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Dalai Lama – o líder budista em xeque

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Nascido com o nome de Tenzin Gyatso, ele foi reconhecido ainda bebê como a 14ª encarnação de Buda – se tornando líder espiritual e chefe de estado do Tibete. Durante décadas, foi o símbolo da busca pela paz entre o governo central da China e os tibetanos, cujo território está sob o comando de Pequim. Sua história rendeu o prêmio Nobel da Paz em 1989 e homenagens em pelo menos dois filmes de Hollywood na década de 1990. Nos últimos anos, no entanto, sua imagem vem sendo arranhada por deslizes públicos, o mais grave deles registrado em vídeo, no qual tenta encostar a língua na boca de uma criança. Para descrever a trajetória do líder budista e o que ele representa na geopolítica local, Julia Duailibi recebe Marcelo Lins, apresentador e comentarista da GloboNews, e Paulo Menechelli, pesquisador da diplomacia cultural da China e cofundador da rede Observa China. Neste episódio: - Marcelo descreve como Tenzin foi identificado ainda na infância como Dalai Lama, e quais são as funções e responsabilidades do cargo. E justifica por que é “difícil desassociar os processos” de sua perda de prestígio internacional e do crescimento do poder econômico, político e cultural da China; - Ele também comenta os dois “episódios condenáveis” protagonizados por Dalai Lama. O primeiro deles, em 2019, quando fez “uma brincadeira de mau gosto e machista”. O mais recente, “ainda mais vergonhoso” e que tira dele “as condições de liderar seus seguidores”; - Paulo explica a estratégia de Xi Jinping de “contar bem as histórias da China”, e como isso se relaciona com o Tibete e o Dalai Lama, “temas sobre os quais Pequim não gosta que se fale na agenda internacional”; - Ele relata como a cobertura da mídia chinesa sobre o episódio de Dalai Lama com a criança integra “a narrativa chinesa de que ele fomenta a independência do Tibete por interesses estrangeiros” - e como Pequim tentará se aproximar ao máximo do processo de sucessão para o próximo líder tibetano.

Redes sociais – os desafios para moderar conteúdo

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A tentativa de golpe de 8 de janeiro impôs ao governo a pauta da regulamentação das redes sociais contra fake news e incitação ao crime. As tragédias em escolas de São Paulo e de Santa Catarina deflagraram a urgência de agir para limitar não só a produção, mas a divulgação de mensagens de ódio. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar as redes e o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), cobrou as empresas que controlam as maiores plataformas. Para apontar em que pé está este debate, Julia Duailibi conversa com Patrícia Campos Mello, repórter do jornal Folha de São Paulo e autora do livro “A Máquina do Ódio: notas de uma repórter sobre fake news e violência digital”, e Carlos Affonso Souza, professor da UERJ e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade. Neste episódio: - Patrícia relata que Lula (PT) e Dino trabalham numa regulação “que muda o cerne do Marco Civil da Internet”, para responsabilizar as empresas controladoras das redes sociais a agir contra conteúdos criminosos antes mesmo de ordens judiciais; - A jornalista também explica como a lei de regulação europeia e um episódio de terrorismo que virou caso na Suprema Corte americana inspiram o projeto enviado pelo governo, com foco na “transparência dos algoritmos”: “É algo que as redes sociais precisam se responsabilizar”, diz; - Carlos Affonso aprofunda o debate sobre a fronteira entre a necessidade de moderação e o risco de censura: “Uma lei sem regras claras pode criar mais confusão do que solução para este problema”, afirma; - Ele explica também que, além da questão do conteúdo, a cobrança do Estado é por “mais transparência e clareza sobre o funcionamento da publicidade”. E conclui que é preciso estabelecer uma entidade de controle sobre as regras que serão definidas em lei.

Os 100 dias do governo Lula - balanço e projeções

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O terceiro mandato presidencial de Lula (PT) teve início na grande festa da posse, que recebeu mais de 300 mil pessoas. Poucos dias depois, em 8 de janeiro, a mesma Brasília foi palco de um ataque terrorista protagonizado por bolsonaristas que tentaram um golpe de Estado – que fracassou. Na sequência, Lula se aproximou dos líderes dos três Poderes, ordenou a troca no comando do Exército e avançou na retomada de programas sociais que têm a marca das gestões petistas. Em seu ato mais recente, ofereceu um breve cessar fogo nas críticas contra a política de juros aplicada pelo Banco Central para que Fernando Haddad, ministro da Fazenda, apresentasse o projeto da regra fiscal que substituirá o teto de gastos – recebido com elogios e desconfiança pelo Congresso e mercado. Para explicar o que de mais importante aconteceu até aqui e projetar o futuro deste governo, Julia Duailibi conversa com Fábio Zambeli, vice-presidente executivo de assuntos públicos da Ágora e jornalista dedicado à cobertura política há três décadas. Neste episódio: - Zambeli afirma que o processo de transição foi totalmente alterado após o 8 de janeiro, mas que Lula fez “dos limões, uma limonada”: “Funcionou como um validador institucional para o governo” e ajudou na relação com o Congresso, com o Supremo e com os entes federativos; - Ele também comenta o cenário econômico. Na pasta da Fazenda, Haddad “busca validações do mercado, do sistema financeiro, dos empresários e da indústria” e enfrenta resistências dentro do próprio PT. Na guerra contra os juros, Lula conquista sua “grande vitória política”; - Na relação com as Forças Armadas, Zambeli entende que o 8 de janeiro “permitiu ao Lula ejetar o antigo comandante do Exército”, de perfil bolsonarista, e substitui-lo pelo General Tomás Paiva, responsável pelo discurso de despolitização dos militares. A troca, afirma, “foi uma segunda posse de Lula”; - O jornalista ainda aponta os desafios que o petista irá enfrentar pelos próximos anos, a começar pela variação no preço do petróleo e seu potencial “efeito cascata na economia”. E, no médio prazo, caso o PIB não atenda às expectativas, a questão que se coloca é se “Lula vai acelerar o desenvolvimentismo, na linha Dilma, ou se vai trabalhar com os pés no chão, seguindo a cartilha do Haddad”.

Ataque em escolas – como falar com as crianças

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Nesta quarta-feira, 4 crianças foram mortas e outras 5 ficaram feridas em um ataque a uma creche de Blumenau, em Santa Catarina. Horas depois da tragédia, o governo federal anunciou R$ 150 milhões para a segurança de escolas, além da formação de um grupo para discutir e apresentar propostas em até 90 dias. No contexto de tanta violência - são 24 ataques em instituições de ensino em 20 anos – surge a dúvida de como falar sobre os ataques com crianças e adolescentes. Para orientar famílias e professores, Julia Duailibi recebe a pedagoga Elvira Pimentel, pesquisadora do Grupo sobre Educação Moral e do Instituto de Estudos Avançados, ambos na Unicamp. Neste episódio: - Elvira aponta a dificuldade de blindar as crianças de terem acesso a notícias de ataques a escolas e que as famílias devem responder às demandas apresentadas, adequando a fala de acordo com a idade. “Se a criança apresentar medo, valide o sentimento dela”, recomenda; - Em relação aos adolescentes, ela explica a importância de “se conectar com os sentimentos deles” e orientá-los em relação ao discurso de ódio: “a ideia é que seja uma conversa, não um confronto”; - A pedagoga comenta a importância da ação do governo de lançar olhar sobre este tema, ouvindo profissionais de várias áreas. “Na escola, é fundamental a construção de uma política que fomente a convivência”, conclui.

Bolsonaro de frente com a PF

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O primeiro dos pacotes recheados de joias foi entregue em mãos pelas autoridades da Arábia Saudita ao ex-presidente. Outros dois – um deles carregado com itens que totalizam mais de R$ 16 milhões – chegaram ao Brasil junto da comitiva liderada pelo ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Além das peças milionárias, os três pacotes têm em comum o fato de terem entrado no país de forma ilegal. Para investigar os potenciais crimes cometidos nesta série de eventos, a PF abriu um inquérito e intimou Bolsonaro e diversos de seus aliados – entre eles o seu faz-tudo, o Coronel Mauro Cid. Para explicar essa história, Julia Duailibi conversa com Carlos Andreazza, colunista do jornal O Globo e apresentador da rádio CBN e do podcast Dois + Um. Neste episódio: - Andreazza aponta as diversas perguntas ainda sem respostas nos casos que envolvem o ex-presidente – inclusive a suspeita de lavagem de dinheiro com a ditadura saudita. “Jair Bolsonaro, mesmo usando o aparelho do Estado, agiu para reaver estes itens e levar pra casa”; - Ele afirma que a “possibilidade da inelegibilidade de Bolsonaro é concreta”, sobretudo em relação ao caso que corre na Justiça Eleitoral sobre a reunião de caráter golpista promovida pelo ex-presidente com embaixadores em 2022. E avalia que a descoberta de que seu ex-ministro da Justiça usou a PF e a PRF para realizar operações na data da votação do 2º turno pode comprometê-lo ainda mais, inclusive entre os eleitores; - O jornalista também analisa como Bolsonaro deve usar o discurso de perseguição para se fortalecer politicamente, mesmo em caso de inelegibilidade. “Será que o bolsonarismo sobreviveria sem Bolsonaro na eleição? Eu acho que sim”, afirma.

Trump – acusação e futuro político

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Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, um ex-presidente é acusado formalmente de cometer um crime. O republicano se apresentará a um tribunal de Nova York nesta terça-feira (4) e, de acordo com a imprensa dos EUA, ouvirá cerca de 30 acusações. Ele vai ter a oportunidade de se defender do suposto crime ocorrido em 2016, quando seu advogado teria subornado a ex-atriz pornô Stormy Daniels para se calar sobre a relação extraconjugal que ela afirma ter vivido com Trump – o que ele nega. Para a Justiça americana, o caso pode representar fraude eleitoral. Para explicar o futuro de Trump, e da corrida eleitoral à Casa Branca no ano que vem, Julia Duailibi recebe Guga Chacra, comentarista da TV Globo em Nova York e colunista do Jornal O Globo. Neste episódio: - Guga descreve o passo a passo do dia de Trump diante da Justiça americana: ele será fichado, fotografado e chamado a se pronunciar culpado ou inocente. Do lado de fora da corte, Guga relata que “foram convocadas manifestações, mas Trump não é popular na cidade”; - O jornalista relata o clima político depois do anúncio da acusação: o ex-presidente “conseguiu energizar a base trumpista” e recebeu o apoio de seus principais rivais dentro do Partido Republicano, sob alegação de “perseguição política”; - Guga também avalia que todas as demais acusações contra Trump “estão bem avançadas” e que são casos mais “sérios e mais perigosos para o ex-presidente". E afirma que, de acordo com a Constituição dos EUA, nenhuma acusação irá tirar dele o direito de ser candidato em 2024.

O Brasil e a memória da ditadura

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Pela primeira vez em 5 anos, as Forças Armadas não celebraram a data que marca o golpe militar de 1964. É mais uma sinalização de perda de poder político da instituição que sofreu dois reveses na última semana: a decisão inédita do TRF-2 de excluir da Lei de Anistia um sargento que estuprou uma presa política em 1971, e o retorno da Comissão de Anistia – composta de nomes indicados pelo presidente Lula (PT) – desta vez com a possibilidade de reavaliação de casos já negados. Para explicar estes recentes movimentos em favor da memória e reparação, Natuza Nery entrevista Rogerio Sottili, diretor executivo do Instituto Vladimir Herzog. Neste episódio: - Rogério fala sobre a importância “simbólica e política” da reparação às vítimas da ditadura, um processo que foi interrompido com o impeachment de Dilma Rousseff e precarizado nos anos de Jair Bolsonaro. “O Brasil vive sob o manto da impunidade, que possibilita a violência diária ainda hoje”, afirma; - Ele comenta o julgamento do STF em relação à Lei de Anistia e defende que os crimes de lesa-humanidade (como tortura e estupro) não estão submetidos a ela: “Ninguém está preocupado com crimes do passado, mas com o presente e o futuro do Brasil”; - Rogério acusa os militares – que assumiram a Comissão da Anistia no mandato de Bolsonaro – de “sinalizarem ameaças” e "se confundirem sobre o seu papel” no regime democrático: “Uma visão completamente avessa à democracia”;

A nova regra fiscal

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Durante a campanha à presidência, Lula (PT) deixou claro que uma de suas prioridades na pauta econômica seria o fim do teto de gastos. Depois de quase 100 dias de mandato, finalmente a proposta que substituirá o teto foi apresentada publicamente. Sob comando do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a equipe econômica tentou um malabarismo para encontrar uma fórmula que unisse responsabilidade fiscal com expansão do investimento público - e a versão que veio a público recebeu elogios de políticos, agentes do mercado financeiro e até do presidente do Banco Central. Para analisar a regra e suas repercussões políticas e econômicas, Natuza Nery conversa com a jornalista Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN. Neste episódio: - Maria Cristina descreve as principais ideias apresentadas na proposta da nova regra fiscal: um limite para a expansão do gasto atrelado ao crescimento da receita, e um horizonte para o país alcançar superávit fiscal e estabilizar a dívida pública. “Haddad atingiu seu primeiro objetivo”, afirma; - A jornalista explica como o ministro da Fazenda conseguiu uma “virada surpreendente” na relação com o mercado financeiro. “Haddad costurou esse apoio, e sabia que seria mais fácil para ele do que para o presidente Lula”, diz; - Ao analisar a recepção dos parlamentares à proposta, Maria Cristina lembra que, nos últimos anos, o “Congresso colocou um garrote no governo" e criou o mecanismo das emendas de relator para driblar a restrição orçamentária. “O orçamento secreto é filho do teto de gastos”, resume; - Ainda no Congresso, ela aponta as dificuldades que o governo Lula irá enfrentar na tramitação do texto num momento de “divisão estabelecida entre Câmara e Senado”, resultado da queda-de-braço dos chefes das duas Casas pelo controle das comissões mistas.

A explosão de violência dentro das escolas

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Nesta segunda-feira (27), um adolescente de 13 anos, armado com uma faca, atacou colegas e professores na escola onde estudava, na Zona Oeste de São Paulo. Alvo de seu ex-aluno, a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, morreu. Este ataque brutal não é ato isolado e tem características que se repetem nos mais de 20 massacres contabilizados em escolas brasileiras nas últimas duas décadas - um fenômeno que se acelerou desde agosto do ano passado, período no qual ocorre mais de um ataque por mês em todo o país. Na maior parte dos casos, os autores dos ataques, em ambiente online, publicam conteúdo e integram grupos com temas supremacistas e violentos. Para analisar este cenário, Natuza Nery recebe Talma Vinha, professora da Faculdade de Educação e coordenadora do grupo “Ética, Diversidade e Democracia na Escola Pública”, do Instituto de Estudos Avançados, ambos na Unicamp. Neste episódio: - Telma descreve o perfil dos alunos e ex-alunos que invadem as escolas em atos violentos: são do sexo masculino, brancos, jovens, misóginos, “vivenciaram bullying”, têm “gosto por violência” e apresentam “sinais de transtornos psiquiátricos”; - Ela relaciona os massacres ao “aumento da cultura da violência” e destaca os aspectos midiáticos destes eventos, que são abertamente debatidos em fóruns, comunidades e jogos online. “Nestes grupos, eles se sentem acolhidos”, afirma; - A pesquisadora explica os fatores de “adoecimento psíquico” que atingem estes jovens: empobrecimento pós-pandemia, falta de acesso a lazer e cultura e “nenhuma perspectiva de futuro”. E afirma que é fundamental “políticas públicas integradas” nas escolas; - Telma também aponta quais os sinais podem ser observados jovens com potencial violento: obsessão por armas de fogo e agressividade contra mulheres, negros e grupos menorizados.

Ozempic - a caneta do emagrecimento

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A Anvisa aprovou, pela primeira vez no Brasil, um medicamento dedicado ao tratamento da obesidade. Trata-se do Wegovy, que foi liberado em janeiro deste ano e cujo princípio ativo é a semaglutida – o mesmo do já conhecido Ozempic, remédio que trata a diabetes tipo 2, mas tem sido usado para a perda de peso. Injetado via caneta aplicadora, ele tem custo alto (quase R$ 1.000 por caneta), e é considerado seguro. Mas tem efeitos colaterais e deve ser usado só sob orientação médica. Para apresentar os benefícios e perigos da semaglutida e falar sobre métodos de controle de peso saudável, Natuza Nery conversa com Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, e com a nutricionista Sophie Deram, coordenadora do projeto sobre genética dos transtornos alimentares no Instituto de Psiquiatria da USP. Neste episódio: - Paulo explica como a semaglutida age no organismo e porque apresentou resultados tão promissores em estudos sobre controle de peso. “É o mais eficaz que já tivemos em todos os tempos”, resume; - O médico também alerta para o risco do uso inadequado do medicamento, sem acompanhamento de um profissional, buscando apenas “o desejo social da perda de peso” - o aumento das vendas sem prescrição, inclusive, pode levar ao desabastecimento nas farmácias; - Sophie questiona a cultura do emagrecimento, e diz que a desnutrição é efeito colateral padrão de dietas restritivas. “Será que perder peso é um ganho para a saúde?”, pergunta; - Ela afirma que a grande maioria das pessoas que fazem dietas restritivas recupera o peso perdido, e resume em três pontos a fórmula saudável para o emagrecimento: não fazer restrições abruptas, não comer ultraprocessado e cozinhar. “Comida fresca e cozinhar com frequência parecem elementos simples, mas não são fáceis”.

Israel: protestos históricos e a democracia em xeque

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Há três meses, ondas de manifestantes avançam sobre as ruas de diversas cidades israelenses – um fenômeno que culminou no maior dos atos, com mais de 600 mil pessoas, neste fim de semana, e decretou greve geral. O estopim foi a exoneração do ministro da Defesa, demitido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu depois de se opor à proposta do governo de uma reforma do Judiciário. Netanyahu se uniu aos partidos mais radicais e ultra religiosos para voltar ao poder em novembro do ano passado, após sucessivos escândalos de corrupção. Desde então, acentuou a guinada de Israel à extrema-direita. Para descrever os protestos contra a reforma judiciária e os riscos à democracia e à segurança dos grupos minoritários, Natuza Nery conversa com Paola de Orte, correspondente da GloboNews e do jornal O Globo no Oriente Médio, e com Michel Gherman, professor de sociologia da UFRJ e do Instituto Brasil-Israel. Neste episódio: - Paola narra o clima das ruas de Tel Aviv: o que dizem os manifestantes, os serviços paralisados, a reação da polícia e a ameaça de radicais conservadores. Ela alerta para o risco de que, em breve, "pode ser que comecem os atos de violência"; - A jornalista informa como a proposta de reforma polariza a sociedade israelense, gera oposição até de setores militares e “abala a segurança e a economia do país” - resultado da aliança inédita entre Netanyahu e os grupos extremistas religiosos: “Esse é um momento definidor”; - Michel descreve os “três pontos fundamentais” da reforma do Judiciário: a escolha dos juízes da Suprema Corte, a possibilidade do Parlamento de reverter decisões do Supremo e a perseguição a grupos minoritários. “É um projeto de autoritarismo e ditadura, sem sombra de dúvida”, afirma; - Ele também explica que Israel passa por um “momento inédito”, mas é também a ponta de lança de um movimento transnacional de extrema-direita e neofascista, do qual fazem parte Trump, Orban e Bolsonaro. “Quem vai salvar Israel é a sociedade civil. A extrema-direita perde diante da frente ampla”;

Apostas esportivas: o risco de resultado manipulado

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Um levantamento que monitorou mais de 850 mil jogos de mais de 70 esportes no mundo concluiu que o Brasil foi o país com o maior número de suspeitas de manipulação de resultado no ano passado. O caso mais simbólico é o escândalo de suborno de atletas que atuaram na Série B do Brasileirão em 2022 para interferirem em determinadas partidas – uma investigação conduzida pelo Ministério Público de Goiás, que cogita também manipulações nos estaduais Gaúcho e Mineiro. Já em Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), olha para o setor de apostas online como um potencial fonte de recursos para melhorar o ambiente fiscal. Ele anunciou que deve regulamentar e taxar a atividade, que podem gerar até R$ 6 bilhões ao ano em arrecadação. Para explicar todo o universo das apostas eletrônicas, Natuza Nery conversa com Gabriela Moreira, repórter de esportes da Globo que teve acesso a documentos e áudios da investigação do caso da Série B, e com Pierpaolo Bottini, advogado e professor de direito penal na USP.

INÉDITO - Novos dados sobre aborto no Brasil

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Dados inéditos, que serão publicados na Pesquisa Nacional de Aborto – Brasil, revelam que em 2021 o número de mulheres que admitiu ter realizado o procedimento caiu em relação a 2010: são 10% das brasileiras, ante 15% da década passada. O trabalho também identifica que em 52% das vezes, o aborto ocorreu quando a mulher tinha menos de 19 anos. A antropóloga Debora Diniz, uma das autoras do estudo, conversa com Natuza Nery para revelar mais descobertas e análises da pesquisa. Neste episódio: - Debora descreve o perfil da mulher que faz aborto no Brasil: é muito jovem, tem religião e está em todas as classes sociais, cores e regiões do país - mas há concentração em negras e indígenas, de baixa escolaridade e que vivem no Nordeste. “Estamos falando de meio milhão de mulheres por ano”, afirma; - Ela informa que uma a cada duas mulheres finaliza o aborto no hospital, resultado da “insegurança e clandestinidade” do procedimento: “Com a criminalização, não conseguimos cuidar das mulheres”; - A antropóloga alerta para o “aumento nas barreiras para a mulher no sistema de saúde” dos últimos 4 anos. E fala sobre a expectativa para que o atual governo enfrente a questão de direitos reprodutivos como “política de saúde pública”; - Debora também destaca a “maré verde” que tomou a América Latina nos últimos anos, em contraste ao que aconteceu nos Estados Unidos. “Agora é a região do mundo de mais avanço na legislação do aborto”.

Lula rumo à China e a nova relação com Pequim

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A partir do domingo (26), o presidente lidera uma comitiva de ministros, governadores, parlamentares e mais de 200 empresários para o outro lado do planeta. Numa das viagens diplomáticas mais importantes do ano, o governo federal tenta refazer laços com seu principal parceiro comercial – uma relação prejudicada pelo discurso sinofóbico da gestão anterior. Para dimensionar o tamanho da China para a economia brasileira e a posição estratégica dessa relação, Natuza Nery conversa com Fernanda Magnotta, coordenadora do curso de relações internacionais da FAAP. Neste episódio: - Fernanda esclarece o que a China “representa para o Brasil” hoje: além de principal parceiro comercial, realiza investimento em áreas de infraestrutura e é aliado na defesa de mecanismos multilaterais de diplomacia. “É uma viagem importante, estratégica e simbólica”; - Ela descreve os últimos movimentos da “triangulação China-EUA-Brasil": enquanto a economia chinesa avança para ocupar espaço em tecnologia e inovação, Washington passa a ver Pequim como “competidora e concorrente”. “O Brasil é mais um desses espaços de disputa”, afirma; - Fernanda também explica por que uma abordagem “econômica e pragmática” na relação com a China é a melhor para o Brasil. “Temas políticos, como a guerra da Ucrânia, são espinhosos”, conclui.

Juros – como eles afetam você e a economia

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O Comitê de Política Monetária, o Copom, anuncia nesta quarta-feira (22) se mantém a taxa básica de juros no patamar atual. O presidente Lula já demonstrou reiterada vezes que considera “absurda” a manutenção da Selic a 13,75% - maior taxa de juros reais (descontada a inflação) do mundo. A decisão do Copom vale até a próxima reunião do comitê, agendada para o início de maio, e pode ser decisiva para o crescimento do PIB brasileiro. Para explicar a repercussão da taxa de juros na vida real, Natuza Nery recebe o economista Robson Gonçalves, consultor da FGV-SP. Neste episódio: - Robson explica o que é a Selic e a função dos juros na economia. “Pode ser entendido como um remédio contra a inflação”, define, e pondera que, na dose errada, tem “efeitos colaterais como frear o crescimento econômico”; - Ele opina sobre a decisão que será anunciada pelo Copom e aposta que haverá um racha dentro do comitê para manter a Selic ou para baixá-la. “Precisa reconhecer que não temos uma inflação de demanda”, afirma; - O economista também alerta para o perigo da “taxa de juros alta demais” até para o sistema bancário, e comenta a decisão do governo em baixar à força a taxa para o empréstimo consignado do INSS; - Por fim, Robson relaciona como a taxa de juros pode determinar o aquecimento do mercado de trabalho – e o peso que ela tem na decisão de grandes montadoras em congelar a produção.

Lula 3 e a reciclagem de programas petistas

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Nesta segunda-feira (20), o presidente anunciou o retorno do programa Mais Médicos, numa versão repaginada em relação àquele que entrou em vigor na gestão Dilma Rousseff, em 2013. E não foi a primeira repaginada do terceiro mandato. O governo federal relançou o Minha Casa Minha Vida com novidades e começou a pagar o novo Bolsa Família, no valor mínimo de R$ 600. Para detalhar o que os programas têm de diferente e o que motiva a volta dessas marcas petistas, Natuza Nery conversa com Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: - Bernardo destaca o aspecto “vale a pena ver de novo” do terceiro mandato de Lula (PT): na falta de uma “marca nova” para esta gestão e diante de uma relação mais difícil com o Congresso e a oposição, o presidente investe em um “passado mais cor de rosa do que realmente era”; - Ele destaca a especificidade do Mais Médicos, que foi lançado no mandato de Dilma e alvo de muitas críticas pelas entidades da categoria. Na nova versão do programa, Lula "reage às críticas do bolsonarismo” e prioriza médicos brasileiros; - O jornalista explica também que o modelo seguido pelo presidente é o do mandato Lula 2 – e como o governo busca evitar ser associado ao governo Dilma. "A fórmula é a mesma”, afirma Bernardo, em relação ao período de 2007 e 2010. “É a ideia que o Estado tem papel importante na economia”.

Dor nas costas – um problema de saúde mundial

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Os sintomas se multiplicam como um contágio. Dores na coluna, na lombar e no pescoço, cuja origem se dá no modo de vida: muito tempo sentado e pouca ou nenhuma atividade física - um quadro que se acentuou na pandemia e que lidera as motivações para afastamentos do trabalho. Para tratar do tema, Natuza Nery conversa com o médico Francisco Sampaio Júnior, neurocirurgião especialista em coluna vertebral do hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Neste episódio: - Francisco Sampaio justifica por que estamos, em sentido figurado, diante de uma “epidemia de dores nas costas”: 80% das pessoas tem, teve ou terá este problema, segundo a OMS; - Ele relata que recebe em consultório pacientes com menos de 10 anos, e alerta que é um quadro ainda mais grave porque crianças estão em “desenvolvimento ósseo, articular e muscular”. “Essa geração vai sofrer mais e antes”, lamenta; - O médico explica o que é um “pescoço de texto”, uma condição identificada recentemente, e que se relaciona com o aumento no uso de smartphones e tablets: “Aumento de 100% a 150% de carga nos discos intervertebrais”; - E, por fim, Francisco alerta para a importância dos exercícios físicos para evitar a sobrecarga na região. “O corpo humano não foi feito para ficar parado. Parou, deu problema”, conclui.

Terror no Rio Grande do Norte: a situação carcerária

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Desde o início da semana, mais de 30 cidades do estado – entre elas a capital Natal – foram tomadas por uma onda de crimes: atentados a tiros e incêndios a prédios públicos, comércios e veículos. Ao longo dos dias, a violência dos ataques aumentou, sob a orientação de líderes de facções criminosas que estão detidos no sistema prisional. A Força Nacional de Segurança desembarcou no estado com 100 militares e deve ser reforçada por mais 120 homens para dar fim à situação. Para entender o que motivou o levante contra a população, Natuza Nery conversa com Bárbara Coloniese, perita do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, e Juliana Melo, antropóloga e pesquisadora da UFRN. Neste episódio: - Bárbara revisitou unidades prisionais do estado e relata que pouco mudou desde o massacre de Alcaçuz, em 2017. Ela descreve condições “insalubres” para os detentos: alimentação “precária e imprópria para consumo”, acesso limitado à agentes de saúde, superlotação e agressões de agentes penitenciários; - Juliana explica como e por que os detentos se revoltaram contra a tutela do Estado: eles sofrem “violações de direitos” - como choques elétricos e maus tratos com familiares – e apelam à violência. “Quanto mais uma prisão é violenta, mais uma sociedade é”, afirma; - A antropóloga descreve a origem e o avanço das organizações criminosas pelo território brasileiro. No caso do Rio Grande do Norte, explica que as duas facções mais poderosas podem ter se unido; - E ela demonstra ceticismo em relação à política de enviar as lideranças de facções para presídios federais: “Mais violações de direitos humanos e expansão do crime organizado”.

Etarismo – como ele leva a outras violências

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O caso da universitária de 40 anos alvo de piadas de três estudantes no interior de São Paulo não é isolado. Com a população vivendo cada vez mais, é preciso desconstruir preconceitos sobre a idade “padrão” para cumprir determinadas tarefas. E o chamado etarismo – ou idadismo - é porta para outros tipos de agressão. A OMS calcula que 15% da população idosa do planeta sofre com algum tipo de violência: agressões, maus-tratos, violência psicológica e roubos dentro da própria família. Para entender o que é o etarismo e os meios para combatê-lo, Natuza Nery conversa com Naira Dutra Lemos, professa da Unifesp e membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerentologia, e Bibiana Graeff, professora do curso de gerentologia da USP. Neste episódio: - Naria diz que o etarismo, a discriminação por idade, não é exclusiva do envelhecimento: “é quando a idade faz com que o preconceito aconteça”, citando também casos contra crianças e adolescentes; - Ela explica por que o preconceito em relação às pessoas mais idosas é a porta para casos de violência física e psicológica; - Bibiana detalha os tipos mais frequentes de violência contra idosos: “negligência, abandono, e depois, todos os tipos de violência psicológica”, situações que levam ao “silenciamento” de pessoas idosas; - E aponta caminhos para desconstruir o preconceito de idade, com investimento em políticas públicas e educação formal e informal sobre o envelhecimento; “a base de tudo é a educação e a cultura”, conclui.

A falência do banco SVB e os efeitos no Brasil

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A maior corrida bancária da história dos EUA aconteceu na semana passada. Em um dia, as retiradas chegaram a US$ 42 bilhões, depois que o Silicon Valley Bank resolveu vender parte de seus investimentos – reflexo da alta dos juros da maior economia do mundo. Com os saques recordes, logo ficou claro que o SVB não teria dinheiro suficiente para pagar seus clientes. Resultado: o banco quebrou. Dois dias depois, o Signature Bank também precisou de intervenção federal. O temor de uma crise parecida com a de 2008, fez o governo Joe Biden anunciar medidas para evitar um efeito dominó. Para entender as causas e as consequências da quebra do banco, Natuza Nery recebe a economista Monica de Bolle, professora e pesquisadora que fala direto de Washington.

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