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CACs e a coleção de mortes violentas no Brasil

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À luz do dia, em um bairro nobre de São Paulo, um homem com registro de CAC (caçador, atirador esportivo e colecionador) iniciou um tiroteio que culminou na morte de três pessoas: dele mesmo, de uma policial civil e de um vigilante. E a arma do crime, uma .45, estava legalizada. A tragédia é mais uma para a lista de incidentes provocados por armas de fogo depois da flexibilização dos critérios para porte e posse dos itens. Para analisar o quadro atual do país, Natuza Nery conversa com Natália Pollachi, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz. Neste episódio: - Natália questiona a eficácia da fiscalização sobre as armas de fogo depois de quatro anos de liberou-geral, durante o governo Bolsonaro: “Já era precária antes de 2019, quando começou a flexibilização. E não acompanhou o crescimento”. E critica o sistema Sigma, utilizado pelo Exército para o registro das armas e que já foi descrito duas vezes pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como “antigo e deficiente”; - Ela alerta para a fragilidade do processo de concessão de registro de armas de fogo: “Não pode ser apenas um check-list de documentos”. E relata casos nos quais CACs são suspeitos de fornecer armas legalizadas para o crime organizado. “Existe conexão entre os mercados legal e ilegal”, afirma; - Por fim, Natália elogia as atuais restrições à quantidade (até janeiro de 2023, CACs podiam ter até 60 itens; agora são 4) e ao poder letal das armas (caso dos fuzis, agora liberados apenas para atiradores experientes). “Vamos sentir os danos por muito tempo, mas voltamos a uma regra responsável”, conclui.

Dezembrite - a angústia de fim de ano

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O mês é de confraternizações entre familiares, amigos e colegas, de reflexões sobre os meses que passaram e de planos para o futuro. Tudo isso junto é fonte de ansiedade e angústia para quem tem que lidar com excesso de atividades ou com perdas e frustrações que tenham ocorrido ao longo do ano. No momento em que o Brasil tem quase 10% da população com ansiedade - é o país mais ansioso do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) - O Assunto trata do fenômeno que aflige a saúde mental de muita gente, a “dezembrite”. Para isso, Natuza Nery conversa com o psiquiatra Arthur Danila, coordenador do programa de mudança de hábito e estilo de vida do Instituto de Psiquiatria da USP. Neste episódio: - Arthur descreve a dezembrite: “Não é um diagnóstico em si”. Ele também relata os principais sintomas desse fenômeno, e como ele aparece nos consultórios de psicólogos e psiquiatras. “A procura por assistência aumenta, e é um desafio porque é preciso entender que há questões que precisam de tempo para serem resolvidas”, afirma; - O psiquiatra teoriza sobre a busca pela felicidade: “Há dificuldade em entender a felicidade em seu contexto mais amplo. Não é uma coisa estanque, é um processo”. E explica como a solidão - classificada como uma ameaça global urgente à saúde pela OMS – impacta biologicamente o ser humano. “Estar em solidão deixa o corpo mais vulnerável e reduz a expectativa de vida”, diz; - Ele alerta para a importância de procurar ou oferecer ajuda e apoio em casos de mudança de padrões de comportamento que se acentuem no fim do ano. E recomenda a introdução de hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas, o consumo de alimentos integrais e não-industrializados e a regularização do sono.

Plano motosserra de Milei: o futuro da Argentina

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Eleito com ampla maioria dos votos, Javier Milei prometeu um choque de gestão radical para resolver os profundos problemas da economia argentina – cuja inflação deve encerrar 2023 acima de 200%. Mas depois de assumir a Casa Rosada, o discurso se moderou. Pautas como a dolarização total da economia e o fim do Banco Central desapareceram, mas medidas duras já afetam a população. Para explicar o clima das ruas da Argentina e o que se espera para os índices econômicos do país, Natuza Nery conversa com Ariel Palacios, correspondente da Globonews em Buenos Aires e comentarista da TV Globo e da rádio CBN, e com Carla Beni, economista e professora da FGV-SP. Neste episódio: - Ariel relata como a população argentina reagiu às primeiras medidas de austeridade promovidas pelo novo governo, que já impactaram preços de produtos e tarifas de serviços básicos, como transporte e eletricidade. “Há filas em supermercados e postos de gasolina. E o clima é de muitas pessoas assustadas”, conta; - Carla explica como Milei conseguiu a adesão de parcela grande do eleitorado com “a capa de candidato” e que agora, depois de ser eleito, ele “precisa pensar em que roupa vai ter que vestir”. “A gente começa a ver a nova roupagem”, diz sobre a indicação da irmã a um cargo importante na Casa Rosada; - A dupla questiona a demora da gestão Milei em definir e anunciar qual é, de fato, a política econômica argentina a partir de agora. “Ainda não há um plano econômico fechado, a estratégia não foi definida”, afirma Carla. “A sensação que dá é que ele está colocando band-aids para tapar hemorragias”, completa Ariel; - O jornalista conta a curiosa história do bastão presidencial de Milei, que tem gravado as imagens de seus cachorros: Conan, o falecido mastim inglês com quem o presidente argentino diz conversar, e os quatro clones feitos a partir do DNA dele. "A segunda economia da América do Sul será comandada por cartas de tarô e conselhos de um cachorro defunto”, resume; - Por fim, a economista comenta a “personalidade egocentrada” do presidente argentino e como isso irá refletir na relação com o Brasil: “Haverá momento de agressividade e discursos inflamados”.

COP 28: o início do fim dos combustíveis fósseis

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A Conferência do Clima deste ano durou um dia a mais do que o previsto, mas por um bom motivo: para combater as mudanças climáticas, todos os países participantes conseguiram chegar a um acordo para o texto final, que selou a necessidade de o planeta acelerar a transição energética para matrizes renováveis. Mas o acordo foi brando em relação ao que fazer em relação ao petróleo. Para analisar os avanços e as omissões desta edição da COP, Natuza Nery recebe Daniela Chiaretti, repórter especial de meio ambiente do jornal Valor Econômico, que fala diretamente de Dubai, e Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil. Neste episódio: - Daniela apresenta o que considera “as três pontas” que o planeta precisa trabalhar para que o aumento da temperatura global não passe de 1,5°C em relação à média do período pré-Revolução Industrial. São elas: a “discussão do dinheiro”, a ser realizada na COP 29, no Azerbaijão; os “novos compromissos climáticos”, que serão apresentadas na COP 30, em Belém, no Brasil; e a “transição energética”, principal pauta da Conferência deste ano; - Ela comenta o texto que deu forma final aos debates realizados em Dubai, que nasceu de recomendações “desesperadas” de cientistas e teve aprovação de 198 países. “O grande artigo, o elefante na mesa, apresenta um cardápio de oito soluções para a transição energética e pede ações profundas, rápidas e sustentadas”, resume; - Carlo justifica a escolha dos Emirados Árabes Unidos – 7º maior produtor de petróleo do mundo – como sede da COP deste ano, justamente na edição que debateria o futuro dos combustíveis fósseis. “Trata-se de uma boa provocação”, afirma; - O CEO do Pacto Global da ONU destaca o protagonismo brasileiro nesta pauta, afinal “não existe um mundo neutro em carbono se o Brasil falhar”. Ele justifica que temos uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta e, somados ao Congo e à Indonésia, 80% das florestas tropicais do mundo. “Isso traz várias vantagens comparativas para o Brasil”, conclui.

Licença-paternidade: regulamentação urgente

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A Constituição de 1988 ampliou de 1 para 5 dias o tempo de afastamento de homens depois do nascimento de filhos. O texto estabeleceu também que o Congresso precisaria regulamentar a licença, algo que segue em aberto 35 anos depois. Nesta quarta-feira (13), o STF retoma um julgamento para decidir se há ou não omissão do parlamento sobre o tema. Para entender a importância da licença-paternidade ampliada e quais os modelos adotados por outros países - e que podem servir de exemplo para o Brasil -, Natuza Nery conversa com Marcos Piangers, jornalista e autor de “O papai é pop”, e com Odilon Schwerz Burtet, mestre em Direito e Políticas Públicas e autor de “Dá licença: sou pai!”. Neste episódio: - Piangers revela como a paternidade funciona como uma ferramenta de autoconhecimento e pode ser libertadora. "Quando eu descubro na paternidade essa realização, descubro que também tenho uma espécie de chave de prisão. Uma espécie de abertura para não viver mais preso” no que ele chama de “comportamento autodestrutivo”; - Ele pontua como homens que cuidam da família têm vidas mais saudáveis e maior longevidade. Além de contribuir para que mulheres tenham um puerpério mais confortável, sem tanta sobrecarga. “Temos pesquisas que mostram que pais que tiram licença-paternidade estendida se mantêm conectados com os filhos até a adolescência”, diz; - Odilon cita modelos adotados em outros países, como a licença de gênero neutro, num período depois da licença-maternidade. Mas pondera que “independente do modelo que o Brasil vier adotar, tem que desenhar uma política pública para induzir o homem a participar dos cuidados dos filhos”; - E conclui como, além de impactar a vida de famílias inteiras, a licença-paternidade ajuda a diminuir a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. “[A licença estendida] é capaz de diminuir a penalidade da mulher tanto no ambiente de trabalho quanto no ambiente doméstico, nas horas de trabalho não-remunerado”.

A corrida de bilhões do ministro Haddad

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A menos de dez dias do encerramento do ano legislativo, o titular da Fazenda corre contra o tempo para salvar seu projeto de déficit fiscal zero em 2024. Fernando Haddad (PT) precisa aprovar três medidas para aumentar as receitas da União em busca do equilíbrio fiscal - somadas, podem acrescentar até R$ 47 bilhões na arrecadação anual. O ministro ainda vive a expectativa de ver carimbadas pelo Congresso sua reforma tributária e sua proposta orçamentária para o próximo ano. Para explicar o que está em jogo até o recesso parlamentar, que começa em 22 de dezembro, Natuza Nery conversa com Manoel Ventura, jornalista de O Globo, em Brasília. Neste episódio: - Manoel descreve as três medidas fundamentais para Haddad. A mais importante é a MP da subvenção do ICMS, cuja aprovação pode aumentar a arrecadação em R$ 35 bilhões, diz o governo. “Esses números podem mudar porque o Congresso, como sempre, deve desidratar o texto”, afirma. “E no cenário de hoje, mesmo com a aprovação desses projetos, é pouco factível o déficit zero”; - O jornalista comenta as falas de lideranças do PT em um evento do partido durante o fim de semana e as possíveis reverberações delas nas negociações com o Congresso: o tom foi de críticas a um suposto “austericídio fiscal” proposto por Haddad. “Parlamentares dizem que se o PT não apoia, eles não têm por que apoiar. Cria constrangimento ao ministro”, revela; - Ele fala também sobre como o governo está sendo cobrado pela liberação de verbas destinadas a emendas – algumas delas prometidas desde 2019 – por setores do Congresso para obter vitórias nas casas. “É difícil, os parlamentares hoje têm o valor muito alto”, conclui.

Venezuela: a entrada da Rússia na América Latina

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O alinhamento de interesses russos e venezuelanos se dá desde a era Hugo Chávez, mas chegou a seu estágio mais avançado nos últimos dias. As ameaças de Nicolás Maduro para anexar a região de Essequibo, território da Guiana, seguem o mesmo roteiro da anexação russa da Crimeia. Ameaças que podem colaborar como forma de diversionismo em relação ao apoio dos Estados Unidos aos ucranianos diante da invasão russa. Ainda este ano, o autocrata venezuelano vai a Moscou visitar Vladimir Putin. Para explicar os interesses russos na região, tradicional zona de influência americana, Natuza Nery entrevista Vicente Ferraro, cientista político e pesquisador do Laboratório de Estudos da Ásia da USP, com foco em Rússia e Eurásia. Neste episódio: - Vicente faz a retrospectiva da relação entre os dois países e explica por que a partir dos anos 2010 houve uma aproximação ainda maior: “A Rússia começa aquilo que é chamado de projeção para um exterior distante”. Desde então, Putin faz da Venezuela seu “principal instrumento geopolítico na América Latina”; - Ele aponta que o objetivo maior da Rússia é criar “uma divisão mais forte na política externa dos EUA” com o surgimento de um novo foco de tensão - o que beneficiaria os russos na guerra da Ucrânia; - O cientista político analisa como Putin e Maduro usam o “nacionalismo” e a presença de “inimigos externos” para conquistar apoio popular – o venezuelano deve enfrentar eleições presidenciais em 2024, e o russo anunciou recentemente que deve tentar mais um mandato à frente do Kremlin; - Vicente avalia o pedido de ajuda da Guiana aos americanos – que já realizaram exercícios militares dentro do território guianense – e afirma que o Brasil deve apresentar uma “posição mais enfática, pelas vias diplomáticas, mas nenhuma pressão militar”.

Mussum

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No aniversário de 20 anos de "Os Trapalhões", em 1994, Mussum, Renato Aragão e Dedé Santana foram chamados para apresentar o Criança Esperança, campanha beneficente da TV Globo, mas o que era para ser uma data festiva, acabou sendo triste. No dia anterior, o Brasil acordou com a notícia da morte de Mussum. Após sofrer complicações causadas por um transplante de coração, o humorista morreu, aos 53 anos, deixando uma legião de fãs e um legado para a TV, o cinema e a música do país. Desde então, Antônio Carlos é consagrado no imaginário popular como Mussum, o trapalhão, e se tornou um símbolo do reco-reco de metal, do banjo brasileiro e de bordões como "tranquilis", "cacildis" e "como de fatis". Mesmo quase 30 anos após sua morte, o artista continua a inspirar desde obras como a cinebiografia "Mussum, o Filmis" até lugares como o Bar do Mussum, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O acelera e breca da economia brasileira

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O crescimento de 0,1% do PIB no 3º trimestre de 2023 foi recebido como um copo pela metade. O lado meio vazio indica uma desaceleração brusca em relação ao trimestre anterior, que cresceu 0,9%. O lado meio cheio é o desempenho acima do esperado pelo mercado, que projetava resultado negativo. Entre os destaques está o setor de serviço, puxado pelo consumo das famílias, que subiu 0,6%. E o principal sinal de alerta é a taxa de investimento, em queda desde o ano passado, que ficou abaixo de 17%. Para olhar esses dados afundo e avaliar o desempenho da economia brasileira em 2023, Natuza Nery conversa com a economista Juliana Inhasz, professora do Insper, e com o jornalista Vinicius Torres Freire, colunista do jornal Folha de S.Paulo e mestre em administração pública pela Universidade Harvard. - Juliana e Vinicius analisam os resultados do 3º trimestre da economia brasileira - e classificam como “bom” o crescimento de 3% previsto para o PIB deste ano. “O difícil é manter este ritmo, e eu acho que não vai manter”, avisa Vinicius. “O problema é a qualidade do crescimento”, diz Juliana. “Ainda não conseguimos melhorar capacidade produtiva e o lado fiscal”; - A economista elenca os motivos pelos quais acredita que o mercado mudou as expectativas em relação ao governo: a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o controle inflacionário feito pelo Banco Central. Já Vinicius chama atenção para a surpresa dos analistas em relação ao consumo das famílias - que veio mais alto que o previsto. “Ainda falta um impulso, a taxa de investimento é uma das menores do século”, alerta; - Vinicius prevê que, para 2024, a taxa de empregabilidade e a renda média do trabalhador devem se manter estáveis ou até subir timidamente, mas reforça que o investimento só crescerá com juros menores: “E não adianta só dar pontapé no BC”. Juliana acrescenta a necessidade do governo de “captar poupanças privadas e externas” para isso; - A dupla também avalia os primeiros 12 meses do trabalho de Haddad à frente da pasta mais importante da economia. Juliana destaca entre os acertos a reforma tributária; entre os erros, a falta de uma política clara para controle de gastos. O jornalista pondera as limitações enfrentadas pelo ministro – “de um lado, Lula e o PT, e de outro, o Congresso” – e dá nota 8 para ele.

A nota vermelha do Brasil em matemática

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No primeiro ranking do Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) depois da pandemia, a educação brasileira ocupa os últimos lugares. Em matemática, o desempenho foi especialmente ruim: 73% dos alunos de 15 anos não conseguem resolver problemas simples, como converter moedas ou comparar distâncias; o que rendeu ao país a fraca pontuação de 379 (de até 600) e a 52ª posição entre 81 países - atrás, por exemplo, de Costa Rica e Peru. Para explicar as causas e apresentar possíveis soluções para o problema, Natuza Nery fala com Luiza Tenente, repórter de Educação do g1, e com Katia Smole, ex-secretária de educação básica do MEC, diretora-executivo do Instituto Reúna e especialista em formação de professores de matemática. Neste episódio: - Luiza descreve o desempenho brasileiro no Pisa, que se mantém estável nos últimos 10 anos, mas é “bem pior do que a média”. E explica por que o resultado em matemática é tão ruim: “Os alunos dependem mais da escola. E há defasagem cumulativa, pela baixa qualidade das escolas e da formação dos professores”; - Ela comenta o posicionamento do Ministério da Educação em relação aos dados do Pisa. Na lista de ações anunciadas está o foco na formação de professores e a redução dos cursos de licenciatura em formato EAD. “Tem professores que pisam pela primeira vez numa sala de aula depois de formados”, afirma; - Katia avalia que parte do mau desempenho dos alunos brasileiros em matemática se justifica pela “falta de proposta clara para a educação básica no país”. E fala sobre como novos elementos da pedagogia poderiam ser utilizados para tornar o estudo da disciplina mais atraente: “As faculdades deveriam trazer isso para dentro da formação de novos professores”.

O inacreditável caso da Braskem em Maceió

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Na década de 1970, teve início o processo de mineração para extrair, do subsolo da capital alagoana, o sal-gema, minério utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC. Na época, a empresa do ramo de indústrias químicas Salgema – que pouco mais de 20 anos depois seria uma das operações da gigante Braskem – teve autorização do poder público para tal. A operação motivou alertas de risco durante quatro décadas – todos ignorados pelas autoridades públicas. Até que em 2018 evidenciou-se o risco de uma tragédia: tremores de terra abriram crateras no solo e rachaduras em prédios, causando danos irreversíveis a pelo menos 14 mil imóveis. Hoje, cerca de 60 mil pessoas vivem fora de suas casas e o solo de uma área enorme, que engloba pelo menos cinco bairros maceioenses, está afundando, com risco de um colapso total. Para explicar essa história, Natuza Nery entrevista Lenilda Luna, jornalista da UFAL que cobre a atuação da Braskem em Maceió há 27 anos, e Cau Rodrigues, coordenador de conteúdo do g1 Alagoas. Neste episódio: - Lenilda recorda a atuação da Salgema (e da Braskem) desde o começo da mineração, quando alertava-se para um possível risco de vazamento de cloro no ar: “A gente não tinha ideia de que Maceió estava sendo transformada em um queijo suíço”. Ela também critica a “acomodação” da sociedade alagoana e da imprensa diante de um “monstro adormecido”; - A jornalista descreve o processo de subsidência, no qual o subsolo é inundado a cerca de 800 metros de profundidade para se obter o sal-gema, e conta o choque de ver pessoas tendo que abandonar suas casas às pressas, devido ao risco de desabamento, em 2019. “Não parecia lógico que um dia ia desmoronar, não? Tinha uma cidade em cima”, lamenta; - Cau relata a situação das mais de 60 mil pessoas que perderam suas casas e, ainda que tenham recebido indenizações, não conseguem manter o padrão de vida pré-colapso, e o clima de tensão que toma a capital alagoana. “Essa área abandonada hoje é uma espécie de cidade fantasma”, afirma.

Venezuela x Guiana: a liderança do Brasil em xeque

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No domingo (3), o presidente venezuelano Nicolás Maduro confirmou em referendo uma das poucas pautas que une o país: a anexação de Essequibo. Com a aprovação de 95% dos votantes, Maduro subiu o tom na reivindicação do território que atualmente pertence à Guiana e guarda mais de 11 bilhões de barris em reservas de petróleo. Com o aumento das tensões na área de influência do Brasil, o Ministério da Defesa já enviou mais homens e veículos para a fronteira norte - enquanto o presidente Lula tenta contornar o conflito pelas vias diplomáticas. Para explicar o contexto interno e externo da política venezuelana, e apontar qual missão cabe ao Brasil nesse quadro, Natuza Nery conversa com Oliver Stuenkel, professor da FGV-SP. Neste episódio: - Oliver detalha os principais momentos dos quase dois séculos de disputa por Essequibo, um território que já foi colônia holandesa, inglesa e espanhola e que ainda aguarda uma decisão final da Corte Internacional de Justiça da ONU (Organização das Nações Unidas). “É um assunto que realmente une a população”, afirma; - Ele conta como Maduro tenta se apropriar de uma reivindicação muito popular entre os venezuelanos para garantir votos na eleição presidencial prevista para 2024 – e cuja principal opositora, María Colina Machado, está com a candidatura travada na Justiça; - O professor de relações internacionais diz que “o risco de guerra é bastante baixo”. E revela que a Guiana já tem conversas com os Estados Unidos para a instalação de uma base americana no país. “O impacto sobre a reputação da América do Sul é significativo”, explica. “Em função dessas ameaças, pode ser prejudicada a percepção de que a região não tem tensões geopolíticas”; - Oliver comenta o que classifica de “incapacidade brasileira de parar a Venezuela”, um país que não depende política ou economicamente do Brasil. “A crise já produziu algo negativo para o Brasil, e sua liderança regional já é questionada por um país vizinho”, conclui.

Violência patrimonial contra mulheres

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Ana Hickmann (modelo e apresentadora) e Nayara Azevedo (cantora), duas mulheres famosas e bem-sucedidas, denunciaram episódios de violência doméstica. A Lei Maria da Penha define pelo menos cinco modalidades violência: além da física, ela pode ser psicológica, moral, sexual e patrimonial – quando um companheiro, o pai ou mesmo um filho danifica, subtrai ou controla dinheiro e bens da mulher, à revelia de sua vontade. Para contextualizar esse tipo de crime na sociedade, Natuza Nery entrevista Vanessa Almeida, promotora de enfrentamento à violência doméstica na cidade de São Paulo e assessora do Núcleo de Gênero do Ministério Público. Neste episódio: - Vanessa esclarece o que é violência patrimonial e lista as práticas mais comuns desse tipo de crime: dano ao patrimônio, apropriação de rendimentos ou benefícios, e furto ou apropriação de dinheiro, bens e objetos de valor. “A violência é uma escalada. Começa danificando um celular, com uma ofensa e passa para a agressão”, explica; - Ela diz por que muitas mulheres têm dificuldade em sair de uma relação violenta, ainda que vivam situações de terror psicológico por todo o período do relacionamento: “O rompimento é um fator de risco”. E, no caso das vítimas de menor poder financeiro, é ainda mais difícil. “Por isso que, hoje em dia, há medidas protetivas com benefícios assistenciais”, afirma; - A procuradora, por fim, comenta o alto índice de subnotificação de ocorrências de violência de gênero - ainda que o Brasil registre uma média de 1.200 medidas protetivas por dia. “A mulher, quando se vê nessa posição, ela se culpa ou tem medo de ser culpabilizada pela sociedade”, conclui.

Negão

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Seja nos filmes, ou nas esquetes de "Os Trapalhões", Mussum protagonizou várias cenas de humor em que ele era zombado devido à cor retinta de sua pele. Piadas como essas dividiam os espectadores. Algumas pessoas rolavam de rir. Outras acusavam o programa de racismo. Mussum chegou a dizer que o Brasil não era um país de preconceitos raciais, mas, contraditoriamente, afirmou que a TV brasileira era racista. Apesar das críticas de que foi alvo em "Os Trapalhões", o artista tinha orgulho de enaltecer sua negritude e era fã de José do Patrocínio, um dos maiores nomes do abolicionismo do país.

Lula: erros e acertos da política externa

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Em um giro pelo Oriente Médio, o presidente Lula visitou Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, país que sedia a 28ª edição da Conferência do Clima, nessa que é a décima-quinta viagem internacional dele desde que tomou posse em janeiro desse ano – ao todo, foram mais de 2 meses fora do país; estratégia para tentar recuperar o prestígio diplomático brasileiro. Para analisar onde Lula errou e acertou, e projetar os próximos passos das relações internacionais do Brasil, Natuza Nery conversa com o economista Daniel Souza, comentarista da Globonews, professor do Ibmec e criador do podcast Petit Journal, e com o cientista político Guilherme Casarões, professor de relações internacional da FGV-SP. Neste episódio: - Daniel e Guilherme comentam a rodada de encontros do presidente brasileiro com líderes de países árabes. “O mundo árabe nos oferece hoje um cardápio completo de comércio, investimentos potenciais e protagonismo político”, diz Casarões. “Eu fico preocupado com a certa ambiguidade do Brasil em relação a energias renováveis”, diz o economista, ao falar do convite feito ao país para integrar a Opep+. “Acredito que não deveria aceitar”, completa; - Casarões descreve a relação do governo com líderes autoritários como parte de uma estratégia pragmática da diplomacia brasileira: “A crítica a Bolsonaro era sobre personalização excessiva das relações. Lula preserva uma impessoalidade institucional”. Daniel sinaliza incômodos com a visita de Lula ao príncipe saudita. “Quando Lula vai a Riad, ele assume um fardo excessivo”; - O cientista político avalia que a visita de Lula à Alemanha – marcada para depois da COP28 – é o contrapeso da agenda árabe na geopolítica global. “É um momento importante para sinalizar compromisso com os valores ocidentais”, afirma. E Daniel chama a atenção para o potencial estratégico do encontro com o primeiro-ministro alemão pouco antes da data prevista para a celebração do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul (7 de dezembro); - Daniel alerta para a crescente tensão entre Venezuela e Guiana, na fronteira norte do país: “O Brasil é o grande mediador de conflitos na América do Sul e vai ter que transitar nele com muito cuidado”. Casarões concorda e acrescente que, caso a tensão escale para um enfrentamento militar, todos os outros problemas diplomáticos “vão parecer fichinha para o Brasil”. “Será o grande teste do governo Lula”, resume.

A Conferência do Clima no berço produtor de petróleo

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Começa nesta quinta-feira (30) a 28ª edição da COP, encontro anual dos líderes globais para debater e tomar medidas para evitar a catástrofe climática. Neste ano, o encontro será realizado em Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos – sétimo maior produtor de petróleo do planeta – exatamente quando o consumo de combustíveis fósseis está no centro do debate. Para analisar o que se espera da COP deste ano, Natuza Nery entrevista Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima. Neste episódio: - Stela esclarece a pauta principal da agenda de negociações desta COP: o balanço global. “É uma avaliação periódica sobre os objetivos do Acordo de Paris”, afirma. “O que a gente já sabe é que existe uma lacuna entre o que os países propõem e o que precisa ser feito”; - Ela comenta também a expectativa sobre a construção de um fundo para financiar os países que mais sofrem com as mudanças climáticas. “A boa notícia é que parece que vai sair. Mas, para ser operacional, ele precisa de dinheiro”, avisa; - Stela critica o que chama de “conflito claro de interesses”: os Emirados Árabes Unidos sediam a Conferência do Clima. E alerta para as “cascas de banana” que podem aparecer nos acordos firmados para redução do consumo de combustíveis fósseis; - Ela acredita que há uma grande expectativa para um possível protagonismo do Brasil na COP – e destaca a redução no desmatamento da Amazônia como um aspecto positivo para o país. “O Brasil chega com muitos resultados, mas dentro de casa temos lambanças no Congresso Nacional”, conclui.

Tarcísio, as greves e as privatizações em SP

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Os paulistanos acordaram nesta terça-feira (28) com a greve de serviços públicos: metroviários, ferroviários e professores pararam. A mobilização se deu para exigir do governo do Estado mais debates antes da votação, na Assembleia Legislativa de São Paulo, da privatização da Sabesp, empresa de saneamento público paulista. O tema está previsto para entrar na agenda da Alesp na próxima semana – e a perspectiva é de que a empresa vá a leilão. Para analisar a atuação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao capitanear a pauta das privatizações, e a relação dele com o Legislativo e com a população, Natuza Nery conversa com Fabio Zambeli, jornalista e vice-presidente da Ágora Assuntos Públicos. Neste episódio: - Zambelli afirma que o conjunto de greves em São Paulo “funciona como um palanque para a pauta de privatizações” e são uma oportunidade para que o governador “defenda e acelere o processo de privatizações”, em especial a joia da coroa, a Sabesp. “Seria um troféu pra ele, inclusive para novos voos políticos”, resume; - Ele avalia que o maior desafio de Tarcísio é “manter alinhamento e lealdade ao grupo de Bolsonaro e, ao mesmo tempo, conversar com a política tradicional”. Para esta função, ele depende do secretário de Governo e Relações Institucionais, Gilberto Kassab (PSD), que embora tenha seu poder fragilizado, é o articulador político da gestão; - Zambelli comenta o racha “superficial” de parte do bolsonarismo paulista com o candidato de Bolsonaro ao governo do Estado, na esteira da crise da energia elétrica e da Enel: “É um recado para o governo, mas não vai causar dificuldade no plano de leiloar a Sabesp ano que vem”; - O analista político também avalia a “tênue linha da relação de Tarcísio com Bolsonaro” - e cita o episódio da reforma tributária para exemplificar as resistências que o governador de SP enfrenta ao discordar do ex-presidente. “Não precisa muito para Bolsonaro se insurgir contra seu pupilo”, conclui.

STF e PGR: os escolhidos de Lula

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Foram quase dois meses de espera, até que nesta segunda-feira (27) o presidente Lula anunciou a indicação de Flávio Dino para uma vaga no Supremo, e de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República. Agora, Dino e Gonet devem ser sabatinados pelos senadores e ter os nomes avaliados em Plenário. Para explicar as decisões de Lula, analisar o estado das relações entre os Três Poderes e discutir o que esperar de Dino e de Gonet caso sejam aprovados, Natuza Nery recebe Andréia Sadi, apresentadora da Globonews, e colunista do g1. Neste episódio: - Sadi aponta que a data das indicações revela um presidente em busca de pacificar as relações entre os Três Poderes, dias depois de o Senado aprovar a PEC que limita a atuação do STF: "A gente veio de uma semana em que uma crise estava se desenhando"; - A jornalista sinaliza como, com Dino e Gonet, Lula agradou o Senado, o Supremo e “deixa na chuva o PT”, partido que tinha outros nomes na lista de preferências. “Lula, no jogo de agradar as várias alas, só desagradou o partido”, resume; - Ao comentar a escolha para o STF e como a diversidade fica prejudicada na Corte, Sadi fala que o nome da ministra Simone Tebet é apontado como opção para comandar a Justiça, na vaga aberta por Dino; - Sadi e Natuza concluem a conversa analisando a indicação de Paulo Gonet à PGR, um nome mais conservador, e o que a escolha diz sobre o governo Lula 3. “Lula não se apaixonou por Gonet”, resume. “O nome está na cota dos ministros do Supremo, apoiado por Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes”, afirma. “Lula ouviu que se quisesse previsibilidade, indicaria Gonet”, finaliza.

Inteligência Artificial - avanço x controle

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Sam Altman foi um dos fundadores da empresa de inteligência artificial Open AI e uma das mentes por trás da criação do celebrado ChatGPT. Duas semanas atrás, ele foi demitido do cargo de CEO da Open AI, mas a demissão foi rapidamente revertida: três dias depois, a Microsoft, principal investidora da empresa, o contratou - agora, ele tem um acordo para voltar à posição de CEO da Open AI. O vai-e-vem de Altman simboliza a crescente preocupação com o futuro da inteligência artificial e seus mecanismos de controle e proteção. Para explicar tudo isso, Natuza Nery entrevista Carlos Affonso Souza, professor da UERJ e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade. Neste episódio: - Carlos Affonso comenta como o caso da demissão de Sam Altman da Open AI explicita um “cabo-de-guerra" entre dois modelos de desenvolvimento de inteligência artificial: o conselho da empresa defendia um processo mais cauteloso, já Altman queria liberar produtos e serviços ao público. “De um lado fica a segurança, de outro a inovação”, resume; - Ele afirma que a regulação sobre a inteligência artificial precisa ser “feita pelas leis do direito e pela ação governamental, mas também por medidas como incentivos econômicos e aspectos sociais”. Um exemplo seria o uso de marcas de identificação da origem de um conteúdo, “um caminho de regulação que misturaria tudo isso”; - Carlos Affonso analisa as propostas de regulamentação de inteligência artificial debatidas na Europa e nos Estados Unidos. “A proposta europeia é abrangente e avança pelo caminho da segurança. Nos EUA, estão dando o primeiro passo para criar uma estrutura administrativa”, afirma. “O risco é que governos criem regulações incapazes de lidar com a inovação”, conclui.

O Trapalhão

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Conhecido por colocar "is" no final das palavras, Mussum foi um dos protagonistas de "Os Trapalhões". Foi com esse papel que Antônio Carlos cravou de vez sua fama de humorista, embora negasse ter talento para a profissão. Ao lado de Renato Aragão, Dedé Santana e Mauro Gonçalves, o carioca gravou 25 filmes e incontáveis esquetes de humor. Tudo isso sob o nome do maior quarteto da história da comédia nacional. Mas, assim como na carreira de músico, nos Originais do Samba, Antônio ganhou, nos "Trapalhões", não só uma legião de fãs, como também algumas dores de cabeça, com o impacto de sua fama e brigas por dinheiro entre o elenco.

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