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1547 episodes from Brazil

Navalny: o homem que desafiou Putin

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Crítico do líder russo, Alexey Navalny jogou luz em alguns dos escândalos do Kremlin e mobilizou protestos no início da década de 2010. Em 2020, seu nome se tornou mundialmente conhecido, depois de ele ter sido envenenado. Tratado na Alemanha, o opositor de Vladimir Putin retornou à Rússia e foi preso – seu paradeiro é até agora desconhecido. A investigação sobre a tentativa de matá-lo, conduzida pelo próprio Navalny, é o tema de um documentário premiado no Oscar. Para entender quem é o homem considerado “pedra no sapato” do presidente russo e explicar seu passado contraditório, Natuza Nery recebe a jornalista brasileira Marina Darmaros, que entrevistou Navalny em 2011, e Daniel Sousa, comentarista da GloboNews e criador do podcast Petit Journal. Neste episódio: - Marina relembra a efervescência de protestos em 2010, quando Navalny emergiu como líder da oposição, e por que o ativista resolveu voltar ao país depois de ser envenenado: “Não existe carreira política no exterior”, ao lembrar que uma de suas ambições era tornar-se presidente; - Ela relata o encontro que teve com ativista em 2011 e o “clima de suspense” que já havia em torno de Navalny à época; - Daniel aponta como Navalny é “uma liderança política extremamente popular” e, mesmo preso, mantém a posição de principal antagonista do presidente russo; - Ele analisa como a maneira com que Putin trata o opositor revela o status da Rússia atual, “um regime que vem se fechando ao longo do tempo”, diz. E conclui como é interessante para Moscou manter Navalny vivo.

5 anos do assassinato de Marielle Franco

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Às 21 horas da noite de 14 de março de 2018, a vereadora pelo Psol e seu motorista, Anderson Gomes, foram emboscados e executados no centro do Rio de Janeiro. Imediatamente, autoridades brasileiras e representantes de quase todo o mundo condenaram o crime de motivação evidentemente política e cobraram que houvesse investigação independente e rápida identificação dos assassinos. Cinco anos depois, dois ex-policiais militares foram acusados pela execução, mas ainda não se sabem quem e por que encomendou a morte de Marielle. Agora, sob determinação do ministro da Justiça, Flávio Dino, a PF abriu inquérito do caso e vai atuar em uma força-tarefa com a polícia civil e o MP do Rio. Para recapitular cada detalhe das investigações e esclarecer o status jurídico do caso, Natuza Nery recebe Vera Araujo, repórter que cobre o crime desde o início pelo jornal O Globo e autora do livro “Mataram Marielle”, e Rafael Borges, presidente da comissão de segurança pública da OAB-RJ e coordenador da pós-graduação em advocacia criminal do Ceped. Neste episódio: - Vera aponta as falhas que atrapalharam a investigação, as acusações de interferência no caso e os episódios nos quais delatores tentaram desviar a atenção dos policiais, em um jogo de poder entre milícias em guerra. “Eles não tinham ideia de que o assassinato teria tanta repercussão”, afirma; - a jornalista conta a reação da família de Marielle diante das investigações e o que motivou o pedido – e a recusa do STJ – de federalização do caso. “Já estava no governo Bolsonaro e a família não confiava na esfera federal”; - Rafael explica o que significa a abertura de inquérito pela PF e quais são os requisitos necessários para a federalização do caso: “É inegável que os agentes da PF poderiam ter contribuído muito mais se estivessem na investigação desde o início”; - Ele recorda que a execução de Marielle ocorreu sob intervenção e a “segurança pública do estado era cuidada por um general do Exército” - o interventor era Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice de Bolsonaro.

Coronel Cid: o faz-tudo de Bolsonaro

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Oficial com mais de 20 anos de Exército, Mauro Cid foi escalado para a função de ajudante de ordens do ex-presidente pouco antes da posse, em 2018. Nos quatro anos de mandato, ultrapassou todos os limites de suas funções e conquistou a confiança irrestrita de Bolsonaro – com quem esteve envolvido em diversos escândalos, entre eles a divulgação de fake news em lives presidenciais, a suspeita de rachadinha no Planalto e o mais recente, o das joias milionárias enviadas pelo governo saudita. Para definir o perfil de Mauro Cid e relatar seus passos nos bastidores, Natuza Nery recebe Guilherme Mazui, repórter do g1 em Brasília, e Andréia Sadi, colunista do g1 e apresentadora e comentarista da GloboNews. Neste episódio: - Guilherme descreve as funções do tenente-coronel como ajudante de ordens da Presidência: ajudava em lives, filmava o “cercadinho” e até encaminhava pagamento de demandas particulares da família Bolsonaro: “Ganhou confiança e se tornou conselheiro do presidente”; - Sadi conta que até o último dia de mandato de Bolsonaro, o ajudante de ordens “se escalou como o artilheiro” do governo: Cid teria se oferecido para ir pessoalmente à alfândega do aeroporto de Guarulhos para resgatar as joias trazidas da Arábia; - Ela explica o papel de Mauro Cid na tentativa de livrar o ex-presidente do escândalo das joias, e como o discurso muda a cada passo da investigação: “A justificativa deles é de que uma coisa é o presidente, outra é a Presidência”; - Por fim, Sadi detalha a quais investigações o tenente-coronel está submetido – inclusive aquela na qual ele pagaria as contas de Bolsonaro irregularmente. E informa que os dois, o ex-presidente e seu ajudante de ordens, seguem em contato: “Uma fonte me disse que, se alguém sabe de Bolsonaro, com certeza é o Cid”.

A ditadura da Nicarágua e a relação Lula-Ortega

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Ao mesmo tempo em que o ditador Daniel Ortega acirra sua cruzada autocrática para permanecer no poder, uma comissão independente enviada pela ONU ao país reforçou que o governo vem cometendo violações graves e sistemáticas contra opositores. No Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, dos oito países que produziram o documento, apenas um se recusou a condenar os crimes: o Brasil. Para explicar o que vem acontecendo no país da América Central e as relações entre Ortega e Lula (PT), Natuza Nery conversa com Paulo Abrão, professor visitante na Universidade Brown (EUA) e assessor sênior da ONG Artigo 19, e com o sociólogo Celso Rocha de Barros, colunista do jornal Folha de S.Paulo e autor do livro “PT, uma história”. Neste episódio: - Paulo relata a escalada de protestos e de repressão violenta por parte do governo e de grupos paramilitares que marcou a guinada autoritária de Ortega, em 2018: “O tempo aprofundou o Estado de exceção e submeteu o povo a práticas de terrorismo de Estado”; - Ele lembra que, assim que eclodiu a crise política no país, a Igreja Católica “assumiu o papel de mediação” com o governo, mas, posteriormente, entrou na lista de organizações perseguidas, junto de partidos de oposição, ONGs e a imprensa; - Celso retoma as relações entre a fundação do PT (1980) e a revolução sandinista (1979), que compartilhavam do ideal de “socialismo democrata”, para explicar o silenciamento do partido em relação aos desvios do regime de Ortega: “É um erro do PT”; - O sociólogo compara e aponta as diferenças entre o momento político internacional em que Lula assumiu seu primeiro mandato e agora: “Havia muitos países com esquerda democrática. Agora, uma ditadura pode queimar o filme da esquerda em todo o continente”.

O déficit de mulheres na política

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Nas eleições de 2022, o número de candidatas eleitas à Câmara dos Deputados cresceu, mas ainda de forma muito tímida: enquanto as mulheres são 53% do eleitorado, ocupam 17,7% das cadeiras no parlamento. Em 2020, dos 5.560 municípios brasileiros, apenas 677 elegeram prefeitas. São números que classificam o Brasil na 140ª posição entre os 190 países avaliados por um ranking global de representatividade feminina. Os problemas enfrentados por mulheres em cargos políticos, no entanto, são globais: as primeiras-ministras de Finlândia, Nova Zelândia e Escócia, já sofreram com ataques misóginos. Para analisar esse cenário, Natuza Nery conversa com a cientista política Mônica Sodré, diretora executiva da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade. Neste episódio: - Mônica avalia o peso da violência e da falta de apoio financeiro que as mulheres enfrentam dentro de estruturas partidárias e de poder público - e de que modo as mudanças na legislação vêm ajudando na inclusão de gênero: “Mas ainda não são suficientes”; - Ela explica que os partidos políticos são “fundamentais para o jogo eleitoral e institucional” da democracia, mas são majoritariamente dirigidos por figuras masculinas: “A primeira barreira é a campanha, a segunda é a eleição e a terceira barreira é dentro do parlamento”; - A cientista política aponta quais modelos adotados internacionalmente apresentaram resultados melhores na atração e manutenção de mulheres em cargos públicos, e apresenta proposta para garantir espaço a deputadas e vereadoras nas mesas diretoras do Legislativo.

As joias da Arábia para Michelle Bolsonaro

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Em outubro de 2021, a comitiva liderada pelo então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque desembarcou no aeroporto de Guarulhos carregando pelo menos duas malas com joias – que, supostamente, foram enviadas pelo governo saudita. A mala que trazia presentes para a ex-primeira-dama ficou retida pela Receita Federal – a outra, chegou às mãos da Presidência. Desde então, o governo Bolsonaro envolveu militares, três ministros e até a alta cúpula da Receita para reaver as peças cravadas em diamante, estimadas em R$ 16,5 milhões. Para desfazer os nós dessa história, que vai ser investigada pela Polícia Federal, Natuza Nery conversa com Vladimir Netto, repórter da Globo em Brasília, e com Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: - Vladimir detalha a cronologia do caso, desde o embarque da comitiva na Arábia Saudita até a última das oito tentativas do governo Bolsonaro de reaver de forma irregular as joias retidas na alfândega: “Investigadores têm indícios fortes de que o governo queria esconder a entrada desses itens”; - Ele lista quais os crimes investigados pela PF e conta quem são os alvos do inquérito aberto nesta segunda-feira (6): descaminho, peculato, lavagem de dinheiro, contrabando, tráfico de influência e corrupção; - Bernardo questiona as circunstâncias em que as joias chegaram às mãos do ex-ministro Bento Albuquerque e as motivações para que tenham entrado escondidas no Brasil: “É um caso revelador do caráter do governo Bolsonaro”; - Ele afirma que, do ponto de vista de imagem pública, este caso pode ser “mortal” para Jair e Michelle Bolsonaro: “Já tem muito político tentando se afastar”.

George Santos e suas mentiras nos EUA

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Filho de brasileiros, o primeiro republicano abertamente gay foi eleito no ano passado para o Congresso dos Estados Unidos. Depois de conseguir o feito inédito, George Santos passou a ser acusado de mentiras, e se tornou famoso pela soma de histórias falsas. Entre casos inventados, exagerados, e um passado desconhecido, ele agora é investigado pelo Comitê de Ética da Câmara dos Deputados. Para contar a sequência de mentiras e onde o processo aberto na semana passada pela Câmara dos EUA pode parar, Natuza Nery conversa com o repórter da revista piauí João Batista Jr., e com Carolina Cimenti, correspondente da TV Globo em Nova York. Neste episódio: - João Batista Jr., o primeiro jornalista brasileiro a falar com Santos, conta como o deputado mentia repetidamente sobre seu currículo antes mesmo de ser eleito; - O repórter avalia o que pode estar por trás de algumas das mentiras mais graves, como a ocultação das razões do crescimento do patrimônio e do financiamento da campanha do republicano; - Carolina relata que as investigações abertas no Congresso envolvem principalmente suspeitas de atividades ilegais durante a campanha do ano passado; - Ela descreve as baixas chances da apuração parlamentar prosperar. "O Comitê de Ética não é conhecido por conduzir investigações agressivas", diz.

Redpill - a misoginia como lucro

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A ameaça do auto titulado “coach de masculinidade” Thiago Schutz à atriz Livia La Gatto por uma paródia de um de seus vídeos é o mais recente episódio de um comportamento que ganha volume nas redes sociais. Avolumam-se conteúdos com discurso de ódio direcionado a mulheres e movimentos como os ‘redpills’, ‘incels’ e ‘mgtows’ encontram terreno fértil para propagar teorias criminosas – tudo isso sob uma lógica de distribuição em rede que rende muito dinheiro. Natuza Nery conversa com a cientista política Bruna Camilo, pesquisadora da PUC-MG sobre misoginia e redes de ódio, e com Tainá Aguiar Junquilho, pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Sociedade. Neste episódio: - Bruna traduz o significado de termos que integram o debate de gênero, entre eles o “masculinismo” - ela se infiltrou em grupos extremistas e observou o uso de termos ofensivos como “diabolheres” e “merdalheres”; - Bruna explica a relação entre a formação desses grupos misóginos com a expansão da extrema-direita e a radicalização política: “Gênero é categoria de poder”; - Tainá relata a dificuldade que o Judiciário enfrenta para punir discursos de “microviolência”, ou seja, que não representam crimes, mas “reforçam a cultura machista”; - Ela descreve o funcionamento dos algoritmos em rede para amplificar falas odiosas, e como as grandes empresas de tecnologia podem reprimi-las.

O caso das vinícolas e trabalho escravo

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Presos sob o controle de uma empresa que atende a três grandes vinícolas da Serra Gaúcha, 207 trabalhadores foram libertados em uma ação da Polícia Federal e do Ministério Público do Trabalho. De acordo com a investigação, eles foram submetidos também a situações de tortura – espancados com choques e spray de pimenta – depois de serem aliciados na Bahia com a promessa de trabalho remunerado em Bento Gonçalves (RS). Não se trata de um caso isolado: em 2022, mais de 2,5 mil pessoas foram resgatadas em situações análogas à escravidão. Coordenador da Conaete (Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas), Italvar Medina conta a Natuza Nery os detalhes da operação. Natuza conversa também com Natalia Suzuki, coordenadora do programa “Escravo nem pensar”, o primeiro do tipo em alcance nacional. Neste episódio: - Italvar relata como foi o resgate dos trabalhadores da região produtora de vinhos no Rio Grande do Sul: “Foram constatados condição de trabalho degradante, servidão por dívidas e trabalho forçado, com agressões”; - Ele afirma que o episódio das vinícolas gaúchas não é caso isolado, e que em outros ramos de atividade também é comum que grandes empresas patrocinem mão de obra escrava; - Natalia reforça que o trabalho escravo é “recorrente e constitutivo da forma de produção” de vários setores: “Temos falhado em resolver este problema de forma muito séria”; - Ela comenta a fala “absurda, racista e preconceituosa” do vereador de Caxias do Sul, que culpabiliza os trabalhadores pela condição a que estavam submetidos: “Infelizmente, esse discurso é recorrente entre os empregadores”.

Militares golpistas - a investigação no STF

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Desde o resultado do 2º turno das eleições presidenciais, se avolumaram manifestantes golpistas nas portas dos quartéis do Exército. E nada foi feito. Quando as sedes dos três Poderes foram invadidas, em 8 de janeiro, há indícios de que não só os militares nada fizeram, como colaboraram com o ato terrorista. De lá para cá, a justiça civil denunciou mais de 900 pessoas, enquanto a justiça militar, zero. Na segunda-feira (27), o ministro Alexandre de Moraes decidiu atender a um pedido da PF e trouxe a investigação militar do tribunal correspondente para seu gabinete no STF. Para relatar e analisar esta história, Natuza Nery recebe Rafael Moraes Moura, repórter do jornal O Globo em Brasília, e o historiador Carlos Fico, professor da UFRJ. Neste episódio: - Rafael detalha quais são as 8 apurações preliminares no Ministério Público Militar e aponta a “dúvida do MPM” em relação à decisão de Alexandre de Moraes; - O jornalista também traduz o que significa o afago do presidente do Supremo Tribunal Militar à decisão de Moraes: “Aparar as arestas”. E informa que ministros do STM estão desconfortáveis com a sinalização de que o STF “não gosta e nem confia na justiça militar”; - Carlos Fico explica o surgimento da Justiça Militar, que estabeleceu o “primeiro tribunal superior do Brasil”. Uma instituição, afirma, que em vários momentos “se degenerou, sobretudo nas ditaduras do Estado Novo e do governo militar”; - O historiador justifica por que o ataque de 8 de janeiro é especialmente grave para a instituição militar: as Forças Armadas sempre fizeram questão, afirma, da garantia dos poderes constitucionais, mas “quando os três Poderes foram atacados, os militares fizeram muito pouco ou foram lenientes”.

A volta do imposto sobre combustíveis

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Quando o preço do litro da gasolina bateu recordes pelo Brasil em 2022, Jair Bolsonaro (PL) aprovou às pressas, em junho do ano passado, um pacote de desoneração dos impostos sobre os combustíveis - tendo em vista as eleições que seriam realizadas em outubro. A medida avaliada como eleitoreira à época foi mantida por Lula (PT), válida por 60 dias a partir do momento de sua posse. Com a aproximação do fim do prazo, o presidente teve que decidir se arcaria com o peso político da alta nas bombas ou com o risco fiscal de abrir mão de quase R$ 29 bilhões: Lula optou por dar fim à desoneração. Para desenhar as peças neste tabuleiro, Natuza Nery recebe o jornalista Alvaro Gribel, colunista do jornal O Globo. Neste episódio: - Alvaro explica a “bomba que Bolsonaro deixou armada” e porque fica “cada vez mais difícil para o atual governo justificar a desoneração” - é preciso olhar para frente e não para o curto prazo, afirma: “Vai colher benefícios como queda dos juros e crescimento da economia”; - Ele aponta como a desoneração dos combustíveis fósseis é um “contrassenso do ponto de vista ambiental”, sobretudo enquanto o governo busca lapidar uma agenda verde; - O jornalista projeta as ações de longo prazo de Lula para lidar com as variações no preço internacional do petróleo e do câmbio interno: “Criar um fundo de estabilização”; - Por mim, Alvaro diz por que a exposição pública das divergências internas nas pautas econômicas se traduz em “efeito negativo, ruído e incerteza”. Por outro lado, afirma, se Haddad conseguir um “projeto que traga confiança” a economia pode voltar a crescer – mas, caso seja um pacote fraco, “o efeito será exatamente o contrário”.

Burnout no pós-pandemia

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Exaustão física e mental, insônia, falta de concentração, desânimo, irritabilidade, aversão ao trabalho... Estes são alguns dos sintomas que fazem alguém “se queimar por dentro”, daí o nome burnout. A síndrome está relacionada ao esgotamento do trabalho e registrou alta durante o período de isolamento social por causa da pandemia. Mas mesmo com o fim do isolamento, as notificações continuam em alta, com profissionais expostos à sobrecarga prolongada, com demandas maiores e prazos menores. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Bruno Chapadeiro, psicólogo, professor da UFF e perito judicial em saúde mental, e com Joana Story, professora adjunta da Escola de Administração de Empresas da FGV. Neste episódio: - Bruno diferencia o burnout de outros quadros de stress e ansiedade: “É um conjunto de sinais e sintomas”, que representam uma exaustão sempre relacionada ao trabalho; - Ele chama a atenção para a necessidade de encarar saúde mental e saúde física de maneira integrada. “Se a pessoa tem insônia ou dor na coluna, ela passa a se culpar por essas dores estarem superiores à sua capacidade de produzir”, diz; - Joana explica como a saúde mental do trabalhador está diretamente relacionada ao equilíbrio entre demanda e recursos. “Quando temos muito mais demandas do que recursos, é um indício de que poderemos entrar em esgotamento emocional”, explica; - A professora aponta ainda bons e maus exemplos de liderança que podem amenizar ou potencializar o risco de burnout, e como os próprios profissionais podem impor limites para afastar a síndrome: “Uma das coisas mais difíceis, mas que é necessário, é impor limites e dizer não”.

1 ano de guerra: como está a vida na Ucrânia

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No dia 24 de fevereiro de 2022, após discurso nacionalista inflamado, o presidente russo Vladimir Putin anunciou que o “exercício militar” de seu exército invadiria o território do país vizinho. Era o começo de uma guerra que, no início, muitos analistas apostavam que duraria poucos dias. Mas os russos não conseguiram tomar Kiev, e, turbinada por armas e milhões de dólares concedidos pelas maiores potências ocidentais, a Ucrânia equilibrou o conflito. Avizinhando-se à data simbólica de 1 ano de invasão russa, as tensões se acirraram de lado a lado: Zelensky recebeu Joe Biden na capital e Putin abandonou o acordo nuclear que mantinha com os EUA. Para analisar o momento da guerra, Natuza Nery conversa com Felipe Loureiro, professor de relações internacionais da USP. Antes, Rodrigo Carvalho, enviado especial da Globo à Ucrânia, descreve como estão hoje as principais cidades do país e conta o que pensam os ucranianos. Neste episódio: - Rodrigo conta suas impressões de Kiev, capital onde a “rotina ainda é muito invadida pela guerra”: os moradores precisam conviver com o risco de bombardeios e sob o som das sirenes - tão recorrentes que são até ignoradas por muitos ucranianos; - Ao visitar outras cidades, ele diz ter visto “mais destruição do que reconstrução” nos prédios e casas e muitas pessoas ainda traumatizadas pelos violentos ataques do exército russo: “É a morte como cenário”; - O jornalista também relata a condição das crianças no país invadido: de acordo com a Unicef, são 7 milhões no país e todas elas sofrem de estresse traumático da guerra, e metade ainda não voltou à escola; - Felipe Loureiro explica por que está “pessimista” em relação à possiblidade de um cessar fogo ou pelo fim da guerra: “A situação atual é uma corrida por ofensivas”.

Racismo religioso – o ódio para além do culto

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A punição para quem pratica o crime de intolerância religiosa está mais dura desde o meio de janeiro – a pena passou de 1 a 3 anos de prisão para até 5 anos para quem empregar violência contra manifestações ou práticas religiosas. Uma medida necessária para frear o crescimento acelerado de crimes de fundo religioso. Em 2022, foram mais de 1.200 ocorrências no Brasil, o que significa um aumento de 45% em relação a dois anos antes. Em entrevista a Natuza Nery, Magali do Nascimento Cunha, pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião, explica os motivos que levam ao aumento do número de casos. Natuza conversa também com o babalorixá Adailton Moreira, responsável pelo terreiro de candomblé Ilê Omijuarô. Ele fala sobre o impacto da violência na vivência das religiões de matriz africana. Neste episódio: - Magali descreve como se construiu o “casamento entre grupos religiosos e grupos políticos” no Brasil, uma relação que se fortaleceu a partir de 2010 e culminou na eleição de Bolsonaro em 2018 e no combate ao que supostamente seria uma “cristofobia”; - Ela explica o processo histórico no qual a “demonização” das religiões não cristãs se soma à intolerância racial para consolidar o que hoje se chama de “racismo religioso”; - Adailton relata o crescimento dos ataques contra religiões de matriz africana nos últimos 4 anos e cobra do Estado a responsabilidade para proteger a liberdade religiosa; - Ele conta como o racismo religioso e a violência “afetam profundamente” a todos que professam crenças de matrizes africanas: “Crianças não podem se manifestar, e isso é negar sua identidade e a sua cultura”.

A tragédia no litoral de SP e a questão da moradia

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O Litoral Norte de São Paulo, principalmente a cidade de São Sebastião, sofreu a mais poderosa tempestade que o Brasil já viveu: em 15 horas, a precipitação foi de 683 milímetros de água, mais do que choveu em todo o verão passado. A enxurrada levou ao desabamento de terra da Serra do Mar e, somada à falta de planejamento urbano e ao enxugamento crescente dos recursos para atendimentos de emergência climática, destruiu dezenas de casas e deixou cerca de 50 mortos e mais de 40 desaparecidos. Morador da Vila do Sahy há mais de 20 anos, Moisés Teixeira Bispo, líder da Central Única das Favelas (Cufa) em São Sebastião, viveu a tragédia e relatou a Natuza Nery a situação na região. Natuza recebe também Anderson Kazuo Nakano, professor do Instituto das Cidades da Unifesp. Neste episódio: - Moisés conta como a comunidade da Vila do Sahy cresceu e foi avançando para áreas de risco, situação que classifica como “entre a cruz e a espada”: “É muita desigualdade. Se a gente desce, fica muito caro. Se a gente sobe o morro, é perigoso”; - Anderson explica o que é o “nó da terra”: a dificuldade para acessar e conseguir terra urbanizada, com infraestrutura e bem localizada para construções populares, uma vez que os terrenos são caros e estão sob ataque especulativo; - Ele justifica o “grande paradoxo” urbanístico do Brasil: embora a maioria das cidades sejam urbanas e exista um “ordenamento jurídico-urbanístico muito bom”, não existe política urbana bem consolidada entre os entes federativos; - O professor descreve como as comunidades de baixa renda são “espremidas” entre os condomínios de alto padrão – mais próximos do mar – e as áreas em risco de desabamento.

Ministério da Saúde - reconstrução pós-Bolsonaro

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Nos últimos quatro anos, a pasta teve cinco ministros – sendo um deles o militar que “não conhecia o SUS” - e enfrentou a mais severa pandemia dos últimos 100 anos. E fracassou retumbantemente. O presidente de turno insistiu em tratamentos comprovadamente ineficazes. O programa nacional de imunização, outrora orgulho nacional, demorou a receber as vacinas e registra as mais baixas taxas de vacinação infantil em décadas. E o país chega ao quarto ano da crise sanitária com média de mortes por Covid quase três vezes maior que a mundial. A atual gestão, liderada pela ex-presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, se dedica a reconstruir o ministério, mas até aqui apresenta resultados tímidos. Para fazer o balanço dos primeiros 45 dias do mandato Lula (PT) na saúde e apontar onde estão as principais urgências, Natuza Nery recebe Luana Araújo, infectologista e especialista em saúde pública. Neste episódio: - Luana analisa a demora por parte do atual governo em adotar ações efetivas, mas pondera que o ministério foi encontrado “totalmente destruído”; - Ela afirma que agora, período em que o país está entre ondas de Covid, é o momento certo para iniciar uma campanha de imunização. E reforça a necessidade de o Ministério assumir a coordenação com estados e munícipios; - A infectologista também avalia a quantidade de médicos a serviço do SUS: “Nosso problema hoje não é a falta de médicos, é a distribuição e retenção desses profissionais”. E pede para que a nova gestão trabalhe para interiorizá-los e para que dê a eles a estrutura adequada.

Novo Ensino Médio: os avanços e as lacunas

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Aprovada em 2017, a Lei que instituiu a reforma do ensino médio estabeleceu que o novo currículo seria obrigatório a partir de 2022. Concluído o ano letivo que se passou, os primeiros problemas se apresentaram em escolas de todo o país. Agora, diante da ampliação do currículo prevista para este ano e para 2024, o chefe do Ministério da Educação tem sido pressionado para revogar o modelo vigente. Para apresentar os erros e acertos do Novo Ensino Médio, Natuza Nery entrevista a pedagoga Anna Helena Altenfelder, doutora em psicologia da educação e presidente do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária). Neste episódio: - Anna afirma que é fundamental repensar o formato educacional, com mais liberdade de escolha aos alunos e levando em conta o mundo do trabalho. Mas lembra que o modelo já apresentava “lacunas importantes” desde o início; - Ela apresenta também os dois principais problemas do Novo Ensino Médio como está previsto: a desigualdade de oportunidades para os alunos e a falta de estrutura, apoio e treinamento para professores e gestores; - A pedagoga explica por que a reforma traz o grande risco de estados trabalharem muito isoladamente – e sugere a criação de um sistema nacional de educação, nos moldes do SUS.

O que está por trás do caso dos OVNIs nos EUA

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Nos últimos 8 dias, a Força Aérea americana abateu 4 objetos voadores entre a costa leste da Carolina do Sul e o Alasca, do outro lado do continente norte-americano. Criou-se um mistério tal que o governo envolveu o departamento de Defesa, o FBI e a Nasa para encontrar uma resposta – o porta-voz presidencial teve até que vir a público para negar a hipótese de uma invasão alienígena. Pelo contrário, a suspeita da Casa Branca é que seja uma atividade bastante humana: espionagem. O primeiro objeto, um balão, seria um artefato de espionagem enviado pelo governo chinês; Pequim nega. Para explicar a lógica da espionagem internacional e os impactos do atual incidente, Natuza Nery recebe Gunther Rudzit, professor de relações internacional da ESPM, e Thiago de Aração, diretor da Arko Advice e pesquisador do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos de Washington. Neste episódio: - Gunther justifica por que os Estados Unidos são, de fato, “a grande potência” do planeta: seu sistema de inteligência tem mais 300 satélites de uso militar em órbita; - Ele também analisa a “paranoia americana” herdada dos anos de Guerra Fria: “são temores antigos do subconsciente coletivo que estão voltando”, afirma, mas, agora, em relação à China; - Thiago diz que episódios como este podem ter acontecido “muitas vezes”, mas que, agora, diante do conhecimento público, exige de Joe Biden e Xi Jinping uma “narrativa diferente e mais agressiva”; - Ele especula sobre os avanços do nacionalismo chinês: caso a economia derrape, aumentam as possibilidades de uma ofensiva sobre Taiwan.

A Turquia pós-terremoto vista de perto

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Os tremores de terra que abalaram o país e a Síria há uma semana provocaram a maior tragédia natural da história recente das duas nações: o número de mortos já passa de 37 mil e, segundo a ONU, pode até dobrar. Uma destruição que se reflete em milhares de edifícios tombados e numa população que chora suas perdas e não tem um teto para dormir. O jornalista Murilo Salviano, correspondente da TV Globo em Londres, passou a última semana entre as cidades turcas de Adana, Antáquia, Kahramanmaras, Ilicek e Gaziantep, as mais afetadas pelos terremotos. Ele conta à Natuza Nery o que viu e sentiu durante seu período no país. Neste episódio: - Murilo descreve os “sentidos” diante da tragédia: sons de máquinas de resgate e choro de familiares de vítimas, cheiros de fumaça e poeira, e sensação de frio de até -10°C; - O jornalista relata os “milhares de quilômetros de destruição” que testemunhou e a dificuldade das equipes de resgate para vencer os escombros em busca de sobreviventes – e como a demora no atendimento gerou “revolta” da população; - Ele recorda as conversas que teve com os bombeiros turcos – eles chamam a atenção para quais tipos de prédios foram destruídos. Murilo informa ainda qual o status das investigações sobre os responsáveis pela queda de construções: são mais de 100 presos até agora; - Murilo se emociona ao lembrar do abraço que recebeu de uma mulher turca que perdeu o filho, o neto e a nora na tragédia.

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