🇧🇷 Brazil Episodes

1546 episodes from Brazil

Os militares e Bolsonaro: e agora?

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Primeiro o presidente demitiu o ministro da Defesa, alegando falta de apoio a ideias de exceção como decretar estado de sítio. Em resposta, os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica tomaram a inédita iniciativa de entregar conjuntamente seus cargos. “Ficou mais difícil para Bolsonaro dar um golpe”, avalia o cientista político Octavio Amorim Neto, professor da FGV no Rio de Janeiro. Isso diante da sinalização, dada pelos generais do Alto Comando do Exército, de que a maior das três Forças Armadas não pretende embarcar em aventura golpista. O que não significa que Bolsonaro não irá tentar. Ou que inexistam ambiguidades na relação dos militares com um governo que vem lhes garantindo uma série de benefícios, explica Amorim. De todo modo, ele vê mais risco de adesão de policiais que de militares a uma eventual escalada autoritária. “Movimentos populistas de extrema-direita testam todas as instituições”, diz.

Bolsonaro contra-ataca

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Acuado pelo desempenho desastroso na pandemia e, principalmente, por cobranças do Congresso, o presidente da República moveu, num único dia, seis peças no tabuleiro ministerial. Duas das trocas foram concessões aos parlamentares: a degola de Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e a ida da deputada Flavia Arruda (PL-DF) para a Secretaria de Governo. Todas as outras atendem a um único propósito: “blindagem”, resume na conversa com Renata Lo Prete a jornalista Vera Magalhães (de O Globo, rádio CBN e TV Cultura). Neste episódio, Renata e Vera passam as mudanças em revista, com destaque para a demissão do general Fernando Azevedo e Silva da pasta da Defesa - e o que esperar agora dos comandantes das Forças Armadas. Saíram, enfatiza Vera, “ministros que não topam fazer tudo o que Bolsonaro pedir”, notadamente iniciativas que afrontem a Constituição. E entraram, além dos que topam, mais amigos da família - como o novo titular da Justiça, o delegado da PF Anderson Torres. A conversa inclui também análise da tentativa de deputados bolsonaristas de estimular insubordinação da PM da Bahia, a partir de incidente ocorrido no domingo.

Na pior hora, doações despencam

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Quando o vírus chegou ao Brasil e tudo fechou de repente, a resposta solidária de pessoas físicas e jurídicas foi gigante: nos primeiros três meses, somou mais de R$ 6 bilhões. Mas o tempo passou. As curvas de casos e de mortes deram algum alívio, o auxílio emergencial garantiu o básico a dezenas de milhões de pessoas, e a arrecadação de alimentos e outros produtos básicos entrou em queda livre. Hoje, com a pandemia em momento catastrófico, a crise econômica aprofundada e o auxílio (mais magro) ainda sem dia para voltar, entidades e organizações de apoio aos mais carentes lançam um grito de alerta. “Estou vendo muita gente na política pensando em 2022. Só que antes temos que atravessar 2021”, diz Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas, a Cufa. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele dá a real sobre o avançado estágio de insegurança alimentar nas comunidades. “Estamos vendo nas redes sociais gente vendendo pertences para ter o que comer”, conta. E cita dados de levantamento recente: quase 80% dos moradores de favela afirmam que faltou dinheiro para comprar comida nos últimos 15 dias. Participa também do episódio Ana Paula Campos, repórter da Globo em São Paulo. Ela relata histórias de necessidade extrema em favelas da maior cidade do país. “Só não falta tudo porque o vizinho divide o pouco que tem”, conta. Preto Zezé conclui: “Se as pessoas têm que ver seus filhos chorando de fome, é a declaração do caos total. E aí é a nossa falência como sociedade e como nação”.

Por que a vacinação patina na Europa

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Em julho de 2020, os 27 países da União Europeia negociaram de forma conjunta a aquisição de imunizantes contra a Covid-19. As compras foram feitas, mas a distribuição avança em marcha lentíssima: até agora, menos de 15% da população adulta do bloco foi vacinada. Enquanto isso, no vizinho Reino Unido, o percentual se aproxima de 50%. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a jornalista Cecília Malan, correspondente da Globo em Londres, e com a médica Sue Ann Clemens, chefe do Instituto para Saúde Global da Universidade de Siena e coordenadora dos estudos da vacina de Oxford no Brasil. Cecília descreve um “conto de duas realidades distintas”, uma da UE, outra dos britânicos. E detalha as tensões diplomáticas que podem resultar em bloqueio de exportação de vacinas e de insumos para produzi-las. Sue Ann explica as consequências da interrupção das campanhas, vista em vários países europeus. “O primeiro impacto é em hospitalizações e mortes. O segundo, na adesão à vacina”, afirma. Ela tem uma palavra de alívio para os brasileiros: não acredita que as ameaças de bloqueio venham a interferir no fluxo de doses para nós.

300 mil mortos: a despedida possível

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No momento em que o Brasil cruza essa marca terrível, familiares de vítimas da Covid-19 compartilham com O Assunto as mensagens de celular que se revelaram o derradeiro meio de contato com mães, pais e filhos isolados nas UTIs. Declarações de amor, palavras de encorajamento, diálogos sobre cenas do cotidiano, como tirar a roupa do varal e pedir pizza: tudo registrado na tela e agora convertido em última lembrança. Na outra ponta dessa correspondência estavam doentes como os que o médico intensivista Daniel Neves Forte acompanha há um ano no Hospital Sírio Libanês, onde gerencia o setor de Humanização. "É um rolo compressor. A gente está vivendo uma tragédia”, resume na entrevista a Renata Lo Prete. “Com uma carga de trabalho brutal, é fácil desumanizar: numerar os pacientes e só cuidar do corpo que está ali. Desumanizar para manter o paciente vivo, isso é muito desgastante. E se desconecta do propósito da profissão”, reflete. Forte acredita que a dificuldade de elaborar o luto nessas condições não é apenas individual, mas também do país, principalmente em razão do comportamento do governo federal desde o início da pandemia. Sem reconhecer toda a extensão do que nos aconteceu não é possível ter, nas palavras do médico, a “esperança da reconstrução”.

Covid grave entre os jovens

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“Não pude dar um abraço. Nem de me despedir tive direito”. Quem conta é Maria de Jesus, que perdeu o único filho, de 22 anos, para a Covid-19. Renan Ribeiro Cardoso administrava a pequena pizzaria da família, na zona leste de São Paulo, e era figura querida na vizinhança. Foi a primeira pessoa a morrer na fila por um leito de UTI na maior cidade do país. Sua saga em vão por atendimento ocorreu num momento em que mais jovens estão se contaminando e, não raro, desenvolvendo formas agressivas da doença. Este episódio traz, além do relato dilacerante de Maria, entrevista de Renata Lo Prete com Ana Freitas Ribeiro, coordenadora do serviço epidemiológico do Instituto de Infectologia do Hospital Emílio Ribas. “Entre os casos graves, ainda há predomínio de maiores de 60 anos, mas o volume de contaminações entre os mais jovens aumentou bastante”, diz a médica. Ela sugere duas explicações: livre circulação e maior transmissibilidade da variante brasileira, a P1. “É um momento delicado: muitos casos e poucos leitos”. Diante disso, ela recomenda aos jovens, que serão os últimos a se vacinar, a manter todo o distanciamento possível.

O manifesto dos economistas

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Ex-ministros da Fazenda, ex-presidentes do Banco Central, economistas de variadas posições no espectro ideológico, empresários: são mais de 500 assinaturas na carta aberta que cobra do governo Bolsonaro um conjunto de providências para finalmente enfrentar a catástrofe sanitária. “No grupo há críticos de partida do governo, outros que de início acreditaram, outros que tinham medo de se manifestar”, diz o economista Pérsio Arida, um dos signatários e entrevistado de Renata Lo Prete neste episódio. “O denominador comum é o desespero diante da inércia do governo.” E por que lançar o documento agora? “A incompetência supera as expectativas de todos. É incompetência mesmo, falta de noção da realidade, falta de contato com o mundo. E isso perpassa o governo como um todo”, responde Arida, ex-presidente do BC, do BNDES e do Banco do Brasil. O manifesto prioriza quatro reivindicações: acelerar a vacinação, incentivar o uso de máscaras, implementar medidas de distanciamento social e criar mecanismos de combate. Tudo isso com algo que não tivemos até agora: coordenação nacional. Arida fala do egoísmo de quem acreditou ser possível implantar uma pauta reformista na economia (que jamais se concretizou) em meio a retrocessos de toda ordem nas questões da cidadania. “Se o governo fosse racional, daria meia volta. Ou se tornará impotente e perderá de vez sua legitimidade”, conclui.

Comida cara, tensão social em alta

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A disparada dos preços dos alimentos é fenômeno global, explicado, em boa medida, pelo estrago que a pandemia produziu nas cadeias de produção. No passado, ciclos como o que vemos agora fomentaram distúrbios e disrupção, alerta o sociólogo José Eustáquio Diniz Alves, mestre em economia e doutor em demografia. Um dos convidados deste episódio, ele cita os exemplos da Primavera Árabe, no início da década passada, e da Guerra da Síria, que acaba de completar 10 anos. Se o quadro geral preocupa, que dirá o do Brasil, diz Eustáquio, citando às avessas o verso de Gilberto Gil: “O pior lugar do mundo é aqui e agora”. Ele se refere ao fato de sermos o epicentro da crise sanitária, com vacinação ainda incipiente, auxílio emergencial interrompido e desemprego nas alturas. Para se aprofundar na situação brasileira, Renata Lo Prete entrevista a jornalista Nathalia Tavoliere, do Profissão Repórter, que acompanhou de perto a luta de famílias de São Paulo, Pernambuco e Paraíba para colocar comida na mesa. Muitas trabalham em lixões. “Me impressionou ver as pessoas pegando alimentos estragados”, conta, e depois “rezando pra não fazer mal”. Lembrando de outras reportagens que já fez sobre o tema, Nathalia relata uma mudança de comportamento: antes, era comum que as pessoas sentissem vergonha de admitir que estavam passando fome. Agora não mais. “É o desespero”. Um cenário que Eustáquio descreve assim: “Precisa só de uma centelha, estamos em um barril de pólvora”.

Estrangulamento logístico das UTIs

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O colapso dos hospitais é realidade em todo o Brasil. Doentes que morrem à espera de leitos. Unidades de Tratamento Intensivo onde atuam profissionais exaustos e já faltam medicamentos essenciais para o atendimento de pacientes graves. Um cenário de guerra, relatado neste episódio pelo repórter Bruno Tavares. Ele descreve o desalento dos médicos ao ver alas inteiras tomadas por vítimas de uma única doença, boa parte em estado crítico. Um deles diz que no trabalho se sente, todos os dias, “dentro de um Boeing caindo”. Além de Bruno, Renata Lo Prete recebe a médica Laura Schiesari, professora do FGV Saúde e do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Ela enumera tudo o que o governo federal deveria ter feito e não fez, sugere medidas de emergência para dar alívio aos hospitais e às equipes, ampliando assim a capacidade de atendimento no curtíssimo prazo. E diz que, neste momento, a mensagem para quem não está doente é uma só: fazer o distanciamento mais rigoroso possível, para reduzir drasticamente a circulação do vírus. “Porque nos hospitais não há lugar para ninguém”, nem com Covid, nem com outras doenças.

Juro básico em alta: e agora?

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Alimentos, combustíveis, preços da indústria: diante da inflação disseminada, o Banco Central optou por aumentar a Selic pela primeira vez desde 2015, em 0,75 ponto. Ela agora está em 2,75% ao ano. Para o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore, entrevistado neste episódio, o movimento era inevitável, mas poderia ter sido mais brando num primeiro momento. “É uma dosagem excessiva do remédio monetário", analisa, diante do claro desaquecimento da economia. Ele lembra que antes mesmo de o "meteoro chamado Covid" se abater sobre nós, produzindo uma crise “completamente diferente de todas as do passado", já enfrentávamos sérias dificuldades - na atividade, no emprego e na situação fiscal. E diz que só há um passaporte para a recuperação: vacina. “Antes disso, ela será artificial”. E vacinação como não temos ainda: “rápida, abrangente e eficaz."

O cerco aos críticos de Bolsonaro

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"Fiquei muito espantado quando vi que estava sendo acusado de crime contra a segurança nacional", disse o comunicador Felipe Neto, intimado pela Polícia Civil do Rio, a pedido filho do presidente da República, depois de chamar Jair Bolsonaro de genocida na condução da pandemia. Neto não foi o primeiro. Órgãos do governo e instituições de Estado têm avançado contra professores universitários, estudantes, jornalistas e blogueiros num processo a que o professor de Direito da USP Conrado Hübner Mendes deu o nome de “Estado de Intimidação”. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa a esse respeito com a professora de Direito da Estácio Fabiana Santiago, autora de um livro sobre a Lei de Segurança Nacional, e com o doutor em Filosofia Fernando Schuler, do Insper. Ela resgata a história da LSN, dispositivo sobrevivente de seguidas ditaduras, e diz que, independentemente de qualquer outra consideração, é flagrante que a lei não se aplica aos casos em questão. “Isso viola a lógica da segurança humana e do Estado democrático de direito”. Estudioso do tema da liberdade de expressão, Schuler considera que “o país não sabe o que quer” nessa matéria. “E arrisco dizer: o Congresso não sabe, o Supremo não sabe. E o debate público é pobre”. Ele conclui: "Liberdade de expressão não dá para ser seletiva. Tem que ser para todo mundo".

Novo ministro, o mesmo Bolsonaro

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"Se o presidente pudesse, ele não tiraria o Pazuello", avalia a repórter da Globo Andréia Sadi, convidada de Renata Lo Prete neste episódio. Subserviente ao extremo, fiel executor da política do chefe de não-enfrentamento da pandemia, o terceiro ministro da Saúde do atual governo sobreviveu 10 meses, durante os quais os mortos por Covid saltaram de 15 mil para quase 300 mil. E o general teria durado mais, não fosse a reconfiguração política que começou com a sucessão nas Casas do Congresso e teve capítulo decisivo na semana passada, explica Sadi: “O Centrão está aproveitando o retorno de Lula para reconquistar ministérios que ocupou em outros governos”. No caso específico da Saúde, não só parlamentares, mas também governadores, prefeitos e ministros defendem uma completa mudança de rumo -que ninguém se arrisca a dizer se virá com o médico Marcelo Queiroga. Confirmada no início da noite desta segunda-feira, a escolha do presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, figura próxima do filho mais velho do presidente, causou menos impacto do que a recusa da convidada anterior, a também cardiologista Ludhmila Hajjar. Alegando "incompatibilidade técnica", ela deixou claro que não teria autonomia, além de relatar as ameaças que sofreu de apoiadores do presidente.

A vida na linha de frente da vacinação

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“A gente sempre dá um jeito”, resume Mayane Brito, 32 anos, enfermeira numa unidade de Saúde da Família em São José de Espinharas, interior da Paraíba. De carro, moto, barco ou mesmo atravessando rio a pé, com a caixa de doses sobre a cabeça, ela tem chegado até os idosos da zona rural para imunizá-los contra a Covid-19. É recebida com entusiasmo e confiança. “Porque a vacina traz isso mesmo: uma esperança”, diz. A história de Mayane, contada neste episódio, é a de milhares de profissionais que, atuando na porta de entrada do SUS, fazem com que a vacinação aconteça nos pontos mais remotos do país, não deixando nenhum brasileiro para trás. Eles já cumpriram essa missão com sucesso em diversas campanhas, e só temem mesmo a escassez de doses -fruto da falta de planejamento e de sentido de urgência por parte do governo federal. É disso que trata Ligia Bahia, especialista em saúde pública e professora da UFRJ, na entrevista a Renata Lo Prete. Ela entende a aflição de governadores e prefeitos, mas receia que a compra descentralizada de doses, agora liberada, venha a criar uma “fila dupla”, em prejuízo de regiões com menos recursos. A vacina, lembra Ligia, tem que ser como o verso da canção de Milton Nascimento: “ir aonde o povo está”.

Como ficou a PEC Emergencial

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A emenda à Constituição que permitirá a volta do auxílio emergencial foi finalmente aprovada pelo Congresso, mas bastante despida dos mecanismos de controle de despesas que a equipe de Paulo Guedes pretendia implantar. “O fogo amigo veio de dentro do próprio governo", conta Valdo Cruz, jornalista da GloboNews em Brasília, um dos convidados de Renata Lo Prete neste episódio. Participa também o economista Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente. Valdo relembra como a proposta nasceu, tramitou e foi esvaziada. "A mudança era para ter sido mais profunda. O governo teve que ceder para evitar uma derrota maior", diz. Valdo explica o que falta para definir valores e duração do auxílio, que deve beneficiar bem menos brasileiros do que a temporada de 2020. “É uma medida para reduzir o desgaste do presidente", conclui. Do ponto de vista fiscal, Salto alerta: “Os impactos não são imediatos, e não se sabe os efeitos de medidas que só serão acionadas em 2025. É muito distante do que foi prometido”. Ele aponta que o texto aprovado abre brecha para novos gastos no Orçamento do próximo ano - “a despesa sobe de escada, e o teto, de elevador”, ironiza. E lembra que o novo auxílio, que custará R$ 44 bilhões e está fora do teto de gastos, poderia ter sido implementado muito mais rapidamente, via crédito extraordinário.

São Paulo de joelhos diante da Covid

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“Estamos enxugando gelo no calor". É assim que o médico Márcio Bittencourt define a situação do sistema hospitalar no Estado mais rico do Brasil. Mestre em saúde pública e integrante do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP, ele é um dos entrevistados de Renata Lo Prete neste episódio, ao lado de Ismael Pérez Flores, intensivista em dois hospitais da capital. Ambos mostram como São Paulo, que com muito esforço conseguiu se manter à tona na primeira onda, sucumbiu nesta, e agora assiste impotente à morte de doentes na fila por vaga nas UTIs. Márcio alerta que abrir leitos é urgente, mas igualmente importante é radicalizar o distanciamento e os demais cuidados, para reduzir o contágio. E chama a atenção para o aumento do número de jovens sem comorbidades entre os casos graves. "Pacientes de 22 anos intubados. Mãe internada com filho, gente que perdeu familiar e ainda não pudemos contar". Ismael vai na mesma linha, relatando o impacto, sobre os profissionais da saúde, da perda de pacientes nessas condições. Ele diz ainda o que sente ao ver a história se repetir - e de maneira mais grave. "Frustrante. Em nenhum momento a gente saiu da pandemia”.

Brasil: celeiro de Covid, ameaça global

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Além da OMS, vários países deram o alerta: enquanto a transmissão do novo coronavírus estiver fora de controle aqui, toda a América Latina e até regiões mais distantes seguirão sob risco. Os convidados de Renata Lo Prete neste episódio são Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo, e Mathias Alencastro, doutor em Ciência Política e pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Ethel explica como o Brasil se tornou terreno fértil para novas variantes do Sars-CoV-2: “Cada vez que o vírus é transmitido, a gente dá a ele a chance de fazer uma mutação". Para ela, "a preocupação é com o que ainda está por vir". A epidemiologista resgata ainda importantes ações de controle, como as adotadas em Wuhan no início de 2020. E compara: “Nós não tomamos nenhuma medida, e continuamos como se nada estivesse acontecendo". Mathias Alencastro analisa o custo para o país no longo prazo. "Estamos num contexto internacional em que os diplomatas são tão importantes quanto médicos e enfermeiros". Ele lembra a crise global na busca por vacinas e a relevância de negociações neste momento da pandemia. E aponta como os brasileiros terão que lidar com um "passaporte desvalorizado" para viagens de turismo, estudos e negócios.

Lula livre para a eleição de 2022

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A decisão caiu como uma bomba na tarde da segunda-feira: o ministro do STF Edson Fachin resolveu, sozinho, anular todas as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato, o que devolve ao ex-presidente a condição de ficha limpa e lhe permite participar da próxima sucessão. “Fachin concordou com o que a defesa sempre disse: que as investigações não tinham a ver com a Petrobras, e portanto, não deveriam ficar na 13ª Vara de Curitiba, onde atuava Sergio Moro", explica o jornalista Felipe Recondo a Renata Lo Prete neste episódio. Repórter do Jota, veículo especializado em notícias jurídicas, e autor de um livro essencial sobre o Supremo (“Os Onze”), Felipe detalha a decisão de Fachin, inclusive no que se refere a Moro - o ministro considerou que as ações de contestação à imparcialidade do ex-juiz agora perdem a razão de ser. E prevê o que acontecerá quando o plenário analisar o despacho de Fachin: “O cenário de reversão é improvável". Participa também o sociólogo Celso Rocha de Barros. É ele quem analisa os efeitos eleitorais da anulação para o próprio Lula e para os demais pré-candidatos. No terreno que vai do centro à esquerda, "Ciro Gomes vai ter que correr para montar sua coalizão". Ele pondera ainda que, numa eventual polarização Bolsonaro-Lula, o atual presidente pode ver o apoio do Centrão ruir, a depender de sua taxa de aprovação mais adiante. "Se Bolsonaro conseguir se segurar, repete-se o desenho de 2018. Mas em condições piores para Bolsonaro".

Mulheres, as mais prejudicadas na pandemia

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“Minha barraca, às 5h da manhã já tava aberta. E até 20h30 da noite eu já fiquei nessa barraca. Mas aí, pronto, veio a pandemia”. Essa era a rotina de Elisangela Amâncio, de 46 anos, que todos os dias vendia cachorro-quente no bairro de Itapuã, Salvador. Ela é uma das milhões de mulheres que perderam emprego e renda durante a pandemia – e que também perdeu um ente querido, seu irmão, para a Covid. A retração nos empregos afetou sobretudo o gênero feminino: já são mais mulheres fora do mercado de trabalho do que dentro, o maior recuo em 30 anos, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Neste episódio do Dia Internacional das Mulheres, Natuza Nery ouve a história de Elisangela e conversa com a economista Juliana de Paula Filléti, professora e pesquisadora do Núcleo de Pesquisas de Economia e Gênero da Facamp. Elisangela conta tudo que passou nos últimos meses: a impossibilidade de trabalhar, o luto pela morte do irmão, os filhos sem aulas online, a dificuldade financeira e a depressão que a acometeu – uma pesquisa da USP informa que 40,5% das mulheres brasileiras apresentaram sintomas de depressão em algum momento da pandemia. “O pior é querer trabalhar e não poder. E também o medo de sair na rua, passei por uma quase depressão e só voltei agora a fazer minhas coisinhas”, relata. Juliana detalha o custo da sobrecarga do trabalho doméstico, detalha o impacto do fim do auxílio emergencial e explica a relação entre crise no setor de serviços e o desemprego entre mulheres – sobretudo, as negras. “Elas são maioria nas vagas de trabalho mais precárias”, diz.

Máscaras: a importância no descontrole da Covid

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Pelo sexto dia seguido, a média móvel de mortes bateu recorde no Brasil. Na quinta-feira (4), foram 1.361 óbitos na média dos últimos sete dias. E enquanto a vacinação segue insuficiente e novas variantes, mais contagiosas, se espalham pelo país, é importante reforçar medidas de proteção. Distanciamento social e uso de máscaras. “A inalação de gotículas é a via mais importante de transmissão. E a ideia da máscara é reduzir esse mecanismo”, resume Vitor Mori, doutor em engenharia biomédica e pesquisador na Universidade de Vermont, nos Estados Unidos. Neste episódio, Vitor explica a Natuza Nery, ponto a ponto, a importância de sempre, em qualquer ocasião, usar máscaras. “Se puder, fique em casa. Se tiver que sair, prefira ficar ao ar livre. Agora, se for inevitável ficar em ambiente fechado, use máscara de melhor qualidade”, recomenda. As do tipo PFF2 são as que garantem melhor nível de proteção, podem ser compradas por menos de R$ 5 a unidade e permitem reuso. O CDC dos Estados Unidos sugere também o uso combinado de máscara cirúrgica com máscara de pano – juntas, garantem o bloqueio de mais de 90% de partículas do ar. Vitor explica também como testar a qualidade de uma máscara e os melhores procedimentos de limpeza.

Como é sentir na pele o colapso na Saúde

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“A equipe médica falou: ‘ele precisa de um leito’. E não tem”. Matheus Magalhães, de 30 anos, passou mais de 24 horas atrás de uma vaga de UTI para o pai, que já estava com mais de 50% do pulmão comprometido pelo coronavírus. Ivanildo, de 71 anos, foi infectado dias antes, quando tratou de uma perfuração no intestino em um hospital de Natal, capital do Rio Grande do Norte – onde a ocupação dos leitos para Covid chega a 100%. A piora no quadro clínico de Ivanildo desesperou a família. “Tentei ser forte, não sei se consegui. Por mais que soubesse que ele poderia esperar mais um pouco por um leito, não via luz no fim do túnel”, se emociona Matheus. Neste episódio, ele relata a Natuza Nery a saga do pai até a entubação em um hospital militar de Recife. Participa também a enfermeira Stephanie Pinheiro, de 25 anos, que trabalha no Centro de Terapia Intensiva de um hospital privado de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul – estado que também chegou a mais de 100% de ocupação de leitos de UTI. “A gente passou por muitas dificuldades em um ano de pandemia, mas, de fato, a gente nunca enfrentou algo como estamos enfrentando hoje”, diz. Stephanie conta como é o dia a dia dos profissionais de saúde diante da escassez de vagas e de recursos, e relata como são tomadas as decisões mais difíceis, como a entubação de um paciente. “A parte mais dolorosa é lidar com a família, porque quem morre de Covid morre sem ver os familiares”, conta. “No trabalho, às vezes a gente vai no banheiro e chora, desaba ali. Mas na frente da equipe a gente demonstra mais força do que a gente tem.”

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