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Reconhecimento facial - o uso na segurança pública

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Recife, Olinda, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador estão entre as cidades que usaram a tecnologia que alia câmeras, inteligência artificial e um enorme banco de imagens para identificar e capturar foragidos da Justiça durante o Carnaval. A capital baiana adotou o reconhecimento facial nos dias de folia pela primeira vez em 2019, quando a polícia conseguiu identificar e capturar um foragido - fantasiado com roupa de mulher - em meio à multidão com o auxílio da tecnologia. Em 2024, o resultado nas cidades não foi promissor: além do baixo índice de capturas, os sistemas cometem erros e levam à prisão de inocentes. No centro da crítica ao uso do reconhecimento facial pelas polícias estão a invasão da privacidade de cidadãos livres e o risco de abordagem racista das imagens. Para descrever como a tecnologia funciona, Natuza Nery ouve João Paulo Papa, professor do departamento de computação da Unesp e pesquisador do Recogna, laboratório de pesquisas sobre inteligência artificial. Ainda neste episódio, Daniel Edler, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP e um dos organizadores do livro “Tecnologia, segurança e direitos: os usos e riscos de sistemas de reconhecimento facial no brasil”, debate as aplicações e os desafios éticos e aplicados da ferramenta.

Dengue e seus riscos neurológicos

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O Ministério da Saúde já conta mais de 500 mil casos da doença nas primeiras semanas desse de 2024 – desse total, são pelo menos 75 mortes confirmadas. O ano caminha para ser o pior de todos os tempos: o governo federal estima 4,2 milhões de registros, um salto de 2,5 vezes em relação a 2015, ano que detém o recorde de quase 1,7 milhão de casos. A doença tem como sintomas febre, dor nas articulações e dor de cabeça. Quando evolui para dengue hemorrágica há riscos de lesão no fígado e no cérebro. Os perigos da doença, contudo, podem aparecer no longo prazo e se manifestar em efeitos neurológicos: a neurologista Marzia Puccioni alerta que entre 1% e 20% dos pacientes da dengue podem desenvolver encefalite (inflamação no cérebro), mielite (inflamação na medula), meningite (inflamação na meninge) e até síndrome de Guillain-Barré (quando o sistema imunológico ataca parte do sistema nervoso). Para explicar todos esses riscos, Marzia Puccioni, que também é professor da Escola de Medicina da Unirio e da pós-graduação em doenças infeccionais e parasitárias da UFRJ, é a convidada de Natuza Nery neste episódio.

EDIÇÃO EXTRA - A reunião golpista de Bolsonaro

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Um festival de palavrões, ofensas, ameaças, conspirações e confissões de ilegalidades. A íntegra do encontro do então presidente da República Jair Bolsonaro com seus ministros no dia 5 de julho de 2022 chegou ao conhecimento público nesta sexta-feira (9), com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de suspender o sigilo da íntegra da reunião. As imagens escancaram os objetivos e as estratégias do bolsonarismo para ignorar o processo eleitoral e passar por cima do resultado das urnas. Na organização para o golpe, Bolsonaro assumia o comando da operação: o então presidente reconheceu que perderia a eleição e convocou ministros a “agirem” antes de 2 de outubro. Os desvios de funções apareceram também nas falas dos então ministros da Defesa (Paulo Sérgio Nogueira, que se referiu ao TSE como “inimigo”), da Justiça (Anderson Torres, que alertou aos presentes que iriam “se f...”) e do Gabinete de Segurança Institucional (Augusto Heleno, que admitiu que pedira à Abin para “montar um esquema” para monitorar as campanhas adversárias à de Bolsonaro). Para analisar ponto a ponto o que foi dito na reunião, Natuza Nery conversa com Vera Magalhães, colunista do jornal O Globo, âncora na rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura.

O cerco a Bolsonaro e a prisão de militares na trama golpista

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Novos detalhes do plano golpista de Jair Bolsonaro foram revelados na quinta-feira (8), na operação Tempus Veritatis (Hora da Verdade) da PF. O ex-presidente teve o passaporte apreendido e agora está impedido de sair do Brasil. No mesmo dia, militares foram presos e a investigação chegou a militares de alta patente, aliados de primeira ordem do ex-presidente na tentativa de golpe contra a democracia. Para entender como a operação se aproxima do núcleo duro do governo passado e o ineditismo da prisão de militares, Natuza Nery recebe a jornalista Daniela Lima, apresentadora e comentarista da GloboNews e colunista do g1. Participa também Adriana Marques, professora e coordenadora do Laboratório de Estudos de Segurança e Defesa da UFRJ.

A nova cara dos concursos públicos

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Um número recorde de candidatos no que já é considerado o maior concurso da história do país. O Concurso Nacional Unificado – cujas inscrições terminam nesta sexta-feira (9) - vai selecionar candidatos para mais de 6,6 mil vagas em instituições federais. A prova única, aos moldes do Enem, foi o caminho encontrado pelo governo federal para, segundo a ministra da Gestão e Inovação dos Serviços Públicos, democratizar o acesso ao funcionalismo público. Para entender o novo modelo do processo seletivo e analisar a situação do funcionalismo, Natuza Nery recebe Marco Antônio Araújo Jr., presidente da Associação de Apoio aos Concursos Públicos e Exames (Aconexa), e Félix Lopez, coordenador do Atlas do Estado Brasileiro, do Ipea. Neste episódio: - Marco aponta duas mudanças importantes no processo de seleção para o funcionalismo. A primeira se refere à estrutura da prova, e a segunda em relação ao conteúdo. Para ele, a tendência é “tirar o concurso da linha tradicional de decorar regras, trechos de lei e outros temas, e trazê-lo para uma linha de análise interpretativa crítica”; - Para ele, as mudanças trazidas pelo “Enem dos concursos” causam uma concorrência mais equilibrada, permitindo um processo de "democratização no acesso aos órgãos públicos”; - Félix avalia como equivocada a ideia de que funcionalismo brasileiro é inchado: “do ponto de vista comparativo, o Brasil tem 12% da população no serviço público, enquanto, em média, países da OCDE tem em torno de 20%”. Ele pontua ainda que o gasto com servidores públicos se manteve “praticamente estável no período de 2002 a 2020”; - Apesar da expectativa de que o concurso permita maior igualdade no acesso a cargos públicos, por ampliar o número de cidades que vão aplicar as provas e pelas políticas de cotas, Félix aponta que “as desigualdades estruturais na qualidade de ensino e de preparo para concursos públicos vão continuar”.

Chile – os incêndios mortais

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O fogo que assola a costa chilena provocou a maior tragédia do país desde 2010. Mais de 130 pessoas morreram, centenas estão desaparecidas e outras milhares ficaram desabrigadas. No auge do verão, com temperaturas acima dos 40°C, os incêndios atingiram as cidades de Valparaíso e Viña del Mar, deixando um rastro de cinzas e destruição. Cerca de 43 focos já foram controlados, mas outras dezenas persistem. O presidente chileno, Gabriel Boric, decretou situação de emergência e convocou o Conselho de Segurança Nacional para solucionar as sequelas da tragédia, e também para investigar a causa dos incêndios avassaladores. Morador de Viña del Mar, o brasileiro Cleo Menezes Júnior descreve a Natuza Nery o horror pelo qual ele e família passaram para fugir do incêndio. Participa também Nilton Cesar Fiedler, coordenador do Núcleo de Pesquisas sobre Incêndios Florestais na Universidade Federal do Espírito Santo. Neste episódio: - Cleo detalha o momento em que percebeu a gravidade dos incêndios. Num primeiro momento, não estava preocupado, já que os incêndios acontecem anualmente no país, mas ao sair de casa, viu o céu alaranjado e uma forte fumaça: “entrei em modo de sobrevivência”; - O brasileiro relata que, conforme caminhava por áreas mais próximas dos focos de incêndio, viu o que parecia cena de filme, com pessoas desesperadas nas ruas, carros amontoados e abandonados, botijões explodindo nas casas já vazias, tomadas pelo fogo: “um cenário apocalíptico”; - Nilton Cesar Fiedler explica que incêndios "na grande maioria das vezes, começam pela ação humana”, mas que os chilenos foram potencializados por questões meteorológicas da região, como a vegetação local, altamente inflamável em tempos de seca elevada, principalmente em decorrência do El Niño; - O pesquisador conta que, em incêndios dessa magnitude, nas copas das árvores, “as temperaturas passam de 1000°C, e o vento leva esse material incandescente, como se fossem nuvens de fumaça, para regiões muito distantes”, aumentando o risco até em regiões distantes dos focos do fogo.

Lira x Planalto: o novo round da luta

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Em seu discurso de abertura do ano parlamentar, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mandou duros recados ao governo Lula. A tensa relação entre Executivo e a Câmara ganha um novo capítulo, com Lira na expectativa de receber apoio na construção de seu sucessor, além da pressão para liberar R$ 6 bilhões em emendas. Do outro lado, o governo busca cumprir a meta fiscal e aprovar as medidas que abrem espaço para investir em políticas públicas - tudo em um ano marcado pelas eleições municipais. Para analisar o atual status da relação entre Lira e o Planalto e o que esperar da relação do governo federal com o Congresso, Natuza Nery recebe Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da CBN. Neste episódio: - Maria Cristina analisa o discurso de Lira na abertura do ano parlamentar. Para ela, o presidente da Câmara “entregou as razões pelas quais não tem mais tanta força”. A jornalista pontua como, “na política, o tom elevado não é sinal de força”, ao citar o discurso de alguém que está “com menos tinta na caneta”; - Ela avalia que, neste ano eleitoral, a relação entre Executivo e Legislativo será mais difícil, não apenas por causa de Lira, mas por três fatores de estresse: as eleições municipais, a disputa pelas Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, e também o futuro político de Arthur Lira e de Rodrigo Pacheco, atuais presidentes das duas Casas; - Maria Cristina diz que, ao não ceder a cabeça de Alexandre Padilha à pressão de Lira, Lula “quer mostrar ao Congresso que quem governa é ele [Lula]”, depois de anos de fortalecimento dos parlamentares; - A jornalista conclui sinalizando mudanças determinantes na relação de Lula com o Congresso em seu terceiro mandato. “Lula cede menos, aceita menos”, diz, em um momento em que o o Parlamento está com força redobrada. “O Congresso nos dois primeiros governos Lula não tinha a força que têm agora”, lembra.

O primeiro grande teste de Milei

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Durante a campanha eleitoral, Javier Milei apareceu diante de seus apoiadores empunhando motosserras e bradando contra todo o sistema político e econômico da Argentina. Assim, foi eleito presidente e prometeu a “reconstrução” e uma “nova era” para o país. A primeira ação foi a apresentação de um pacotaço com 664 artigos ao Congresso argentino – na lista de medidas, cortes totais em subsídios setoriais, privatizações das mais importantes empresas estatais e poderes especiais para o Executivo. Apelidado de “Lei Ônibus”, o texto-base foi desidratado para menos de 360 artigos, mas manteve o tom ultraliberal característico de Milei e conseguiu a aprovação na Câmara dos Deputados na última sexta (2) – agora, os parlamentares vão analisar item a item e, depois, enviarão a versão final ao Senado, casa mais hostil às pautas do presidente argentino. Para explicar o que caiu e o que ficou do megapacote, e as possíveis consequências políticas e econômicas para os hermanos, Natuza Nery entrevista o jornalista Raphael Sibilla, correspondente da Globo em Buenos Aires, e a economista Carla Beni, professora da FGV. Neste episódio: - Sibilla descreve os principais pontos do projeto de lei apresentado pelo Executivo. Na economia, evidencia-se a “obsessão de Milei pelo fim do déficit fiscal”. No âmbito da política, busca sobrepor seus poderes ao Legislativo “para fazer com que leis sejam decretadas sem que os parlamentares possam barrá-las”; - O repórter descreve o clima das ruas da capital argentina, onde manifestantes protestam em frente ao Congresso e são reprimidos com violência pelas forças policiais: “Há tempos não se via uma Buenos Aires tão militarizada”. Mas reforça que, embora a oposição esteja nas ruas, o presidente eleito “mantém seu núcleo duro de apoiadores”; - Carla comenta como o pacotaço apresentado por Milei virou “um embrulhinho”: “É o que dá para ele no momento”. E, na política externa, ela avalia que o presidente argentino “perdeu uma grande oportunidade” de apresentar seu plano econômico no Fórum Econômico Mundial em Davos, em janeiro. “O plano estratégico ainda não existe. É cedo para falar se a economia vai para o caminho certo ou não”, resume.

Big techs sob pressão por mais segurança nas redes sociais

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Uma audiência realizada pelo Congresso americano nesta semana escancarou alguns dos crimes aos quais crianças e adolescentes estão expostos nas redes sociais. Vítimas relataram abusos sexuais, cyberbullying e até indução ao suicídio frente a frente com representantes das principais plataformas do mundo – caso da Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), Tiktok, Snap, Discord e X (antigo Twitter). No Brasil, durante a abertura do ano de trabalho do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Alexandre de Moraes discursou duramente em prol da responsabilização das big tech nas redes sociais. Para entender o que está em jogo nas casas legislativas e judiciárias de EUA e Brasil e os riscos da internet como terra sem lei para crianças e adolescentes, Natuza Nery entrevista Kelli Angelini, advogada especialista em educação digital e autora do livro “Segredos da internet que crianças e adolescentes ainda são sabem”. Neste episódio: Kelli comenta o pedido de desculpas de Mark Zuckerberg, fundador e CEO da Meta, às famílias de vítimas de crimes em redes sociais: “Não sabemos a intenção, mas não muda o que está por vir. Nada tem sido eficaz o suficiente até aqui”; (3:05) Ela justifica que, ainda que não haja legislação específica para redes sociais no Brasil, as empresas precisam levar em consideração o que diz a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente em seus modelos de negócio. “A omissão também gera responsabilização”, resume; (6:00) A advogada cobra a aprovação de uma lei específica para a proteção de crianças e adolescentes na internet. “Agora, empresas estão lucrando com o uso delas nas redes sociais. Sem a responsabilização efetiva das big techs, nada as motivará”, afirma; (12:10) Kelli alerta para como os pais e responsáveis devem agir para garantir a segurança de menores de idade nas redes. (23:15)

Terra Yanomami - a guerra sem fim contra o garimpo

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Em janeiro de 2023, as imagens de crianças e idosos yanomamis subnutridos e enfraquecidos por doenças infecciosas, parasitárias e respiratórias expuseram ao mundo o tamanho da crise humanitária dentro da maior terra indígena brasileira. O governo federal decretou estado de emergência no território para oferecer melhores condições de saúde pública aos indígenas e para expulsar de vez os cerca de 40 mil garimpeiros ilegalmente instalados lá. No começo, deu certo: 80% deles saíram da Terra Indígena. Mas desde o segundo semestre do ano passado o retorno dos criminosos se acelerou, e o governo não consegue deter o avanço do garimpo ilegal – enquanto Executivo e Forças Armadas vivem sob tensão velada a respeito das responsabilidades no enfrentamento do crime. Para entender o que acontece dentro do território do povo Yanomami, e as crises políticas decorrentes disso, Natuza Nery entrevista Rubens Valente, escritor e jornalista da Agência Pública. Neste episódio: Rubens relata como a presença dos garimpeiros ilegais voltou a crescer na Terra Indígena, sobretudo a partir do segundo semestre do ano passado. “O movimento de retorno coincide com a redução de fiscalização e controle, atividades que dependem muito das Forças Armadas”, afirma. “A grande crítica é de que o papel delas não tem sido eficaz”; Ele informa que até dezembro de 2023 havia cerca de 40 mil cestas básicas destinadas aos indígenas que não haviam sido entregues pelas Forças Armadas – o que motivou uma representação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) no Supremo sugerindo “sabotagem” dos militares. “Enquanto isso, 29 yanomamis morreram de desnutrição. Ou seja, havia comida, mas não chegou à boca dos indígenas”, lamenta; Rubens também fala sobre o clima no Palácio do Planalto em relação à crise dos Yanomami. Ele menciona a falta de firmeza de Lula (PT) ao cobrar o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, sobre a atuação dos militares. “O presidente tenta medir o solo onde pisa, mas isso é irrelevante para os indígenas. O que eles precisam é de ações duras, rápidas e imediatas para evitar que morram de fome”, conclui; O jornalista, por fim, comenta a “contaminação ideológica nas fileiras militares a respeito da Amazônia e das terras indígenas”.

A pá de cal no acordo entre Mercosul e União Europeia

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Centenas de tratores estão ocupando as mais importantes rodovias da França. Os agricultores protestam contra impostos, contra preço dos combustíveis e, principalmente, contra o que chamam de crescente competição com o mercado externo – em outras palavras, eles pressionam o presidente francês, Emmanuel Macron, a fazer força para que o bloco econômico desista de vez de concluir o acordo com o Mercosul. As negociações para a assinatura final entre europeus e sul-americanos se arrastam desde 1999, ainda que um contrato tenha sido celebrado em 2019 e as partes tenham criado expectativa para que as últimas arestas fossem eliminadas até o fim do ano passado. Agora, para o presidente da segunda maior potência econômica do bloco europeu, isso teria se tornado “impossível”. Para analisar as remotas chances de sobrevivência do acordo e os impactos para a agricultura e indústria brasileiras, Natuza Nery entrevista Oliver Stuenkel, professor de relações internacional da FGV-SP, e Marcos Jank, coordenador do Centro Insper Agro Global e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Neste episódio: Oliver avalia que o acordo entre os dois blocos econômicos subiu no telhado pois “a última janela de oportunidade foi no fim do ano passado”. Agora, diz, que Macron quer encerrar “de uma vez por todas” o assunto para agradar ao eleitorado francês, que é refratário à pauta; (3:00) O professor recorda que Lula travou a evolução das negociações pelo acordo durante seus dois primeiros mandatos, mas, agora, “os tempos são outros e ele mudou de opinião”. “Sem o acerto, Lula precisa definir quais são os próximos passos do Mercosul. Antes, ele precisa saber se os membros do bloco têm visão de mundo semelhante”, afirma; (9:30) Marcos avalia os eventuais benefícios do livre comércio entre Mercosul e União Europeia e lamenta que “o bloco perdeu essa oportunidade lá atrás”. “Agora, a Europa colocou novas restrições, especialmente na área ambiental, e não vejo mais nenhuma chance desse acordo avançar”, afirma; (16:00) Ele explica que a legislação ambiental da Europa ficou, de fato, mais rígida e que as exigências para os produtos do Mercosul agora impõem taxas de desmatamento zero. “Ficou rígido demais e o próprio governo brasileiro não quis ir à frente”, resume. (20:30)

Carlos Bolsonaro e a espionagem da Abin

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Agentes da Polícia Federal cumpriram nesta segunda-feira (29) mandados de busca e apreensão na residência oficial, na casa de praia em Angra dos Reis e no gabinete da Câmara Municipal do Rio de Janeiro do filho Zero Dois do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Os autos da operação registram que foram apreendidos 11 computadores, 3 notebooks, 4 celulares e uma série de dispositivos de memória eletrônica dos endereços relacionados ao vereador (que exerce seu mandato pelo Republicanos). Desde 2020, o nome de Carlos é relacionado ao que seria uma ‘Abin paralela’. Agora, a investigação da PF vai além e sugere que há ligação direta entre possíveis ilegalidades cometidas dentro da Agência Brasileira de Inteligência durante a gestão de Alexandre Ramagem (PL) e ordens que viriam de dentro da família Bolsonaro. Para explicar o que busca a operação contra Carlos Bolsonaro, as hipóteses da investigação e os potenciais crimes relacionados, Natuza Nery conversa com os jornalistas Andréia Sadi, apresentadora da GloboNews e colunista do g1, e Breno Pires, repórter da revista Piauí. Neste episódio: Sadi afirma que o atual momento, no qual a PF avança sobre as possíveis ilegalidades cometidas dentro da agência de inteligência a serviço da Presidência, “é o de maior risco para a família Bolsonaro”. E que Carlos ocuparia a posição de “grande entusiasta da Abin paralela”: “assessores dele obtinham informações que abasteciam e municiavam a família Bolsonaro contra inimigos políticos e investigações judiciais”; Sadi e Natuza comentam que a suposta organização criminosa não era paralela à Abin, mas, durante o governo Bolsonaro, “integrava a Abin oficial”: “Nesse caso, a instituição estava a serviço de um projeto de poder”. E alertam para o fato de que ainda há agentes “que abastassem os bolsonaristas e agem em conluio para proteger os investigados”; A jornalista informa que existe uma “guerra de bastidores” entre Abin e PF – e que a atual cúpula da agência de inteligência está por um fio. “O Lula mandou fazer uma limpa, e o que foi feito nesse meio tempo? Fica uma gestão muito desgastada desse jeito”, conclui; Breno explica a hipótese da PF e da PGR de que “a tal da Abin paralela era uma das fontes de informações que alimentava o gabinete do ódio” - supostamente uma milícia digital chefiada pelo filho Zero Dois de dentro do Palácio do Planalto durante o governo de Bolsonaro; Ele descreve também como se organizava “o ecossistema da desinformação” e a função de Carlos Bolsonaro de “dar coesão e união a um conjunto de fake news”.

Clima árido, pela primeira vez no Brasil

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A Caatinga, bioma que se espalha predominantemente pelo Nordeste brasileiro e que ocupa aproximadamente 10% do território nacional, é bem adaptada a altas temperaturas e à escassez de água - um clima que é classificado pelos cientistas como semiárido. Nas últimas décadas, no entanto, a falta de chuvas por períodos ainda mais prolongados, somada ao impacto do aquecimento global, tem alterado de forma acelerada a paisagem. O impacto foi tanto que uma área de 5 mil quilômetros – equivalente ao Distrito Federal – foi classificada, pela primeira vez na história, como árida. Um alerta de risco para o clima de todo planeta e de urgência para que o poder público atenda aos milhões de brasileiros que vivem na região. Para contar o que está acontecendo por lá, Natuza Nery entrevista Fábio dos Santos Paiva, presidente da Associação de Agricultores do Frade, do município de Curaçá, norte da Bahia, e Humberto Barbosa, professor e pesquisador especialista em desertificação da Universidade Federal de Alagoas. Neste episódio: Fabio relata as muitas alterações que ele observou no clima e na vegetação ao longo das últimas décadas: “A chuva era mais frequente, e não conseguimos mais colher os cultivos que a gente estava acostumado a plantar”. E se emociona ao contar suas lembranças da juventude. “A gente tinha pé de umbuzeiro e, agora, vou lá e o encontro seco e morto. Chega a cortar o coração”, diz; Ele conta o desafio de alguns colegas que moram em fazendas para conseguir água potável ou irrigação adequada para plantar ou criar animais. “Os jovens veem que não é viável viver em um ambiente que não tem como crescer”, lamenta. “E quando piora para nós, do semiárido, todo mundo também é afetado”, resume; Humberto explica como nas últimas três décadas a região Nordeste sofreu com fortes secas, degradação da paisagem e desmatamento – e de que modo isso se reflete nas alterações do ecossistema. “É como se fosse um vulcão adormecido. Houve transições e o nosso semiárido se tornou mais árido”, esclarece; O pesquisador afirma que há dois motivos para o processo de desertificação na Caatinga: as mudanças climáticas e a ação humana. “A degradação do solo e rios aumenta a pressão e, no futuro, vai trazer desafios para as populações ribeirinhas e para a produção de alimentos pela agricultura familiar”, alerta.

A Abin e a república da espionagem

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O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência acordou com agentes da Polícia Federal na porta de casa nesta quinta-feira (25). Alexandre Ramagem, hoje deputado federal (PL-RJ), foi um dos alvos da operação Vigilância Aproximada, que investiga o suposto uso criminoso da ferramenta FirstMile. A extensa lista de ilegalidades apontadas na decisão judicial assinada pelo ministro Alexandre de Moraes destaca o possível monitoramento de autoridades públicas (caso de ministros do Supremo, parlamentares e governadores) e cidadãos comuns (como advogados, jornalistas e até a promotora do caso Marielle Franco), e também a obtenção de informações sigilosas que ajudassem a proteger os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em diferentes imbróglios judiciais. Para explicar o que diz a investigação da PF sobre o uso político da Abin e os alvos ilegalmente monitorados, Natuza Nery conversa com Daniela Lima, apresentadora da GloboNews e colunista do g1. Neste episódio: - Daniela recorda como as descobertas da operação Última Milha, de outubro do ano passado, avançaram para a atual ação da PF: “São indícios claríssimos de que a agência de inteligência, ligada à Presidência da República, foi utilizada para espionar ilegalmente ministros do STF, governadores, deputados e senadores”; - Ela apresenta aquilo que a investigação da PF aponta como “motivações” para as ordens de Ramagem aos agentes da Abin: blindagem e abastecimento de informações para Flavio Bolsonaro e Jair Renan; monitoramento de adversários políticos; e fabricação de fake news. “Bolsonaro não mentia quando disse que tinha dados de inteligência”, afirma; - Daniela e Natuza informam que a decisão judicial fala em mais de 60 mil registros coletados pela ferramenta FirstMile, relativos a aproximadamente 1.500 números de telefone que teriam sido ilegalmente observados pela Abin – cujos agentes impuseram dificuldades para a investigação em curso; - A jornalista relaciona o atual escândalo da Abin aos inquéritos das milícias digitais e do 8 de janeiro: “O uso de equipamento público para arapongagem se insere no contexto de ataque à democracia e às instituições”.

O Orçamento da União sequestrado pelo Congresso

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De 2019 até agora, o total da verba público destinada a emendas parlamentares praticamente triplicou. O Orçamento de 2024 prevê o montante inédito de R$ 47,5 bilhões para bancar essas emendas. E esse valor só não é maior porque, nesta segunda-feira (23), o presidente Lula (PT) vetou um total de R$ 5,6 bilhões - veto que gerou reações contrárias no Congresso e que já sofre ameaça de ser derrubado. Diante da pressão de senadores e deputados por nacos do Orçamento, o governo precisa se equilibrar entre a meta de déficit fiscal zero e a promessa de gastos destinados ao novo PAC. Para analisar o impacto das emendas na organização dos recursos da União e o resultado político dos conflitos orçamentários, Natuza Nery entrevista Ursula Dias Peres, professora de finanças públicas da USP e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole, e Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: Ursula descreve todos os tipos de emendas parlamentares e pondera que elas são um instrumento legítimo para a composição do Orçamento da União, mas que a atual escalada de valores, que engole até 40% dos recursos discricionários, evidencia um conflito. “O investimento sem a análise dos indicadores é abrir mão do uso da técnica em prol da política”, diz; A pesquisadora celebra a melhora na transparência na tramitação das emendas com o fim do orçamento secreto, mas diz que segue impossível fazer a avaliação qualitativa sobre o bom uso desse dinheiro. “Emendas pulverizadas não resolvem os problemas de política pública. Essa distorção pode piorar o problema da desigualdade, ao invés de melhorar”, avalia; Bernardo recorda o contexto no qual o orçamento secreto foi criado, durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL), e como os parlamentares “reciclaram” o modelo após sua proibição, imposta pelo Supremo Tribunal Federal. “Houve ganho de transparência, mas do ponto de vista da economia não houve mudança nenhuma. E sem controle do Orçamento, o presidente vira uma rainha da Inglaterra”, afirma; O jornalista analisa também a “engenharia política” tentada por Lula para conquistar apoio no Congresso – e a “chantagem parlamentar” imposta pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), ao poder Executivo. “A situação é delicada, e a negociação está cada vez mais cara”, conclui.

Dengue – explosão de casos e vacina no SUS

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Os números da doença em 2023 não têm precedentes: mais de 1,6 milhão de pessoas foram contaminadas e 1.094 morreram em decorrência de complicações. E agora, em janeiro deste ano, a situação é ainda pior. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a quantidade de casos de dengue mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. A novidade no combate à doença é a vacina Qdenga, desenvolvida por um laboratório japonês, aprovada pela Anvisa e que será oferecida a um público-alvo específico no SUS. Para analisar o boom de casos e a entrada do imunizante no Brasil, Natuza Nery entrevista os médicos infectologistas Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e autor do livro “A história das epidemias”, e Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. Neste episódio: Stefan explica por que a epidemia de dengue foi tão forte no início deste ano: “Depende de vários fatores, mas alguns principais são o aumento de temperatura e um período de chuvas intensas”. E alerta que o número de casos deve aumentar. “O pico deve ser no fim de março ou início de abril”, afirma; (2:20) Ele fala sobre a importância da força-tarefa governamental para reduzir focos de multiplicação do aedes aegypti. “É unânime a compreensão de que nenhum país vai erradicar o mosquito de seu território, será preciso lugar para controlar sua proliferação”, afirma; (10:20) Kfouri comenta a chegada da vacina contra a dengue no Brasil: “No primeiro momento, não terá nenhum impacto, mas à medida que tivermos mais imunizados, aí sim”. Isso porque o SUS recebeu apenas 750 mil doses até o momento - de um total de 50 milhões de doses que serão entregues em 5 anos; (15:15) O médico esclarece por que a faixa etária elegível para a imunização é a de crianças e adolescentes: “É onde a vacina encontrou melhor eficácia”. E apresenta quais são os sintomas mais comuns para a doença - e aqueles que mais representam riscos para a saúde do paciente. (23:00)

O caminho aberto para Trump na eleição americana

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Desde que deixou a Casa Branca, em janeiro de 2021, Donald Trump enfrenta uma via crucis judicial, na qual responde a mais de 90 acusações em quatro processos criminais – como aquele no qual é réu por conspirar contra os Estados Unidos e incentivar a invasão do Capitólio. E nada disso reduziu seu capital político entre os correligionários de Partido Republicano. Nas primeiras prévias do partido para decidir o candidato que irá concorrer contra Joe Biden pela presidência americana, em Iowa, Trump venceu com mais de 50% dos votos. Na sequência, recebeu o apoio formal do governador da Flórida, Ron DeSantis, que desistiu da candidatura – agora, precisa vencer apenas Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul, para ter sua revanche contra Biden. Para analisar a força política do ex-presidente e quais desafios eleitorais e judiciais que ele deve enfrentar este ano, Natuza Nery conversa com Fernanda Magnotta, coordenadora do curso de relações internacionais da FAAP e comentarista da rádio CBN. Neste episódio: Magnotta explica por que os votos de DeSantis devem migrar quase na totalidade para Trump dentro do partido: “Há compatibilidade de agenda entre o que os dois defendem”. Ela informa ainda que as pesquisas indicam 70% de apoio à agenda trumpista entre os eleitores republicanos. “Ainda é cedo para dizer que a disputa acabou, mas ele é evidentemente favorito”, afirma; (2:00) A especialista em relações internacionais comenta as disputas pelo protagonismo do campo conservador nos Estados Unidos e descreve em que posições estão Trump e Nikki Haley. “Ela é considerada moderada entre os republicanos, mas pode ser vista também como alguém da direita radical”, diz; (6:50) Ela descreve o atual status jurídico de Donald Trump, que deve enfrentar condenações e restrições eleitorais em alguns dos estados americanos – no Colorado e no Maine a candidatura dele chegou a ser barrada. “Essa será a marca das eleições, que serão decididas mais na Justiça do que nas urnas”, sentencia; (15:50) Magnotta afirma que nos corredores de Washington DC, o “cenário base” imaginado por todos é de uma reedição da disputa entre Biden e Trump. “São dois candidatos que beiram os 80 anos e não têm figuras alternativas. A pergunta mais importante é o que vem depois”, conclui. (21:15)

As cidades escondidas da Amazônia

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Estima-se que pelo menos 8 milhões de pessoas vivessem na Amazônia quando o continente americano recebeu as expedições europeias. Essa população nativa amazônida trazia consigo uma história de ocupação de pelo menos 14 mil anos – tempo nos quais diversos tipos de organizações sociais e econômicas nasceram e morreram, assim como tecnologias e expressões culturais e artísticas. Aos poucos, a ciência moderna encontra vestígios desses povos. O caso mais recente foi a descoberta de cidades com 2,5 mil anos de história na Amazônia equatoriana, encontrada graças ao equipamento óptico Lidar, o mesmo que mapeou dezenas de estruturas milenares na região do Alto Xingu, no Brasil – um trabalho liderado pelo geógrafo Vinícius Peripato, sob a orientação de Luiz Aragão, biólogo chefe da divisão de observação da terra e geoinformática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Luiz Aragão é o convidado de Natuza Nery para explicar essas descobertas e o impacto delas para o futuro do planeta e da própria humanidade. Neste episódio: Luiz relata como os pesquisadores utilizaram os lasers da tecnologia Lidar para identificar as construções de 2,5 mil anos no Brasil e no Equador. “Havia uma complexidade muito grande com estradas e conexão entre cidades e produção agrícola. É mais uma evidência de que a Amazônia foi extensamente ocupada”, afirma; O biólogo descreve o que as pesquisas encontraram nas cidades amazônicas - e como elas foram “recolonizadas” pela floresta. “Grande parte dessas estruturas foram utilizadas para rituais e outras áreas foram construídas para defesa de aldeias ou para produção agrícola”, detalha; Ele informa que os estudos mais recentes avaliam que pode ainda existir, “embaixo da floresta amazônica mais de 10 mil áreas com essas estruturas”; Luiz explica a relação entre os resquícios de civilizações antepassadas e a biodiversidade de espécies já domesticadas pela humanidade. “Isso pode ser aprendido e utilizado para um desenvolvimento bioeconômico”, afirma. “É uma porta para o futuro do planeta”, resume.

O vaivém da relação de Lula com os evangélicos

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Durante a campanha eleitoral de 2022, o contingente de 30% de brasileiros que seguem religiões cristãs protestantes foi um dos polos de disputa dos então candidatos Lula (PT) e Bolsonaro (PL) - a quem as principais lideranças evangélicas tinham como aliado. O petista sofreu com a forte resistência das principais entidades religiosas neopentecostais e, agora como presidente da República, tenta uma aproximação tanto com parlamentares da Bancada Evangélica, quanto com a massa de 60 milhões de brasileiros filiados a essas igrejas. Para analisar os movimentos de altos e baixos da relação do presidente com os evangélicos, Natuza Nery conversa com a cientista política Ana Carolina Evangelista, diretora executiva do Instituto de Estudos da Religião, e com Ronilso Pacheco, pastor auxiliar da Comunidade Batista e teólogo com mestrado pela Universidade Columbia (EUA). Neste episódio: Ana Carolina e Ronilso questionam a eficiência da estratégia de Lula em dialogar apenas com as lideranças religiosas que estão no Congresso. “A estratégia desses líderes é fazer estardalhaço e colocar o governo contra a parede. É uma relação sensível”, afirma o pastor; (1:30) A cientista política destaca que o diálogo com as cúpulas está contaminado porque elas “se radicalizaram ainda mais e defendem seus princípios como uma agenda para o país”. E Ronilso reforça que a abordagem da população evangélica exclusivamente a partir da pauta religiosa é um erro; (5:50) Ana Carolina avalia os impactos da proximidade que os líderes religiosos tiveram com o poder durante os anos de governo Bolsonaro. “É uma bancada que sabe que pode conseguir mais”, resume; (14:50) Ronilso fala sobre como a maioria das igrejas e dos pastores se organizam economicamente – e de que modo a decisão recente da Receita Federal de acabar com a isenção de impostos sobre líderes religiosos foi recebida. “Segue a vida normal como a de qualquer outro brasileiro”, diz; (17:00) Os dois comentam como os fiéis ponderam suas escolhas eleitorais, que passa por fatores de organização comunitária e efetividade de políticas públicas. (20:45)

A influência do Irã nos conflitos do Oriente Médio

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O ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro desencadeou a mais sangrenta guerra já promovida em território palestino e abriu uma caixa de Pandora para mais violência no Oriente Médio. Frentes de combate se abriram na fronteira entre Israel e Líbano, onde atua o grupo terrorista Hezbollah, e no Mar Vermelho, onde rebeldes houthis atacam navios e são bombardeados pelos EUA. Ataques a grupos militantes também foram registrados no Iraque, na Síria e no Paquistão. E a ligação entre todos os conflitos é o Irã, país controlado por aiatolás xiitas que investe muito dinheiro em sua máquina de guerra e patrocina grupos armados em sua área de influência. Para explicar como o governo iraniano impõe seus tentáculos por toda a região e os riscos de que esses conflitos ganhem escala global, Natuza Nery entrevista Vitelio Brustolin, professor de relações internacional da UFF e professor adjunto na Universidade de Columbia (EUA), e também pesquisador da faculdade de Direito de Harvard. Neste episódio: Vitelio afirma que a guerra entre Israel e Hamas já se espalhou pela região e repercute até na Europa e nos Estados Unidos, onde foram ativados alertas máximos contra atos terroristas. “A estratégia do Hamas se mostra eficiente se a tática terrorista se espalhar pelo mundo”, avalia; Ele comenta a agenda geopolítica do Irã, que financia partidos e milícias xiitas em países vizinhos – e enfrenta agrupamentos também armados sunitas, como é o caso do Talebã e do Estado Islâmico. E descreve o poder militar das forças armadas iranianas – que está perto de ter tecnologia suficiente para construir uma ogiva nuclear; Vitelo explica como agem os rebeldes houthis, sediados no Iêmen: “Eles controlam a entrada do Mar Vermelho, por onde passa 12% do comércio mundial”. E como os ataques do grupo a navios são usados como moeda de troca pelo Irã. “Mostra o uso de terrorismo internacional como ferramenta de política externa”, sentencia; O professor fala sobre sua preocupação em relação à multiplicação de conflitos, que poderiam “desembocar em uma guerra maior, que daria início a uma 3ª Guerra Mundial”.

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