Everest; - Clayton conta como foi a tentativa de chegar ao cume da montanha em 2005, quando ficou 79 dias em expedição e perdeu cerca de 15 kg – e como seu amigo, um dos maiores alpinistas brasileiros, Vitor Negrete, morreu horas depois de chegar ao ponto mais alto do mundo.

Blindagem de políticos: aprovação a toque de caixa

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A toque de caixa, a Câmara aprovou um projeto de lei que pune “discriminação contra políticos”. O texto foi apresentado pela deputada Dani Cunha (União Brasil), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Entre os pontos, está a punição para quem negar crédito a quem for “politicamente exposto” - uma lista de 99 mil pessoas com muito poder, além de parentes, sócios e colaboradores de políticos. Para entender o projeto e o que a tramitação relâmpago dizem sobre a política em Brasília, Natuza Nery conversa com Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e da rádio CBN. Neste episódio: - Maria Cristina Fernandes explica os pontos do projeto e como ele foi “incluído de supetão” na pauta da Câmara. “A verdade é que na noite de quarta-feira ninguém sabia exatamente o que estava sendo votado”, diz; - “Os partidos estão em uma cruzada para ampliar a margem de atuação e descriminalizar a atuação dos dirigentes partidários”, diz, ao citar o interesse de parlamentares de blindar partidos e dirigentes na gestão de recursos dos fundos Partidário e Eleitoral; - A jornalista aponta para a importância de entender o momento em que o texto foi aprovado na Câmara, quando há “tentativa do Centrão de ampliar a todo custo seu espaço no governo”; - E conclui como a relação entre o presidente Lula e o deputado Arthur Lira, que comanda a Câmara, explica as circunstâncias da votação do texto.

As igrejas evangélicas e a comunidade LGBT+

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O mês de junho marca as comemorações do orgulho LGBT+, e é também quando acontece a Marcha para Jesus. Evidenciando um discurso pela inclusão de fieis de diferentes orientações e identidades, enquanto parte conservadora dos evangélicos resiste. Para entender como grupo evangélicos acolhem a comunidade LGBT+, e a reação a este movimento, Natuza Nery recebe dois pastores. Hermes Carvalho Fernandes, da Igreja Reina, psicólogo, teólogo e autor de “Homossexualidade: da sombra da lei à luz da graça”, e Fellipe dos Anjos, doutorando em Ciências da Religião na Universidade Metodista de São Paulo. Neste episódio: - Hermes expõe o que o fez lutar pela causa da inclusão e explica quais trechos da Bíblica são usados para justificar a homofobia. Ele cita “interpretações equivocadas” e explica a leitura que faz destes mesmos trechos: “Não encontramos uma única passagem que fale sobre homoafetividade”, diz; - O pastor fala de perseguições sofridas ao acolher a diversidade, e é categórico ao dizer que não trocaria este acolhimento para ter um número ainda maior de fieis. “Aquela pessoa que nós acolhemos, para onde iriam?”, questiona. "De que adianta arrastar multidões com conservadorismo doentio?”; - Fellipe dos Anjos explica o surgimento de alas progressistas entre os evangélicos, grupo religioso em crescimento no Brasil nas últimas décadas. “Os evangélicos não só cresceram, mas também se pluralizaram”, afirma – ao citar minorias teológicas, sociais, raciais, culturais, políticas e sexuais; - Ele analisa por que grupos mais conservadores “se fecham” à pluralidade. E conclui: “o que explica um recrudescimento do fundamentalismo é uma aliança com a extrema-direita cultural e política”.

Colômbia: como resgate de 4 irmãos uniu militares e indígenas

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No dia 1° de maio, um avião com 7 pessoas decolou para fazer o trajeto entre as cidades colombianas de Araracuara e San Jose del Guaviare. Sinais de alerta de falha foram emitidos pelo piloto pouco antes da queda que matou 3 adultos. Começava ali a operação Esperança, que por 40 dias buscou 4 crianças sobreviventes – elas foram resgatadas na última sexta-feira de helicóptero, desnutridas, desidratadas e com picadas de insetos. Para entender como a história dos 4 irmãos indígenas revela a situação política do país, Natuza Nery conversa com Carlos de Lannoy, enviado especial da Globo à Colômbia, e Thiago Vidal, diretor de análise política para a América Latina da consultoria Prospectiva. Neste episódio: - Direto de Bogotá, Lannoy monta o quebra-cabeças do período em que os irmãos ficaram perdidos na selva: “Elas sobreviveram graças ao conhecimento que tinham da floresta”, explica. Ele descreve uma região onde chove torrencialmente até 16 horas por dia, com mata densa, animais venenosos e predadores; - O jornalista relata como o resgate às crianças indígenas engajou “um país dividido” há décadas por conflitos armados. Ele relembra o caso “dos falsos positivos”, indígenas acusados por militares de fazer parte de grupos guerrilheiros. E como “colombianos estão surpresos ao ver militares e indígenas juntos na floresta nas buscas”; - Thiago Vidal relembra a relação conflituosa entre indígenas e guerrilheiros na Amazônia colombiana. “Comunidades agrícolas e indígenas foram as mais prejudicadas pelo avanço do narcotráfico”, explica, ao lembrar os “desplazados”, pessoas obrigadas a sair de suas terras pelo avanço do tráfico e das guerrilhas; - O analista conclui como um recente cessar-fogo anunciado com o ELN (Exército de Libertação Nacional) e o resgate das crianças interferem no momento político do presidente Gustavo Petro, o primeiro de esquerda a governar a Colômbia.

O celular de Cid e a CPI dos Atos Golpistas

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Preso desde que a Polícia Federal deflagrou uma operação sobre a falsificação nos cartões de vacina de Jair Bolsonaro (PL), o ex-ajudante de ordens da Presidência se complicou ainda mais diante da descoberta de novas evidências de crime em seu celular. A PF encontrou conversas sobre tramas e tratativas para inviabilizar a posse de Lula (PT) como presidente. E também a troca de documentos propostos para legitimar uma ação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e a favor de um golpe de Estado. Para explicar os impactos e repercussões desse novo elemento no desenrolar da CPI dos Atos Golpistas, Natuza Nery conversa com Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: - Malu avalia que as novas evidências encontradas no celular do ex faz-tudo de Bolsonaro “complicam bastante” a situação dele e reforçam a tese de que Cid atuava “para justificar um golpe de Estado”; - Ela analisa os movimentos do governo e da oposição para assumir o protagonismo da CPI dos Atos Golpistas: “Até agora, embora os atos de 8 de janeiro tenham sido claramente fomentados por bolsonaristas, é o governo que parece acuado”. Um dos motivos, informa, é a presença do ex-chefe do GSI, Gonçalves Dias, no Palácio do Planalto no dia da invasão; - Malu chama a atenção para o fato de que, pela primeira vez, uma CPI terá que convocar e, possivelmente, indiciar generais. “É uma coisa muito séria que o governo Lula queria evitar, agora que a situação entre governo e militares está mais calma”, afirma; - A jornalista também comenta, à luz das novas evidências contra Mauro Cid, o que deve acontecer no julgamento de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (agendado para o dia 22 de junho): “É fato político que pode interferir”. Ela informa que “até os advogados de Bolsonaro” acham que a corte deve decidir pela inelegibilidade e que o “ex-presidente está com muito medo de ser preso”.

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