🇧🇷 Brazil Episodes

1546 episodes from Brazil

Alta na mortalidade materna por Covid

From O Assunto

Menos de um mês se passou entre o nascimento do menino Ravi e a morte de sua mãe, a contadora Flávia Carneiro Araújo, aos 34 anos. Um calvário descrito neste episódio pelo viúvo Adriano Rodrigues Oliveira, preparador físico, que agora cuida do bebê com a ajuda da família de Flávia. Ela pertenceu a um grupo de especial risco na pandemia: o de gestantes e puérperas (mães de recém-nascidos). Foram 1.204 óbitos, cerca de 60% deles em 2021. E a taxa acelera mais do que no conjunto da população. Também entrevistada neste episódio, a médica Rossana Francisco, professora da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, explica que, dentro do grupo, há as que estão particularmente expostas: “Os riscos são maiores para puérperas até 42 dias depois do parto e para gestantes entre 14 e 28 semanas”. E completa: “Precisamos rapidamente vacinar todas elas”.

O capital humano perdido para a Covid

From O Assunto

Quando Naomi Munakata morreu aos 64 anos, em março do ano passado, o Brasil contava 77 vítimas do novo coronavírus. Com a maestrina do coro do Teatro Municipal de São Paulo se foi uma vida inteira dedicada ao aprendizado e ao ensino da música em patamar de excelência. “Ela foi a figura mais importante de sua geração no canto coral brasileiro”, resume Maíra Ferreira, substituta de Naomi -- que a ex-assistente considera insubstituível. “A falta que ela faz... nossa, eu nem consigo medir”. Claudio Considera resolveu tentar. Inspirado em trajetórias como a de Naomi, o economista do FGV Ibre procurou mensurar o impacto das mortes da pandemia para o país. E chegou a um valor de pelo menos R$ 5,9 bilhões anuais, considerando brasileiros da faixa entre 20 e 69 anos. Ele mesmo reconhece que isso é só o começo da história: tem ainda as habilidades, o conhecimento e a experiência dessas pessoas, além da desestruturação de famílias que perdem seu arrimo de renda.

Quem é quem no gabinete paralelo

From O Assunto

Diferentes depoimentos à CPI da Covid vão identificando os personagens que Jair Bolsonaro ouviu e seguiu enquanto dispensava dois ministros da Saúde e transformava o terceiro em despachante dos conselhos e interesses dessa turma. “São três grupos claros de influência”, diz o jornalista Octavio Guedes, comentarista da GloboNews. “Um liderado pelo empresário Carlos Wizard, outro pelo [ex-assessor palaciano] Arthur Weintraub e um terceiro pelo gabinete do ódio, com participação do Carlos Bolsonaro. Além da participação-chave do deputado Osmar Terra”, resume. Para Guedes, é no mínimo impreciso dizer que esses personagens atuavam “nas sombras”, como se ouviu de senadores da comissão. Pelo menos a partir da gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, foram eles que que deram as cartas -- do incentivo ao uso de cloroquina à aposta velada na imunidade de rebanho por contágio. No depoimento da secretária Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, o jornalista enxergou “um outro efeito colateral” do remédio: “a cegueira deliberada diante da realidade”.

Eletrobras: venda à moda do Centrão

From O Assunto

Projetos de lei para privatizar a principal estatal de energia elétrica emperraram tanto no governo Temer quanto no atual. Agora a ideia avança por meio de Medida Provisória -- que os deputados reconfiguraram antes de aprovar. Em vez de estimular a competição, o texto que saiu da Câmara estabelece várias reservas de mercado para interesses específicos, notadamente das usinas termoelétricas (que geram energia mais cara e mais suja). “A conta irá recair sobre os consumidores”, resume Daniel Rittner, repórter especial do jornal Valor Econômico. Derrotada também nessa matéria, a equipe econômica se conformou, diz ele: “Estão no modo ‘privatiza de qualquer jeito’. Precisam de uma agenda para apresentar à Faria Lima em 2022”. Renata Lo Prete conversa também com Maurício Tolmasquim, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética e professor do Programa de Planejamento Energético da UFRJ. Ele espera que o Senado entenda e modifique a MP que passou na outra Casa legislativa -- a qual, na avaliação de Tolmasquim, “não faz sentido nem do ponto de vista ambiental e nem do ponto de vista do consumidor”.

Desmonte da proteção ambiental, fase 2

From O Assunto

Na fase 1, o Executivo agiu praticamente sozinho, nos termos explicitados por Ricardo Salles na inesquecível reunião ministerial de 22 de abril do ano passado: “é só parecer e caneta, parecer e caneta”. “Nos primeiros dois anos, a boiada passou por decreto. Com a troca no comando da Câmara e o Centrão mais próximo do Planalto, passa por lei”, explica Suely Araújo, especialista-sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima e presidente do Ibama entre 2016 e 2018. Em entrevista a Renata Lo Prete, a advogada diz que não se trata de mudança trivial: “É muito mais difícil reverter”. Ela se refere, antes de tudo, ao recém-aprovado projeto do licenciamento, que promove um “liberou geral” classificado por Suely como “a mãe de todas as boiadas”. Mas não só: vem aí, com incentivo do governo e expressivo respaldo parlamentar, nova tentativa de emplacar o PL da grilagem de terras. Suely fala também dos relatos de perseguição do próprio Ministério do Meio Ambiente a funcionários do Ibama, no exato momento em que Salles cai de vez na mira da PF por suspeita de envolvimento num esquema para facilitar exportação de madeira extraída de forma ilegal. “O governo burocratiza o processo para inviabilizar autuações. A intenção só pode ser dificultar a aplicação de multas”, conclui.

A CPI, as boiadas que passam e 2022

From O Assunto

Da diluição do licenciamento ambiental ao sinal verde para a venda da Eletrobras, contemplando ainda uma alteração no regimento que reduziu a margem de manobra da minoria, os deputados estão votando matérias em série, enquanto o governo tenta erguer um muro de contenção de danos na comissão em que senadores investigam a gestão da pandemia. Para completar, o depoimento de Eduardo Pazuello coincidiu com a operação que coloca na mira da PF um outro personagem próximo de Jair Bolsonaro: o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Em entrevista a Renata Lo Prete, o filósofo Marcos Nobre liga todos esses pontos para traçar o quadro político do momento e o que ele projeta para 2022. “É um presidencialismo de coalização secreto”, afirma o professor da Unicamp e presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). A expressão se refere a um outro elemento da conjuntura: o recém-revelado Orçamento paralelo para atender aliados do Planalto no Congresso. Para Nobre, esse expediente tem permitido a Bolsonaro manter uma base parlamentar mais sólida do que muitos imaginavam. E a CPI ainda está por mostrar quanto dano pode causar ao presidente. Por enquanto, avalia o professor, a narrativa bolsonarista sobre o enfrentamento da Covid “seduz entre 25% e 30% do eleitorado”. “O suficiente para levá-lo ao segundo turno no ano que vem”.

Pazuello: a voz de Bolsonaro na CPI

From O Assunto

Para quem estava protegido por um habeas corpus, o ex-ministro da Saúde até que falou bastante. Mas basicamente para se desviar de culpa e blindar o presidente, para isso falseando a realidade em diversos temas -- da compra de vacinas ao investimento na ineficaz cloroquina. “Ele foi disposto a matar no peito, mas derrapou”, analisa Natuza Nery, comentarista da GloboNews e apresentadora do Papo de Política. Ela e Renata Lo Prete examinam, neste episódio, o primeiro dia do mais aguardado depoimento à CPI da Covid. Tratam do desempenho do relator Renan Calheiros (considerado mais brando do que com outros convocados) e do senador Flavio Bolsonaro (que, mesmo não pertencendo à CPI, tem atuado como uma espécie de cão-de-guarda do pai nas sessões). Elas também destacam a tentativa de Pazuello de sugerir que haveria dois governos paralelos, um das redes sociais e outro das ações concretas (e que este último nada teria feito de errado). Para Natuza, isso dificilmente livrará o general de responsabilização. “Será difícil ele se defender, principalmente sobre o que aconteceu em Manaus”.

Chile rumo à nova Constituição

From O Assunto

No final de semana, mais de 6 milhões foram às urnas para escolher os 155 representantes encarregados de elaborar a Carta que irá aposentar aquela vigente desde a ditadura do general Augusto Pinochet. O resultado foi um baque para o sistema político tradicional: a coalizão de direita que sustenta o presidente Sebastián Piñera não fez nem um terço dos votos, e os independentes (muitos sem filiação partidária) terão a maior parcela das cadeiras. “Se pudermos esboçar um perfil, os vencedores têm em torno de 45 anos, muitos são advogados e vêm de escolas públicas. E entre as pautas em comum estão obrigar o Estado a fornecer e distribuir água e promover a equidade de gênero”, explica Camilla Viegas, correspondente da GloboNews em Santiago. Em conversa com Renata Lo Prete, ela descreve o novo desenho do tabuleiro político e detalha o calendário que o país tem pela frente: prazo máximo de um ano para elaborar a Carta (que depois irá a plebiscito) e, antes, eleição presidencial (novembro deste ano). “O que sobreviveu na atual Constituição, depois da transição democrática, foi um consenso liberal”, agora em xeque, analisa o doutor em história política Leandro Gavião, professor da Universidade Católica de Petrópolis. Ele diz que, agora, a bússola está “mais inclinada para a esquerda”, em defesa da “construção de um regime de bem-estar social com ampliação de serviços de acesso básico”, e também de “pautas difusas do século 21”.

O novo conflito entre Israel e Gaza

From O Assunto

Desde 2014, a tensão não escalava tanto entre israelenses e palestinos. Já são mais de sete dias de mísseis rasgando o céu, explosões e mortes: 10 em Israel e mais de 200 na Faixa de Gaza. Apesar de apelos da comunidade internacional, a perspectiva é de mais ataques. “O clima é tenso”, resume a jornalista Laura Capelhuchnik, que vive em Tel Aviv e esteve em Jerusalém durante o primeiro dia de hostilidades. Em entrevista a Renata Lo Prete, Laura conta como soube do disparo do primeiro míssil contra a capital israelense e explica como uma série de eventos ocorridos em maio levou ao que vemos agora -- entre eles, datas religiosas e uma ação que pode despejar quase mil palestinos no distrito árabe de Jerusalém. “Não vejo cessar-fogo no horizonte”, analisa o historiador Michel Gherman, coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da UFRJ e diretor-acadêmico do Instituto Brasil-Israel. Para Michel, enquanto o Hamas, grupo extremista responsável pelos bombardeios, usa os ataques como forma de devolver a questão palestina ao debate global, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, se amarra a uma lógica política interna a fim de desarticular a coalizão que tenta tirá-lo do poder. “Para ele, é importante manter o conflito e tornar a oposição irrelevante. Para o Hamas, é uma forma de se consolidar como resistência a Israel”.

Quebrar patente das vacinas ajuda?

From O Assunto

O percentual fala por si: de quase um bilhão e meio de doses já aplicadas de imunizantes contra a Covid-19, apenas 0,3% foram parar nos braços de pessoas que vivem em países pobres. No esforço para atacar essa brutal desigualdade, a proposta de suspender as patentes ganha corpo, com inédito apoio dos Estados Unidos. Neste episódio do podcast, Renata Lo Prete entrevista a economista Monica de Bolle, professora da Universidade Johns Hopkins, para avaliar viabilidade e eficácia da ideia, à luz da emergência sanitária. Especializada em imunologia e genética por Harvard, Monica não deixa de enxergar vantagens de médio e longo prazos na quebra de patentes e na transferência de propriedade intelectual. Mas é clara: “Não resolve o problema agora”. E o que resolve então? “A única forma são países com excesso de doses enviarem para aqueles onde há falta”. Ela reconhece que isso nunca foi feito na escala necessária nesta pandemia. Mas diz que a saída passa necessariamente pela cooperação global. “Temos mecanismos de coordenação, como OMS, G-20 e OMC. É preciso colocar as autoridades na mesa para negociar.”

CPI: vacinas que o Brasil deixou passar

From O Assunto

O depoimento de Carlos Murillo, gerente-geral da Pfizer na América Latina, confirma e detalha um capítulo essencial para entender o saldo trágico da pandemia no país: o pouco caso do governo diante de ofertas de imunizantes que lhe foram feitas. O executivo falou à comissão no mesmo dia em que o ex-ministro Eduardo Pazuello recorreu à Justiça para não falar. Enquanto isso, o ritmo de vacinação cai pela metade, entre outros motivos porque, em pelo menos 20 capitais, falta Coronavac para a segunda dose. “O ritmo está aquém da necessidade. Além de prejuízo aos não-vacinados, isso mina a confiança no programa”, diz o infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele lembra que atrasos e interrupções resultam em mais hospitalizações e mortes, além de aumentar o risco de surgimento de novas variantes. “Temos capacidade de vacinar até mais de 2 milhões de pessoas por dia. Nosso limitador é a quantidade de doses”. Participa também a jornalista Mariana Varella, editora do Portal Dráuzio Varella. É ela quem analisa, ponto a ponto, a relevância do depoimento do representante da Pfizer e os rombos que ele causa no casco do discurso governista.

CPI: Wajngarten incrimina Bolsonaro

From O Assunto

O ex-secretário de Comunicação Social compareceu à comissão disposto a proteger o presidente. Mas caiu em contradições e acabou por criar pelo menos dois problemas para o ex-chefe: admitiu que o governo deixou sem resposta, por pelo menos dois meses, uma volumosa oferta de vacinas da Pfizer (da qual apresentou prova documental); e que existia no Planalto uma estrutura paralela, ao largo do Ministério da Saúde, para assuntos da pandemia. Por mentir aos senadores, foi ameaçado de prisão, movimento que abriu espaço para ataque aberto (e rebatido) do senador Flavio Bolsonaro ao relator da CPI, Renan Calheiros. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o jornalista Thomas Traumann sobre as implicações do mais atritado e turbulento depoimento da CPI até agora. Wajngarten “não percebeu a importância do que apresentou”, avalia Thomas. “É a prova de que o governo inteiro (presidente, vice e ministro da Economia, entre outros) foi negligente na compra de vacinas”. Para o jornalista, a ofensiva do filho do presidente foi “uma declaração de guerra” de quem já espera o pior do relatório final da CPI.

Asfixia das universidades federais

From O Assunto

A precarização começou com a crise econômica, em 2015, e se aprofundou no governo Bolsonaro, que desde o início hostilizou essas instituições com palavras e gestos. Depois de quase dois anos e meio de drenagem de recursos, e diante do bloqueio de parte do minguado Orçamento de 2021, reitores alertam: se não houver algum socorro, a partir de julho as universidades federais não terão dinheiro nem para pagar as contas mais básicas. “A maioria não consegue funcionar até o fim do ano”, sustenta Edward Madureira, reitor da federal de Goiás e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Em entrevista a Renata Lo Prete, ele detalha as consequências desse apagão. “As universidades estão ameaçadas até de ficar sem energia. Imagine isso com milhares de pesquisas em andamento, inclusive relativas à Covid-19”. Participa também do episódio Úrsula Dias Peres, professora de Gestão de Políticas Públicas na USP e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole. É dela a previsão para o médio prazo: “Se nada mudar, perderemos professores capacitados e será reduzido o número de vagas”.

Colômbia em transe

From O Assunto

O ambiente já era de muita insatisfação com o governo quando, cerca de duas semanas atrás, o presidente Iván Duque anunciou uma proposta de aumento de impostos para compensar o gasto público na pandemia. A reação das ruas foi imediata, levando ao descarte do projeto e do ministro da Fazenda. Mas nem isso conteve os protestos, que escalaram junto com a violência da polícia. O saldo até aqui é de mais de 30 mortos, centenas de desaparecidos e inúmeros relatos de abusos cometidos pelas forças de segurança. “A situação é mais preocupante na região de Cali”, afirma o jornalista brasileiro Felipe Seligman, referindo-se à terceira maior cidade do país. Fundador do veículo digital Jota, ele vive na capital, Bogotá, onde os distúrbios ainda estão sob algum controle. “O Estado Vale de Cauca está fechado, com mais de 900 estradas bloqueadas, toque de recolher e desabastecimento”, relata Felipe. Também a partir de Bogotá fala Nicolás Urrutía, analista sênior da consultoria Control Risks. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele analisa a trajetória de um país conhecido, no passado recente, tanto pela estabilidade macroeconômica quanto pela desigualdade social, agora agravada pela crise sanitária. A tensão atual, prevê Nicolás, “irá polarizar ainda mais” a Colômbia e deixar cicatrizes que impactarão a próxima eleição presidencial, daqui a um ano. Para os próximos dias, a expectativa não é de distensão. “O comitê de paralisações segue se reunindo, e o presidente mobilizou mais milhares de soldados e policiais. Parece que não há acordo à vista”, diz Felipe.

A miragem mortal da imunidade coletiva

From O Assunto

Com palavras e ações, Jair Bolsonaro apostou desde o início na ideia de deixar o novo coronavírus correr solto. Em detrimento das vacinas, por essa via chegaríamos, achava o presidente, à proteção do conjunto dos brasileiros. Catorze meses depois, a CPI da Covid mira a estratégia de imunização de rebanho por contágio como uma das principais evidências da responsabilidade dolosa do governo federal por uma tragédia sanitária que já conta mais de 420 mil mortos. “Fica claro o objetivo de que o vírus se propagasse de forma rápida e intensa. Essa intencionalidade vai além do discurso, ela se deu na prática”, afirma neste episódio a professora Deisy Ventura, pesquisadora da relação entre pandemias e direito internacional. Na CPI, existem pelo menos quatro requerimentos para ouvir Deisy, coordenadora, na USP, de um estudo que analisou mais de 3 mil normas relacionadas à Covid-19 baixadas pela gestão Bolsonaro. Ela detalha os achados e explica que eles podem gerar, para o presidente e demais envolvidos, acusações por crimes comuns, de responsabilidade e contra a humanidade. Renata Lo Prete conversa também com o colunista Bernardo Mello Franco, do jornal O Globo e da rádio CBN, que vem acompanhando o trabalho dos senadores da comissão. “Nas próximas semanas, um dos desafios mais importantes será identificar o que o ex-ministro Mandetta classificou como ‘Ministério da Saúde paralelo’”, diz ele. Ou seja, quem contribuiu para a decisão de Bolsonaro “de nos jogar nesse caminho”.

Horror no Jacarezinho

From O Assunto

A operação mais letal da história da polícia do Rio de Janeiro, que deixou 25 mortos nessa grande favela da zona norte da cidade, aconteceu em plena vigência de restrições impostas pelo STF a ações dessa natureza. No entanto, desde que os limites entraram em vigor, em junho do ano passado, a polícia informou a realização de cerca de 500 operações, com um saldo de mais de 800 óbitos. Neste episódio você ouve, além do relato apavorado de moradores, que acordaram nesta quinta-feira sob tiros e bombas, entrevista de Renata Lo Prete com Henrique Coelho, repórter do G1 no Rio. Ele descreve a favela de 37 mil moradores como “uma região muito viva, com muito comércio e movimentação grande de pessoas”. E detalha a investigação sobre a suspeita de recrutamento de crianças pelo tráfico, apresentada como base para a ação. Renata conversa também com Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP e autor do livro “A República das Milícias”. Ele explica como o enfraquecimento das instituições no Rio, que teve 6 ex-governadores presos nos últimos 4 anos (além de um derrubado via impeachment) é o pano de fundo para o descontrole da polícia e a escalada da violência. “Uma polícia que tem carta branca para matar quase sempre vai querer ganhar dinheiro com isso. É a semente das milícias”.

Quando Paulo Gustavo nos fez chorar

From O Assunto

A morte do ator e humorista por Covid-19, aos 42 anos, entristeceu ainda mais um país machucado, ao qual ele só deu alegria. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o jornalista e escritor Chico Felitti sobre a trajetória do responsável pelo maior sucesso de bilheteria da história do cinema brasileiro -- a série de três filmes “Minha Mãe é uma Peça”. E sobre sua principal personagem, Dona Hermínia: “Uma mulher batalhadora, amorosa e combativa. Um arquétipo de mãe que conversa com todas as mães do Brasil”, resume Chico. Ele define Paulo Gustavo como “um Mazzaropi deste século, que fazia um humor tipicamente brasileiro”. Fala ainda do sonho interrompido do ator -- que planejava encarar também papéis dramáticos -- e de seu modo de fazer avançar a pauta LGBTQIA+. “Não era só humor. Ele comeu o país todo pelas beiradas. Não mostrou beijo gay no filme, mas mostrou uma mãe ensinando à criança que a aceitação é o caminho, independentemente do que ela seja”, analisa Felitti. “Era uma forma doce de lutar”.

CPI: Mandetta fala, e Pazuello foge

From O Assunto

A largada dos trabalhos na Comissão Parlamentar de Inquérito teve o primeiro ministro da Saúde da pandemia colocando no caminho dos senadores uma série de pistas potencialmente explosivas para o governo. Mesmo evitando ataques frontais a Jair Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta deixou claro que o presidente agiu ao largo das orientações da pasta, pressionou em favor da cloroquina e apostou na imunidade de rebanho, em detrimento da vacinação. “Esse é um dos maiores riscos para ele. A CPI quer provar que houve ação deliberada do governo para a população se infectar. E o depoimento de Mandetta reforça a tese”, analisa Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN, convidado de Renata Lo Prete neste episódio. Sobre os esforços em favor de um medicamento sem eficácia contra a Covid-19, Bernardo destaca: “Um decreto para alterar a bula do remédio é algo que pode implicar em crime de improbidade administrativa”. O dia foi marcado tanto pela presença de Mandetta quanto pela fuga de outro ex-ministro, Eduardo Pazuello, que iria depor nesta quarta. Ele alegou quarentena, após contato com dois casos confirmados da doença. O que só fez ampliar a percepção de que o Planalto teme esse depoimento: “Ele se apresentou como um pau mandado do presidente. Pazuello responsabilizado significa Bolsonaro também responsabilizado”, afirma Bernardo.

Cloroquina para os indígenas

From O Assunto

As denúncias vêm desde o ano passado, mas agora ganharam visibilidade, e o motivo tem três letras: CPI. A Comissão Parlamentar de Inquérito instalada no Senado vai investigar, apenas nessa seara, 15 potenciais erros da gestão Bolsonaro, entre eles distribuição e prescrição de medicamentos sem eficácia no tratamento da Covid-19. “Um pessoal de Brasília foi à terra yanomami e levou 3 mil quilos de cloroquina”, recorda Junior Hekuari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indigenista Yanomami e Ye’kuana, sobre a comitiva oficial que visitou a etnia no meio de 2020. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele lembra que, embora o governo tenha mais tarde alegado que o objetivo era tratar malária, a recomendação real era para dar o remédio a qualquer um que apresentasse suspeita de infecção pelo novo coronavírus. “Foi totalmente marketing”, diz Junior. Participa também Daniel Biasetto, repórter do jornal O Globo que localizou documentos públicos em Vilhena (RO), distrito responsável por 144 aldeias da Amazônia Legal, orientando explicitamente o tratamento com o chamado “kit covid”. Daniel exemplifica com o caso de Aruká Juma, que era o último homem de sua etnia e foi vítima da doença. “Tudo indica que Aruká morreu por negligência no tratamento”, diz.

O Brasil do futuro sequestrado

From O Assunto

As consequências nefastas da pandemia para o sistema de ensino e o mercado de trabalho atingem todas as etapas de uma escala etária que vai da primeira infância à juventude. Esta padece com o desemprego em percentual bem acima da média, em si desastrosa, da população. Enquanto crianças e adolescentes já sentem, apontam pesquisas, os danos socioemocionais e cognitivos causados pelo fechamento prolongado das escolas. “O resultado para o país veremos lá na frente”, diz Naércio Menezes, economista e pesquisador do Insper. Entrevistado por Renata Lo Prete neste episódio, ele disseca questões como a evasão, que dobrou entre 2019 e 2020, e a ascensão dos chamados “nem-nem”(neste momento, mais de um terço dos brasileiros entre 20 e 29 anos não trabalha nem estuda, maior percentual da história). “O prejuízo é da sociedade toda”, afirma Naércio, e envolve dimensões como “produtividade, renda e até criminalidade”.

Page 55 of 78 (1546 episodes from Brazil)

🇧🇷 About Brazil Episodes

Explore the diverse voices and perspectives from podcast creators in Brazil. Each episode offers unique insights into the culture, language, and stories from this region.