🇧🇷 Brazil Episodes

1550 episodes from Brazil

Para entender a sucessão em SP

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A recém-anunciada saída de Márcio França (PSB) tende a afunilar a disputa pelo comando do Estado mais rico e populoso do país em três nomes: Fernando Haddad (PT), que hoje lidera com folga as pesquisas, e os tecnicamente empatados Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB). “É corrida de chegada, não de largada", adverte o jornalista Fábio Zambeli, lembrando que o petista já é amplamente conhecido, ao contrário dos outros dois. Peculiar, também, porque nem todos têm padrinho: enquanto Haddad se escora em Lula, e Tarcísio é obra de Bolsonaro, Garcia, ocupante do cargo, luta para se desvincular do desgastado antecessor, João Doria, e afastar o fantasma de Geraldo Alckmin -personificação do PSDB para o eleitor paulista, o ex-governador migrou para o PSB e estará no palanque de Haddad. Na conversa com Renata Lo Prete, o analista-chefe da plataforma Jota em São Paulo analisa os possíveis efeitos do “fator Alckmin” e os movimentos de Lula e Bolsonaro em território no qual competem de forma mais acirrada do que na média nacional. Para o ex-presidente, “já seria vitória” ver seu candidato no segundo turno. Para o atual, seu ex-ministro da Infraestrutura, de perfil menos belicoso do que o chefe, pode ser isca para recuperar votos perdidos no Estado. Zambeli contempla a possibilidade de “fim de uma era” -jamais o PSDB esteve sob tanto risco de perder seu reduto de quase três décadas. Mas considera prematura qualquer previsão de resultado, levando em conta que serão quase "duas eleições distintas": a que se desenrola na capital e na Grande SP, onde o voto é pendular ao longo dos anos, e a do interior, tradicionalmente à direita.

As armadilhas do cigarro eletrônico

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Tecnológico, mais bonito e com melhor aroma que a versão tradicional, os vaporizadores atraíram os jovens. Estudos recentes das universidades federais de Minas Gerais e de Pelotas apontam que aproximadamente um a cada cinco jovens entre 13 e 24 anos já experimentou pelo menos uma vez o aparelho – embora sua comercialização seja proibida desde 2009. E, nesta semana, a proibição da venda foi mantida pela Anvisa, em uma decisão unânime. “É uma lenda urbana que o cigarro eletrônico seja um redutor de danos”, afirma Jaqueline Scholz, professora livre docente da Faculdade de Medicina da USP e diretora do programa de treinamento contra tabagismo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas. Entrevistada por Natuza Nery neste episódio, a cardiologista chama a atenção para “a rapidez e a intensidade com que a dependência da nicotina se instala nos usuários desse produto”. Um exemplo é o da cantora Solange Almeida, que relata seu caso em depoimento neste episódio, dizendo que o uso comprometeu até sua voz. A médica Jaqueline Scholz conta que já atende adolescentes com níveis de nicotina tão altos quanto de adultos fumantes e já se sabe das consequências do consumo nos países onde é legalizado: a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares é semelhante ao do cigarro comum, “com a diferença de ser em faixa etária mais nova”. Jaqueline comenta também sobre como a indústria tabagista vem tentando reverter o “marketing falido” dos cigarros convencionais e a pressão do lobby sobre legisladores e médicos.

A queda de Boris Johnson

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O primeiro-ministro do Reino Unido perdeu, apenas nos últimos dois dias, mais de 40 integrantes de seu governo. A debandada e as críticas crescentes de aliados do próprio partido vêm após a revelação de que Boris Johnson sabia desde 2019 das denúncias de abuso sexual contra um de seus aliados e que, mesmo assim, o promoveu e disse não saber de nada. A nova crise é apenas mais uma da série de inverdades descobertas sobre o mandato do premiê conservador, conta o jornalista Ernani Lemos, chefe do escritório da Globo na Europa. Em conversa com Natuza Nery direto de Londres, Ernani descreve o premiê como um "narcisista inveterado". Considerado oportunista pela opinião pública, o que explica parte de sua resiliência, está também o desprendimento em descartar aliados de acordo com a conveniência. “As escolhas dele foram mostrando que o projeto era só de poder”, explica. Segundo Ernani o futuro do arranjo do comando britânico é imprevisível, pelas características do líder do Partido Conservador. Mas nenhuma mudança de rumo a curto prazo é provável, mesmo após a saída do premiê. Em posições urgentes, como a guerra da Ucrânia, relação com União Europeia e o combate à pandemia, os partidos são unidos: “o país deve continuar na mesma direção, independente de quem seja o comandante", conclui.

A crise Argentina aprofundada

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Inflação acumulada na casa dos 60% e a moeda em desvalorização recorde perante o dólar. Junto com o cenário de deterioração econômica, o país vive o conflito entre o presidente Alberto Fernández e a vice, Cristina Kirchner – rixa que atingiu o ápice nos últimos dias, com a renúncia do ministro da Economia ao mesmo tempo em que Cristina fazia um discurso criticando a política econômica do país. “O governo está paralisado”, resume Janaína Figueiredo em conversa com Natuza Nery neste episódio. Repórter especial do jornal O Globo, Janaína descreve a “epidemia da desilusão” vivida em solo argentino. Direto de Buenos Aires, ela narra como a população busca trabalho fora do país, para receber em outras moedas. E relembra como o conflito entre presidente e vice é antigo (passando pelas eleições legislativas de 2021) - retomando um atrito do primeiro governo Kirchner, ainda em 2008. Ao lembrar a escolha de uma aliada de Cristina para comandar a economia, pontua como, no meio da crise, está o acordo com o FMI. Apoiado pelo presidente, o acordo agora não tem garantias de ser cumprido, diante de um Banco Central “zerado” de reservas.

Vale do Javari: hoje e 20 anos atrás

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Na passagem de um mês dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Philips, O Assunto ouve quem conheceu a região e o agora assassino confesso Amarildo de Oliveira em 2002, quando foi realizada a última grande expedição indigenista por lá, para conter invasões a territórios de povos isolados. Então com 21 anos, Pelado, como é conhecido, foi um dos guias na jornada de 105 dias, ajudando também na construção de canoas, conta Leonencio Nossa, repórter do jornal O Estado de S. Paulo e autor do livro “Homens Invisíveis” (2007), no qual relata essa viagem. Refletindo sobre a trajetória do ribeirinho, ele fala do ambiente: “O crime avançou muito”, com o narcotráfico passando a patrocinar pesca e garimpo ilegais e a ter ascendência sobre a representação política local. Leonencio também atualiza as informações sobre a investigação dos assassinatos do funcionário da Funai e do jornalista inglês, pendente de esclarecimento do mando. Na segunda parte do episódio, Renata Lo Prete conversa com Eliesio Marubo, procurador jurídico da Univaja, no momento em que o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União pedem indenização de R$ 50 milhões aos indígenas do Vale do Javari. "Nós não sabemos se pode vir uma outra ofensiva contra as nossas lideranças”, ele alerta.

Biden, Trump e o curto-circuito americano

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O questionamento infundado do resultado das urnas em 2020 e a invasão do Congresso em janeiro do ano seguinte deixaram marcas profundas na que já foi uma das mais estáveis democracias do mundo. Embora derrotado na tentativa de golpe, Donald Trump conseguiu convencer a maior parte do eleitorado republicano de sua mentira, minando a possibilidade de apoio suprapartidário ao governo de Joe Biden. Somada aos efeitos da inflação, recorde em 40 anos, essa polarização extrema derruba a aprovação ao atual presidente, compromete as chances dos democratas nas eleições legislativas de novembro e “ameaça tornar os EUA um país ingovernável”, diz o professor de Relações Internacionais da FGV Oliver Stuenkel. Na conversa com Renata Lo Prete, ele analisa o papel da Suprema Corte - que, em decisões recentes a respeito de armas, aborto e meio ambiente reduziu ainda mais a margem de manobra de Biden para cumprir suas promessas de campanha. Stuenkel fala também da peculiar situação de Trump - cada vez mais exposto como incitador dos depredadores do Capitólio e, ao mesmo tempo, possível candidato em 2024. E recomenda olhar os EUA como exemplo dos danos de longo prazo causados por campanhas para desacreditar o sistema eleitoral.

PEC Kamikaze: auxílios e bombas

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A proposta de emenda constitucional esnobada pelo ministro da Economia em fevereiro acaba de passar, em versão mais que turbinada, em dois turnos no Senado. Entre uma data e outra, falharam seguidas manobras para conter a alta dos combustíveis. Agravaram-se as condições de vida da população e também a situação eleitoral de Jair Bolsonaro. “É a última opção para levá-lo ao segundo turno", diz o analista político Thomas Traumann sobre o texto que, ao instituir estado de calamidade pública até 31 de dezembro, permite gastar sem respeitar teto, além de dar a volta em restrições da legislação eleitoral. Entre benefícios, vales e vouchers para caminhoneiros e taxistas, serão aproximadamente R$ 41 bilhões de impacto fiscal, a ser sentido a partir de 2023. Na conversa com Renata Lo Prete, Traumann, colunista da revista Veja e do site Poder 360, analisa ainda outros itens da pauta pré-recesso do Congresso, como o esforço para blindar o Orçamento secreto, seja qual for o próximo governo.

Assédio: a queda do presidente da Caixa

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Propostas de contato físico, insistência, constrangimentos em privado e também diante de terceiros. “Começaram em janeiro de 2019, quando ele assumiu”, relata a jornalista Heloísa Torres, depois de ouvir algumas das mulheres que denunciaram Pedro Guimarães por assédio sexual e moral. Foram ignoradas pelos sistemas de ouvidoria da Caixa Econômica Federal - quando não perseguidas e removidas de suas funções. Em conversa com Renata Lo Prete, a repórter da TV Globo em Brasília detalha esses depoimentos (“ele se aproximava das mulheres já pegando nelas”), que um dia depois de virem a público derrubaram um dos auxiliares mais próximos de Jair Bolsonaro. Participa ainda do episódio Andréia Sadi, apresentadora do Estúdio i (GloboNews) e colunista do g1, envolvida na cobertura do caso desde a primeira hora. Ela descreve os indícios de que o comportamento de Guimarães, sob investigação do Ministério Público Federal, era de amplo conhecimento da diretoria da CEF. Com suas atitudes, “Bolsonaro acaba dando carta branca” para isso, afirma. Andréia fala também da misoginia disseminada na atual administração e das dificuldades de Bolsonaro com o eleitorado feminino. “O governo não fez nada antes e não fez nada agora”, conclui, lembrando que o presidente esperou pela carta de demissão de Guimarães - a ser substituído por Daniella Marques, integrante da equipe do ministro Paulo Guedes.

MEC: corrupção, acobertamento e CPI

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O que começou como denúncia de um esquema de pastores com trânsito no Palácio do Planalto para traficar recursos da educação virou, três meses depois, um pedido de investigação sobre a conduta do presidente da República. E ameaça se transformar em mais uma Comissão Parlamentar de Inquérito no caminho dele - desta vez, a pouca distância das eleições de outubro. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe os jornalistas Vera Magalhães e Bruno Tavares. O repórter da TV Globo, primeiro a revelar ligações telefônicas em que o ex-ministro Milton Ribeiro afirma ter sido alertado por Jair Bolsonaro da iminência da operação da PF na qual seria preso, detalha a origem e o alcance das escutas (mais de 1.700 áudios) captadas com autorização da Justiça. Ele também lembra o que acontece agora que a ministra do Supremo Carmem Lúcia acionou a PGR: “Augusto Aras vê elementos para investigar Bolsonaro? Isso terá que ser dito”. Na conversa com Renata Lo Prete, Vera é cética quanto às chances de o procurador-geral se mexer. Ainda assim, “essa apuração sobre vazamento de informações e obstrução do trabalho da polícia tem potencial de estrago para Bolsonaro”, avalia a colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura. A partir da apresentação, nesta terça-feira, do pedido de abertura da CPI do MEC, Vera diz o que esperar do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de quem depende a instalação. Analisa ainda as movimentações dos governistas para evitar ou, no mínimo, empurrar ao máximo o início dos trabalhos da comissão.

Mulheres: direitos reprodutivos sob ameaça

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Primeiro, veio à tona o episódio de uma criança de 11 anos cuja interrupção da gravidez foi impedida por uma juíza em Santa Catarina. Depois, a atriz Klara Castanho viu sua história (um estupro seguido por gestação indesejada e doação do bebê) divulgada a todo país, contra sua vontade. Em meio a isso, nos Estados Unidos, a Suprema Corte derrubou a lei que garantia o direito ao aborto em todos os estados americanos desde 1973. “Controlar os corpos das mulheres é fundamental para os poderes autoritários e patriarcais”, resume Debora Diniz, professora da UnB e pesquisadora do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. Em entrevista a Julia Duailibi, a antropóloga relacionou as “duas histórias de violência” a elementos estruturais da misoginia, e explicou por que a educação sexual nas escolas é “fundamental”. Também neste episódio, o obstetra Olímpio de Moraes descreveu o código de ética médico para lidar com situações de interrupção de gravidez: “ouvir sempre e nunca julgar”. Ele, que também é diretor do Centro Integrado de Saúde Amaury Medeiros, hospital referência em saúde da mulher em Pernambuco, detalhou a lei de mais de 80 anos que regulamenta em que casos a Justiça permite o aborto: caso a mãe corra risco de morte ou a gestação seja resultante de estupro. “É muito raro a mulher vítima de violência continuar a gravidez”, relata. “Para ela, todo dia é uma tortura”.

Bolsonaro e os sentidos da necropolítica

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Diante das centenas de milhares de vidas brasileiras perdidas na pandemia, normalização e deboche. Em resposta à tortura e morte de um cidadão por policiais rodoviários federais, desconversa. Nos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Philips, responsabilização das vítimas. Três exemplos da política de violência sistêmica que “glorifica a morte como espetáculo” e teve seu nome cunhado pelo filósofo camaronês Achille Mbembe. Para entender o fenômeno e como ele se impôs entre nós, Renata Lo Prete recebe neste episódio Silvio Almeida, professor visitante de Direito da Universidade de Columbia e presidente do Instituto Luiz Gama. Ele explica os traços comuns a esses e outros casos ocorridos sob “um governo que sabe operar os instrumentos de morte de maneira muito eficaz”. Para Silvio, a superação da necropolítica passa por um reordenamento em que “fome e miséria não sejam mais toleradas”, paralelamente à valorização de serviços fundamentais para a vida (como o SUS) e ao estabelecimento de políticas culturais que resgatem o “significado simbólico” dos que partiram.

Lembrar de Betinho para combater a fome

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Diante do retrocesso brutal na garantia do mais básico dos direitos, especialistas alertam: além de cobrar das autoridades que façam sua parte, retomando políticas públicas hoje esvaziadas, é urgente mobilizar a sociedade civil. Como fez, há três décadas, o sociólogo Herbert de Souza, idealizador de campanha pioneira para levar comida aos brasileiros mais pobres. Na largada do “Natal sem Fome”, do qual nasceu a ONG Ação para a Cidadania, 32 milhões enfrentavam esse drama. Hoje, os avanços significativos observados até 2014 foram perdidos, e o número mais recente é ainda pior que o do início dos anos 90: 33 milhões. Em conversa com Renata Lo Prete, Kiko Afonso, diretor-executivo da Ação, aponta retrocesso também na percepção da gravidade do problema. “Hoje, até mesmo quanto à fome há divisão”, diz. Contra todas as evidências, “uma parte da sociedade nega que ela exista”. Sem diminuir a importância das doações, especialmente no quadro alarmante do momento, Kiko ressalta a necessidade de conscientizar pessoas e empresas do imperativo de se envolver, abraçando a retomada de programas exitosos e elegendo candidatos comprometidos com a erradicação da fome.

Assédio: servidores na era Bolsonaro

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Muito antes de sofrer a emboscada na qual seria assassinado no Vale do Javari, o indigenista Bruno Pereira denunciava as ameaças que ele e colegas de serviço público sofriam da “máquina pesada” instaurada pelo atual governo, que descreveu como “autoritário” em sua última entrevista, à Folha de S. Paulo, detalhando de que maneiras o presidente da Funai o pressionava. Não era um caso isolado. A pesquisadora Michelle Morais de Sá e Silva reuniu dezenas de relatos de funcionários que, sob condição de anonimato, expuseram o clima de “medo coletivo” predominante nas mais diversas áreas da administração federal. Em conversa com Renata Lo Prete, a professora da Universidade de Oklahoma (EUA) explica, em primeiro lugar, o “embaralhamento” imposto: parcela expressiva dos servidores foi transferida de seus órgãos de origem sem lógica nem consentimento, comprometendo a eficiência do serviço prestado e, em vários casos, a saúde física e mental dos atingidos. Participa também do episódio o sociólogo Frederico Barbosa, pesquisador do Ipea e um dos organizadores do livro “Assédio Institucional no Brasil: Avanço do Autoritarismo e Desconstrução do Estado”. Ele explica que, de 2019 para cá, houve “mudança de método”: a atitude oficial agora, além de mais agressiva para com os indivíduos, visa também desqualificar os órgãos públicos. As pessoas “adoecem”, enquanto as instituições “perdem seu próprio sentido”.

Bolsonaro, Lira e o teatro dos combustíveis

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Desde o início do ano, a gasolina acumula alta de 9%, e o diesel, de 25%. Sob o impacto da crise internacional no setor de energia e do real desvalorizado, puxam uma inflação que corrói o poder de compra dos brasileiros e as chances de reeleição do presidente da República. Em resposta a este problema concreto, ele e aliados no Congresso escolheram um inimigo imaginário: a Petrobras. Uma ofensiva que escalou a patamar inédito a partir do último reajuste anunciado pela estatal, na sexta-feira passada. Em conversa com Renata Lo Prete, o jornalista Carlos Andreazza examina as ideias lançadas pelo consórcio Bolsonaro-Centrão para bombardear a empresa - de CPI a uma Medida Provisória que esvaziaria, numa canetada, as conquistas de governança trazidas pela Lei das Estatais, de 2016. Bolsonaro, diz o colunista do jornal O Globo e apresentador da rádio CBN, replica sua eterna “lógica do confronto” ao trocar o comando da Petrobras pela terceira vez. E o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), “dá aula de patrimonialismo” quando defende a MP em nome de “maior sinergia entre as estatais e o governo do momento”. Como principal elemento da farsa, Andreazza aponta o fato de que, ao longo da cruzada, Bolsonaro e auxiliares jamais colocaram em discussão a política de Preço de Paridade Internacional (PPI), dado essencial da equação. Para o jornalista, do barulho todo restará uma conta de pelo menos R$ 50 bilhões que conseguirá, no máximo, “maquiar a bomba de gasolina até a eleição”.

ESPECIAL: Renata Lo Prete entrevista Simone Tebet

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Pré-candidata pelo MDB, Tebet anuncia que, caso assuma a Presidência, irá lutar pela adoção de políticas que busquem o “desmatamento zero”. Ela defende duas bandeiras como “principais objetivos” de sua candidatura: “erradicar a miséria” e garantir que “não se derrube uma árvore de forma ilegal no Brasil”. Entre suas propostas, sugere recriar um ministério específico para Segurança Pública e advoga pela manutenção do teto de gastos: “a responsabilidade fiscal existe para alcançar um fim, que é a responsabilidade social”. Perguntada sobre o que fará caso não esteja no 2º turno, respondeu que “no palanque eleitoral defendendo a democracia”. Aos 52 anos, Simone, que é senadora pelo estado de Mato Grosso do Sul, concorre pela 1ª vez. O Assunto apresenta a primeira rodada de entrevistas do jornalismo da Globo nas eleições deste ano. O encontro de 1h30 de duração foi transmitido ao vivo pelo g1 na tarde da segunda-feira (20) e publicado na íntegra como episódio especial do Assunto. Foram chamados os cinco pré-candidatos com melhor pontuação na pesquisa Datafolha do dia 26 de maio. A campanha do presidente Jair Bolsonaro, do PL, não chegou a enviar representante ao sorteio da ordem. A do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enviou. Nenhuma das duas confirmou presença até a data-limite, 3 de junho. Ciro Gomes (PDT) foi entrevistado em 13 de junho. No dia 11 de julho é a vez de André Janones (Avante).

Bolsonaro e o octógono do golpe

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Em 2018, as urnas deram vitória ao candidato que se apresentou como “outsider”. Alojado no então nanico PSL, Jair Bolsonaro prometia governar contra toda a política tradicional. Quatro anos depois, concorre à reeleição pelo notório PL, mas mantém o discurso antissistema. “Ele tenta convencer sua base de que, mesmo com o Centrão, segue lutando”, afirma Marcos Nobre, autor do livro “Limites da Democracia”, recém-lançado pela editora Todavia. Para o núcleo duro de seu eleitorado, “deu certo”, resume o professor de filosofia da Unicamp, também presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Em conversa com Renata Lo Prete, ele recupera uma linha do tempo que começa nos protestos de junho de 2013, passa pela Operação Lava Jato e chega à ascensão do “partido digital bolsonarista”. Nobre descreve uma tempestade perfeita em que se misturam radicalismo, relação umbilical com as Forças Armadas e Centrão no comando do Orçamento secreto. “Bolsonaro joga um jogo muito diferente daquele jogado pelas forças democráticas” diz, ressaltando que isso tende a se prolongar para além de outubro: “Para ele, ganhar eleição não é objetivo, mas instrumento”. Diante daquilo que descreve como iminente “caos social duradouro”, Marcos aponta que apenas a união dos mais diferentes setores pode se contrapor a “todas as possibilidades de golpe” que estão no horizonte. “É um momento sem volta: ou daremos um salto democrático, ou perderemos a democracia”.

Juros recorde nos EUA: alerta na economia

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Desde 1981, os americanos não sentiam na pele uma inflação tão alta, acima dos 8% ao ano. Uma reação colateral – e inesperada - à série de “pacotes fiscais substanciosos” que o presidente Joe Biden e seu antecessor Donald Trump despejaram para reanimar a economia. Neste episódio, Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, conversa com Julia Duailibi para descrever a sequência de “choques de demanda” que vêm impactando o mundo desde 2019: primeiro, a crise dos suínos na China; depois, a pandemia de Covid-19; e, por fim, a guerra na Ucrânia, “um dos celeiros de comida do mundo”. Os efeitos têm sido conhecidos no mundo todo, não só nos EUA, uma inflação generalizada, com destaque para os alimentos. O economista também explica que a contração monetária americana deve ajudar a segurar os preços, inclusive dos combustíveis, em todo o mundo, mas não de graça. “EUA crescendo menos é ruim para os emergentes”, afirma.

O assassinato de Bruno e Dom na Amazônia

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Mais de dez dias depois do desaparecimento do indigenista brasileiro e do jornalista britânico, o caso se encaminha para um desfecho. O principal suspeito, Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, confessou à Polícia Federal o assassinato e a ocultação dos cadáveres das vítimas - seu irmão Oseney também foi detido, mas não assumiu o crime. Nesta quarta-feira, Pelado levou os policiais até o ponto do rio Itaquaí onde teria descartado os corpos: resquícios de material humano foram encontrados e levados à perícia para a confirmação das identidades. Neste episódio do Assunto, Julia Duailibi conversa com Alexandre Hisayasu, repórter da TV Amazônica que acompanha o caso de perto. É ele quem narra o passo a passo das investigações, desde as condições precárias da polícia local até a intensa participação de grupos indígenas nas buscas de pistas sobre o paradeiro da dupla: “o Bruno era muito respeitado pelas lideranças da região”, lembra. Alexandre explica também as relações hostis entre o indigenista, que atuava na proteção da Terra Indígena Vale do Javari, e traficantes, garimpeiros e pescadores ilegais, que há anos o ameaçavam.

A batalha do ICMS

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De olho na reeleição, há meses Jair Bolsonaro tenta empurrar para os Estados, que arrecadam o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, a responsabilidade pela escalada dos preços dos combustíveis, locomotiva da inflação. Em sintonia com o presidente, o Congresso se movimenta para limitar as alíquotas desse que é o principal imposto brasileiro, ameaçando os governadores com perdas de mais de R$ 100 bilhões, segundo estimativa do conselho dos secretários de Fazenda. "É uma guerra fiscal de despesas e receitas na federação", resume Élida Graziane, procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo. Segundo ela, a União vem progressivamente se desobrigando de despesas, ao mesmo tempo em que “inibe ganhos” dos outros entes. Antes do ICMS, lembra a professora da Fundação Getúlio Vargas, também o IPI foi garfado para segurar os preços dos combustíveis -e eles continuaram a subir. Na conversa com Renata Lo Prete, ela ainda descreve como esses movimentos comprometem, “numa só machadada", gastos com saúde, educação e segurança pública. "O governo federal tolhe o custeio abrupta e rapidamente, enquanto promete compensações que não passam de promessa".

ESPECIAL: Renata Lo Prete entrevista Ciro Gomes

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Pré-candidato pelo PDT, Ciro diz que, caso assuma a Presidência, irá “abrir mão da reeleição em troca das reformas do país”. Ele defende a necessidade de uma “reconstitucionalização do Brasil”, que seria feita a partir de "grande pacto" com governadores e prefeitos. Entre suas propostas, apresenta um programa de “renda mínima” para reduzir a miséria, além da federalização da educação básica e a proibição de militares em cargos políticos. Também sobre a presença das Forças Armadas no governo Bolsonaro, o pré-candidato chamou de “Frota boys” os ministros mais próximos ao presidente – uma referência ao general Sylvio Frota, um dos quadros mais radicais da ditadura militar. Aos 64 anos, Ciro concorre pela 4ª vez. O Assunto começa a primeira série de entrevistas do jornalismo da Globo nas eleições deste ano. A entrevista foi transmitida ao vivo pelo g1 na tarde da segunda-feira (13) e publicada na íntegra como episódio especial do Assunto. Foram chamados para a série de entrevistas os cinco pré-candidatos com melhor pontuação na pesquisa Datafolha do dia 26 de maio. A campanha do presidente Jair Bolsonaro, do PL, não chegou a enviar representante ao sorteio da ordem. A do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enviou. Nenhuma das duas confirmou presença até a data-limite, 3 de junho. Na próxima segunda-feira (20), a entrevistada será Simone Tebet (MDB). No dia 11 de julho é a vez de André Janones (Avante).

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